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Crescimento num mundo de ameaças abolicionistas do álcool

O ano passado foi o melhor ano da empresa em termos de volume de negócios com vendas consolidadas de 347 milhões de euros, um crescimento acima dos 10%.

Filipe S. Fernandes 13 de Outubro de 2023 às 14:30
Produção e engarrafamento da Sogrape
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Em 2022 a Sogrape registou o melhor ano de sempre em termos de vendas consolidadas do Grupo com um volume de negócios recorde de 347 milhões de euros, com um crescimento acima de 10%. Isto "apesar do contexto macroeconómico mundial e de todas as adversidades que este trouxe, a Sogrape terminou 2022 com uma performance muito positiva, acompanhada de uma rentabilidade sólida", sublinha João Gomes da Silva, administrador executivo da Sogrape, empresa que venceu o Prémio Internacionalização na categoria Setor Estratégico: Vinho, na 12.ª edição dos Prémios Exportação & Internacionalização, referente a 2022, uma iniciativa do Jornal de Negócios e do Novo Banco, em parceria com a Iberinform Portugal.

O crescimento foi transversal ao portefólio de marcas e na maioria dos mercados onde a Sogrape está presente. O efeito cambial positivo, nomeadamente a valorização do dólar americano, moeda de exportação relevante para a Sogrape, também contribuiu para o crescimento em 2022.

Estes números ainda foram afetados com a suspensão dos embarques para a Rússia, que era o terceiro mercado do vinho Mateus e o oitavo da Sogrape, e que foi compensado com crescimento noutros mercados. João Gomes da Silva destacou "o excelente desempenho em mercados externos relevantes, como os EUA e o Reino Unido, onde as nossas distribuidoras locais apresentaram recordes de vendas, bem como os resultados muito positivos nos mercados de Angola, Roménia e travel retail".

Nesta onda de crescimento, o gestor da Sogrape sublinhou o recorde de vendas no mercado português com um crescimento de 17% em 2022, tendo sido um dos mercados onde a Sogrape mais cresceu no ano anterior. Em 2022, o mercado português representou 22% das vendas totais do Grupo.

Ameaças abolicionistas

Em relação a 2023 João Gomes da Silva afirma que já antevia que "iria ser um ano muito exigente e desafiante, marcado pelas correções de inventários na cadeia de abastecimento, a instabilidade geopolítica, o cenário inflacionista e de aumento das taxas de juro, com a consequente pressão sobre o poder de compra e consumo".

No primeiro trimestre do ano deu-se a uma contração generalizada nos vários mercados, o que naturalmente se refletiu nos resultados da Sogrape, mas o objetivo é terminar este ano com um crescimento de vendas face a 2022.

Um dos desafios para o futuro é perceber como é que a União Europeia chegará para limitar o consumo de bebidas alcoólicas, com inúmeras propostas incluindo a colocação de rótulos de aviso aos efeitos do consumo como acontece no tabaco, uma iniciativa autónoma da Irlanda em matéria de requisitos próprios de rotulagem do vinho. João Gomes da Silva reconhece que "poderá ter um enorme impacto no setor, ameaçando a sobrevivência de um vasto número de empresas com profunda ligação à atividade económica de regiões já de si normalmente frágeis".

Na sua opinião, "o regime legal proposto pela Irlanda insere-se por outro lado no movimento generalizado que extravasa a própria União Europeia e que pretende implementar medidas restritivas, provavelmente de caráter abolicionista, sobre o consumo de vinho e demais bebidas alcoólicas. Movimento esse que apresenta argumentos que carecem de evidência científica".

Acrescenta que "a Sogrape possui um compromisso muito forte com o consumo moderado e responsável de vinho, que faz parte da dieta mediterrânica. Um compromisso forte, que é para manter. É por isso que a Sogrape é membro fundadora do Programa Wine in Moderation desde 2008 e do Fórum Nacional de Álcool e Saúde desde 2010".
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