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Exportadoras são responsáveis pelo bom desempenho económico do país

“O desempenho das empresas exportadoras é extraordinário, sobretudo em face da conjuntura europeia e mundial, mas os mercados internacionais estão cada vez mais competitivos, e, Portugal perde em várias dimensões, desde a carga fiscal aos custos de contexto”, considera Gonçalo Lobo Xavier.

Filipe S. Fernandes 25 de Setembro de 2023 às 14:00
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"Não obstante o crescimento notável das exportações nos últimos dez anos, apenas cerca de 15% das empresas exportam (se a definição fosse estrita, seriam apenas 6%). Como é óbvio, se da exportação passarmos para a internacionalização propriamente dita, o número é ainda mais reduzido, não devendo chegar a 1%", adverte Alberto Castro, professor da Universidade Católica do Porto, e membro do júri dos Prémios Exportação e Internacionalização, uma iniciativa de periodicidade anual do novobanco e do Jornal de Negócios, em parceria com a Iberinform Portugal.

Em 2022 a exportação de bens e serviços atingiu os 119,99 mil milhões de euros, quase dobrando o registado em 2012, que foi de 64,5 mil milhões de euros. No primeiro semestre de 2023, a exportação de bens e serviços chegou aos 62,2 mil milhões de euros, mais 10,2% face ao mesmo período de 2022, segundo dados do Banco de Portugal.

"A performance é extraordinária, sobretudo em face da conjuntura europeia e mundial. Revela sobretudo uma capacidade de resiliência das empresas se reinventarem", sublinha Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição). Acrescenta que "é importante continuar a diversificar mercados e manter a inovação como fator diferenciador porque os mercados internacionais estão cada vez mais competitivos, e, Portugal, perde em várias dimensões, desde logo, a carga fiscal e os custos de contexto".

Resistência e resiliência

"A taxa de crescimento das exportações depende dos efeitos da gestão e das estratégias das empresas mas também de circunstâncias menos controláveis", reflete Luís Palha da Silva, presidente executivo da Pharol SGPS. Em relação ao papel das empresas no futuro a médio prazo, considera que seguirá a tendência da procura de valor acrescentado e a crescente presença de investimento estrangeiro vocacionado para os mercados externos.

Mas Luís Palha da Silva diz que "há que contar com certas influências exógenas menos positivas. Por exemplo, as políticas públicas seguidas em Portugal, nomeadamente no capítulo fiscal, impondo níveis de crescimento inferiores às da generalidade dos nossos concorrentes, empurram as empresas para a internacionalização das suas atividades mas não forçosamente para o crescimento das exportações".

Mais do que políticas públicas de incentivo, Portugal precisa de ter condições de mercado para exportar mais e ser competitivo. Gonçalo Lobo Xavier
Diretor-geral da APED 
Na análise de Luís Palha da Silva "o setor exportador português, mesmo tendo em conta as envolventes macroeconómicas dificilmente previsíveis dos últimos anos, tem manifestado forte resistência". Na sua opinião as linhas de resistência foram a diversificação de mercados, a procura de segmentos de maior valor acrescentado em cada negócio e, em alguns casos, de aumento de escala.

Salienta, ainda, que, em muitos casos, "impôs-se o instinto de sobrevivência e a tradicional capacidade de adaptação nacional; noutros, provavelmente a maior parte, houve uma consciente e profunda análise estratégica e as empresas souberam variar na procura de mercados, dirigir-se eficazmente aos de maior valor e aproveitar as novas tecnologias a seu favor".

A elite das exportadoras

Existem vários estudos que mostram que "as empresas envolvidas no comércio internacional apresentam, em média, margens mais altas. Sabendo-se que esse envolvimento acarreta mais concorrência, logo mais exigência, a conclusão é óbvia: são as empresas mais competentes as que acabam por sobreviver nesse ambiente mais competitivo", refere Alberto Castro.

Segundo Luís Palha da Silva, "velocidade de reação, aproveitamento das oportunidades de mudança e a melhor preparação dos gestores marcaram as empresas mais bem-sucedidas no domínio da exportação". Por sua vez, Gonçalo Lobo Xavier elenca as características comuns às empresas exportadoras "responsáveis por grande parte do recente bom desempenho económico do país" e que são a base do seu crescimento.

Conta-se a inovação constante em processos e em produtos, a visão e a capacidade de risco associada a investimento, a aposta em mercados diversificados, e o reforço da formação dos recursos humanos. "Não é fácil manter estas características de forma constante mas só assim temos empresas bem-sucedidas", sublinha Gonçalo Lobo Xavier.

É desta elite de empresas que surgem as que se destacam e merecem "ser reconhecidas, premiadas" pelos Prémios Exportação e Internacionalização, que vão na sua 13.ª edição. Como explica, Alberto Castro, se "ver para crer" é a maneira de estar dos empresários mais céticos, avessos ao risco, a divulgação desses exemplos de excelência constitui-se numa "ação de demonstração" que se espera que estimule outros a segui-lo".


| O balanço de 12 edições dos prémios

Nestas 12 edições dos prémios exportação e internacionalização "tem havido, ao mesmo tempo, uma certa estabilidade e renovação" e há cada vez mais empresas que nascem de olhos no mundo global, garante Alberto Castro, professor da Universidade Católica do Porto, e membro do júri dos Prémios Exportação e Internacionalização desde o início da iniciativa em 2012.

Existe renovação, o que mostra que não é um clube fechado e que há empresas, empresários e gestores que foram fazendo o seu caminho. Alberto Castro
Professor da Universidade Católica do Porto 
"A estabilidade constitui evidência que, ultrapassado um certo limiar, com mais ou menos sobressalto, as empresas de excelência continuam a sê-lo, ano após ano", disse Alberto Castro. Por outro lado, "existe renovação, o que mostra que não é um clube fechado e que há empresas, empresários e gestores que foram fazendo o seu caminho - ‘o caminho faz-se ao andar’, dizia o poeta -, construindo competências, posicionando-se, ganhando o seu lugar no mercado", assinalou Alberto Castro. "Para se perceber essa renovação é preciso descer ao nível da empresa: mesmo que a diversificação não surja na análise setorial, o que as empresas propõem é, não poucas vezes, muito diferente de anteriores premiados", analisa Alberto Castro.

A sua desilusão nestes 12 anos está no facto de haver "uma certa retórica sobre o novo empreendedorismo de base tecnológica, mas não são muitos os casos de sucesso que se podem patentear nesse campo e a renovação fica aquém do que se poderia esperar".

O júri dos prémios  O júri é constituído por Alberto Castro, professor da Universidade Católica do Porto, Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição, e Luís Palha da Silva, presidente do Conselho de Administração e Administrador Delegado, Pharol, SGPS.

Candidaturas abertasEstão abertas as candidaturas para a 13.ª edição dos Prémios Exportação & Internacionalização, uma iniciativa do Jornal de Negócios e do novobanco em parceria com a Iberinform Portugal, com o objetivo de promover o sucesso das empresas nacionais nas exportações e nos negócios internacionais. Os Prémios Exportação distinguem as empresas com melhor performance exportadora, enquanto nos Prémios Internacionalização se premeiam os casos de sucesso na internacionalização, e serão entregues numa cerimónia a realizar a 7 de novembro de 2023.
https://premiosexportacaoeinternacionalizacao.negocios.pt/ 
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