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À primeira vista, até pode parecer estranho num debate sobre "O papel da inovação na evolução das organizações e do País" um dos oradores convidados ser uma sociedade de advogados. Sobretudo porque, demasiadas vezes, a inovação está associada à tecnologia e à ciência. Errado, diz Fernando Resina da Silva, sócio responsável pela área de Propriedade Intelectual Transacional da VdA. "O setor da advocacia em Portugal é muito inovador, em matéria tecnológica, mas não só, também nos produtos e serviços que desenvolve", explicou no debate dedicado à tecnologia "O papel da inovação na evolução das organizações e do País" da segunda Talk do Prémio Nacional de Inovação, uma iniciativa que junta o Negócios, o BPI e a Claranet, em parceria com a Nova SBE e a Cotec Portugal.
Postura disruptiva
A importância da co-inovação
Na Claranet, a inovação está na raiz da organização. A empresa começou como uma startup, tendo depois ocorrido o que Alexandre Ruas, executive director operations da Claranet Portugal, apelidou de escalada de inovação. Nesta sua jornada, a tecnológica sustenta-se em dois eixos. Um deles é a inovação interna, "para nos tornarmos mais resilientes, competitivos, sustentáveis e eficazes". Outro eixo é a co-inovação no sentido de serem um veículo que aporta valor aos clientes e parceiros, "mais focado na tecnologia pois esse é o nosso ‘core’, o nosso ADN e onde temos mais know-how".
A nova fase da internet
O metaverso é uma das temáticas nas quais o BPI tem vindo a trabalhar. Teresa Sousa admite que o desafio agora é perceber até que ponto este vai ser um novo canal de comunicação com os clientes. "Quando surgiram os smartphones e apps, a banca estava focada em desenvolver soluções de homebanking porque não acreditava que as pessoas iam utilizar um ecrã tão pequenino para fazer as suas operações bancárias. Fomos rapidamente ultrapassados por novos players do mercado, 100% digitais e sem presença física. Não queremos cometer os mesmos erros do passado", explicou a gestora. "Estas tecnologias estão a ter muita adoção, queremos testar a tecnologia e perceber os ‘use cases’". O banco está agora a testar novas funcionalidades, nomeadamente a da interação, em que é possível reunir com o gestor de cliente. "Queremos ainda trazer os nossos parceiros e ajudá-los a dar o primeiro passo no Metaverso. Queremos crescer juntos". Blockchain, ativos digitais e NFT são outros pontos de foco do BPI, a par de mundos virtuais como o Fortnite, onde o CaixaBank, por exemplo, já tem o Imagin bank.
Uma visão para a sustentabilidade
A lei tem de ser célere
Todas as novas tecnologias trazem, e sempre trouxeram, desafios à lei, desde big data, Internet das Coisas, redes sociais ou metaverso. Como deve reagir a lei? Fernando Resina da Silva, sócio responsável pela área de Propriedade Intelectual Transacional da VdA, admite que "a lei não deve reagir antes". Pelo contrário. Defende que deve primeiro existir um período de maturação da própria tecnologia, mas que imediatamente após haver um núcleo identificado de direitos que têm de ser preservados, nomeadamente dos cidadãos, deve surgir. "
A União Europeia tem aprendido muito com isso. Está agora a adotar a filosofia dos regulamentos, igual para toda a Europa" e aplicável a partir de determinada data. "Tivemos isso no Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados e estamos a ter no regulamento da Inteligência Artificial". Fernando Resina da Silva sustenta que a lei tem de andar rapidamente e, na medida do possível, não limitando o que é a sua utilização.
Queremos ter inovação no que fazemos, na forma como fazemos e para quem fazemos e assim garantir a nossa sustentabilidade. Fernando Resina da Silva
Sócio responsável da área de Propriedade Intelectual Transacional da VdA
Fernando Resina da Silva admite que na VdA a inovação tem papel de destaque há bastante tempo. Em 2012, a sociedade decidiu juntar aos quatro valores fundacionais com a vertente da inovação. "Há 10 anos que tomámos a decisão de ter a inovação como um dos principais alicerces da nossa atividade e posicionamento", comentou. Uma atitude explicada pela necessidade de sustentabilidade e pelo facto de o mercado onde a VdA atua estar muito ‘comodotizado’. "Queremos fugir disso. Queremos ter inovação no que fazemos, na forma como fazemos e para quem fazemos e assim garantir a nossa sustentabilidade. A inovação tem de ser um factor de diferenciação e de atratividade", comentou. "Sentimos isso, não só por parte dos clientes, mas dos próprios colaboradores. As pessoas querem vir trabalhar na VdA, não só advogados mas profissionais das áreas de gestão e suporte, porque sentem ser uma casa que inova e leva a sério a inovação". Exemplo disso é o Forum VdA Inovação e o Conselho Estratégico. "Estamos a conseguir utilizar a inovação como uma ferramenta para a nossa sustentabilidade".Sócio responsável da área de Propriedade Intelectual Transacional da VdA
Postura disruptiva
A nova postura da entidade bancária em relação à inovação trouxe uma visão de inovação disruptiva no sentido de olhar para todas as tendências - seja metaverso, blockchain ou ativos digitais - e perceber como se deve posicionar o banco posicionar perante estes novos desafios. Teresa Sousa
Manager do Centro de Excelência e Inovação e Novos Negócios do BPI
Igualmente representado no evento, o BPI fez uma forte aposta em inovação no último ano, materializada no Centro de Excelência e Inovação e Novos Negócios (CEINN) e no Centro de Excelência em Inteligência Artificial. "A inovação já existia mas estava muito centralizada nos vários departamentos, para além de ser mais focada numa inovação incremental, de produto", explicou Teresa Sousa, manager do Centro de Excelência e Inovação e Novos Negócios do BPI. "A nova postura da entidade bancária em relação à inovação trouxe uma visão de inovação disruptiva no sentido de olhar para todas as tendências - seja metaverso, blockchain ou ativos digitais - e perceber como se deve o banco posicionar perante estes novos desafios e perceber que produtos e serviços procuram os clientes". Exemplo disso foi o lançamento do BPI VR, centrado na realidade virtual, "que teve um feedback incrível", mencionou.Manager do Centro de Excelência e Inovação e Novos Negócios do BPI
A importância da co-inovação
Na Claranet, a inovação está na raiz da organização. A empresa começou como uma startup, tendo depois ocorrido o que Alexandre Ruas, executive director operations da Claranet Portugal, apelidou de escalada de inovação. Nesta sua jornada, a tecnológica sustenta-se em dois eixos. Um deles é a inovação interna, "para nos tornarmos mais resilientes, competitivos, sustentáveis e eficazes". Outro eixo é a co-inovação no sentido de serem um veículo que aporta valor aos clientes e parceiros, "mais focado na tecnologia pois esse é o nosso ‘core’, o nosso ADN e onde temos mais know-how".
