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Portugal está a vender melhor?

Manuel Caldeira Cabral diz que “Portugal tem conseguido melhorar a forma como vende”. Por sua vez Pedro Ortigão Correia, administrador do AICEP, afirmou que “vendemos com cada vez mais qualidade”.

17 de Junho de 2015 às 10:00
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"Portugal não sabe vender o que tem de bom". É uma afirmação quase unânime, a que se acrescenta normalmente a falta de marcas e a capacidade de distribuição. No entanto, a realidade dos factos começa a mostrar um retrato, nem sempre muito nítido, mas a revelar que "Portugal tem conseguido melhorar a forma como vende", como refere Manuel Caldeira Cabral, professor da Universidade do Minho. Por exemplo, as exportações de vinho a granel passaram de 45,4% em 2011 para 29% em 2014 e o preço médio do vinho a granel foi de 77 cêntimos enquanto Espanha vendeu a 40 cêntimos e França a 80 cêntimos.


Recentemente Pedro Ortigão Correia, administrador do AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo), afirmou com alguma dose de entusiasmo que "vendemos com cada vez mais qualidade. Portugal exporta porque produz bem, não porque produz barato. Em Portugal produz-se o que há de melhor hoje em dia, e isso não se vai alterar no futuro próximo".


Manuel Caldeira Cabral modera o optimismo referindo que "há ainda muito trabalho a fazer para melhorar a forma como as empresas portuguesas se inserem nas cadeias internacionais de valor. Este é um trabalho que tem estado a ser feito pelas empresas, que têm reforçado os seus quadros na área internacional e têm feito um esforço notável para chegar aos mercados externos, mas é um trabalho que tem de ser feito também pelas associações sectoriais e pelas instituições públicas".


A internacionalização é um processo complexo porque implica muitas vezes inovação mas quase sempre eficiência, pois, como refere Manuel caldeira Cabral, "adicionar mais valor implica melhorar o produto e a capacidade de resposta, e isso tem de ser feito com melhorias tecnológicas, com maior inovação, com melhorias de gestão que permitam responder mais rapidamente, com sistemas de certificação e de qualidade que permitam responder a pedidos e a encomendas mais exigentes, e em alguns casos também com a afirmação de marcas e de produtos e serviços inovadores".


Neste aspecto, José Manuel Fernandes, presidente da Frezite, salienta que "no espaço das exportações ‘vender para lá’, e da internacionalização ‘estar lá’, a cooperação interempresarial é uma componente muito forte de sucesso, mesmo que a oportunidade de cooperação nos apareça até no nosso maior concorrente. Um concorrente tem de ser tido em conta como tendo poder diferenciador em relação a nós. Pode ter pequenas componentes disponíveis para a cooperação em que aquilo que damos pode ser pequeno em valor e que é também pequeno o que nos dão, mas que se transforma, no nosso cenário estratégico, em grande valor"

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