É necessário construir agendas e programas mais direcionados para os diferentes setores, que andam a velocidades diferentes e têm necessidades distintas. Sílvia Maria Pires Garcia
Vogal Executiva da Agência Nacional de Inovação
Catalisar conhecimento traduzido em inovação é a missão da ANI - Agência Nacional de Inovação, que se posiciona na interface entre a academia e a indústria, abordando sobretudo a inovação disruptiva. "É no setor tradicional onde reside o maior desafio", admite Silvia Maria Pires Garcia, vogal executiva da ANI - Agência Nacional de Inovação. A responsável realçou "a necessidade de se construírem agendas e programas mais direcionados para os diferentes setores, que andam a velocidades diferentes e têm necessidades distintas". Aliás, a própria investigação e desenvolvimento "anda a velocidades diferentes". A responsável fez o paralelismo entre o setor das ciências da vida, da saúde e dos materiais, onde a investigação e desenvolvimento, inovação e transformação em produto anda em tempos completamente distintos do que, por exemplo, uma inovação tecnológica. "Uma desenvolve-se em meses, outra em anos". Vogal Executiva da Agência Nacional de Inovação
A nova fase da internet
O metaverso é uma das temáticas nas quais o BPI tem vindo a trabalhar. Teresa Sousa admite que o desafio agora é perceber até que ponto este vai ser um novo canal de comunicação com os clientes. "Quando surgiram os smartphones e apps, a banca estava focada em desenvolver soluções de homebanking porque não acreditava que as pessoas iam utilizar um ecrã tão pequenino para fazer as suas operações bancárias. Fomos rapidamente ultrapassados por novos players do mercado, 100% digitais e sem presença física. Não queremos cometer os mesmos erros do passado", explicou a gestora. "Estas tecnologias estão a ter muita adoção, queremos testar a tecnologia e perceber os ‘use cases’". O banco está agora a testar novas funcionalidades, nomeadamente a da interação, em que é possível reunir com o gestor de cliente. "Queremos ainda trazer os nossos parceiros e ajudá-los a dar o primeiro passo no Metaverso. Queremos crescer juntos". Blockchain, ativos digitais e NFT são outros pontos de foco do BPI, a par de mundos virtuais como o Fortnite, onde o CaixaBank, por exemplo, já tem o Imagin bank.
Uma visão para a sustentabilidade
A inovação tem de acontecer em todos os tentáculos da nossa organização. Temos uma equipa que tem como missão estimular a inovação da nossa organização. Alexandre Ruas
Executive Director Operations da Claranet Portugal
Uma visão que integre inovação é fundamental para a sustentabilidade das empresas, disse no evento Alexandre Ruas, executive director operations da Claranet Portugal, focando ainda a importância da liderança. "Cada empresa, adaptando à sua realidade, deve ainda criar um plano operacional". No caso da Claranet, foi criada uma área específica, o Claranet Labs, cujos recursos não residem apenas nesse laboratório. "Isto foi uma decisão de gestão. A inovação tem de acontecer em todos os tentáculos da nossa organização. Temos uma equipa que tem como missão estimular a inovação da nossa organização, acompanhado de um framework". O responsável mencionou ainda que sem orçamento não há inovação, enfatizando a necessidade de haver lugar à experimentação e, mais do que tudo, tolerância ao erro.Executive Director Operations da Claranet Portugal
A lei tem de ser célere
Todas as novas tecnologias trazem, e sempre trouxeram, desafios à lei, desde big data, Internet das Coisas, redes sociais ou metaverso. Como deve reagir a lei? Fernando Resina da Silva, sócio responsável pela área de Propriedade Intelectual Transacional da VdA, admite que "a lei não deve reagir antes". Pelo contrário. Defende que deve primeiro existir um período de maturação da própria tecnologia, mas que imediatamente após haver um núcleo identificado de direitos que têm de ser preservados, nomeadamente dos cidadãos, deve surgir. "
A União Europeia tem aprendido muito com isso. Está agora a adotar a filosofia dos regulamentos, igual para toda a Europa" e aplicável a partir de determinada data. "Tivemos isso no Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados e estamos a ter no regulamento da Inteligência Artificial". Fernando Resina da Silva sustenta que a lei tem de andar rapidamente e, na medida do possível, não limitando o que é a sua utilização.