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O grupo Sousa consolida 67 empresas, e "é composto por uma grande equipa de 810 pessoas, faturamos em termos consolidados 153 milhões de euros", refere Luís Miguel Sousa, 58 anos.
O centro de gravidade está fora da Madeira, mas "o nosso centro de decisão ainda está no Funchal, tal como os serviços centrais de apoio às operações", explica. Adianta que um empresário, numa região insular periférica e de pequena dimensão, tem responsabilidades e atenções acrescidas "pelo impacto que temos, pela economia que geramos, pelos efeitos diretos e indiretos e pelos impostos que pagamos. Em especial, pelos nossos recursos humanos, onde somos cerca de 600, na Madeira, são muitas famílias".
O mar e as ilhas
"O nosso espaço preferencial de expansão são os arquipélagos da Macaronésia (Açores, Cabo Verde, Canárias e Madeira) pela afinidade natural", sublinha Luís Miguel Sousa e como base o portfolio de serviços, como o transporte marítimo, as operações portuárias, a logística e a energia. Mas, como acrescentou, disponíveis para "analisar outros mercados onde, designadamente em parceria, possamos levar a cabo operações comercialmente viáveis e sustentáveis, sem abandonar o foco da rentabilidade e da precaução".
A sua família sempre teve ligações aos negócios marítimos e em 1985 criou a sua primeira empresa, uma agência de navegação. Em 1989 ficou com a concessão da ligação do Funchal e Porto Santo, e aproveitou a crescente liberalização dos transportes e crescimento da logística para fazer da insularidade a força motriz da sua estratégia.
No ano seguinte comprou a Empresa de Navegação Madeirense (GS Lines) e criou o Operador Portuário da Madeira. Cinco anos depois Fundação da Logislink. Em 2010 deu-se a aquisição da Boxlines ao Grupo Sonae e de um novo navio porta-contentores, Funchalense 5, ajustado às necessidades e exigências do mercado.
O salto para o exterior
"Neste salto para o exterior da Madeira", como refere Luís Miguel Sousa, salienta-se a construção dos terminais logísticos da Logislink na Madeira e em Lisboa, "parte integrante de um conjunto de serviços door-to-- door, maioritariamente assegurado com meios próprios, conferindo uma elevada qualidade, robustez e segurança às operações diariamente asseguradas com os Açores e a Madeira, que pretendemos replicar noutras geografias". A que se juntam outras empresas de logística e a gestão, em parceria com o Grupo ETE, do TSA, operador portuário de carga contentorizada e geral no Terminal Multipurpose de Lisboa.
Na área dos transportes marítimos, destaca-se a compra ao Grupo Stanley Ho da PCi - Porltline Containers International, armador através do qual passaram a operar linhas marítimas regulares com Cabo Verde, Guiné-Bissau e as Canárias, e que tem quatro navios. Juntou-se à GS Lines ,que opera as linhas marítimas entre Portugal Continental, a Madeira e os Açores.
Um dos negócios destacados por Luís Miguel Sousa é a Lisbon Cruise Port, terminal de passageiros de cruzeiros, em que o Grupo Sousa, com 30%, está em parceria com a Global Ports Holding (GPH) (40%), Royal Caribbean Cruises (20%) e Creuers del Port de Barcelona (10%). É uma obra emblemática, que foi projetada pelo arquiteto Carrilho da Graça, e onde passaram, em 2018, quase 600 mil passageiros.
Sempre em movimento
"A reorganização do Grupo é permanente", afirma Luís Miguel Sousa. Em 2018 deu-se início a mais uma que se prevê concluída até 2021. "O objetivo é claro, reforçar o foco das operações no cliente, centralizar os serviços transversais de apoio às operações numa estrutura matricial ainda mais eficiente, e desmaterializar e otimizar os processos na máxima extensão possível", sublinha o empresário. O mercado do transporte marítimo está fortemente concentrado e os sete maiores armadores do mundo representam 75% da oferta global. "Estamos num setor muito competitivo, de capital intensivo e de livre acesso", acrescenta Luís Miguel Sousa.
O grupo Sousa opera ainda na área da energia e do turismo. Detém a Gáslink, que gere o "gasoduto virtual de gás natural" entre Sines e o Terminal da Empresa de Eletricidade da Madeira nos Socorridos/Madeira, em operação desde 2014, com mais de 7 mil operações realizadas, "o qual constitui um caso de estudo a nível internacional pelo pioneirismo, singularidade e dimensão, para além de ter vindo a proporcionar ganhos ambientais", como afirma Luís Miguel Sousa. Detém ainda a Windmad na produção de energia renovável eólica.
Luís Miguel Sousa teve sempre Porto Santo como um local para o seu lazer e foi um dos primeiros empresários a acreditar no potencial turístico da ilha. No turismo tem agências de viagens, hotéis em Porto Santo (Torre Praia, Luamar, Praia Dourada) e os restaurantes (Salinas, Pizza N'Areia, O Corsário e Ponta da Calheta).
As holdings Sousapar e Lumiso, detidas por Luís Miguel Sousa, controlam 80% do Grupo Sousa, estando o restante repartido pela Beta Sol (10%), do irmão Ricardo Sousa, e pela Rusamar, (10%), pertencente ao amigo Rui São Marcos, que até 2000 "desempenharam funções importantes no Grupo, no seu desenvolvimento inicial".
O retrato da empresa em números
10 navios.
140 mil contentores por ano.
1 Em cada 5 contentores operados pelo porto de Lisboa são transportados pelos navios do Grupo.
1 Em cada 9 contentores operados em Leixões são transportados pelos navios do Grupo.
340 mil passageiros transportados em inter-ilhas.
580 mil passageiros no terminal de cruzeiros de Lisboa.
87º no top 100 dos armadores mundiais com maior capacidade de transporte marítimo de contentores.
A paixão pelo mar
Luís Miguel Sousa nasceu no Funchal, tem 58 anos, e pertence a uma das famílias tradicionais na Madeira, tendo dois irmãos, Ricardo, que é seu sócio com 10%, e Dóris. Sempre teve grandes paixões, tanto pelo mar, nos negócios e no lazer, tendo praticado pesca submarina, como pela ilha de Porto Santo, onde tem os seus negócios no turismo.
Quando terminou o secundário voou para o Porto para ingressar na Faculdade de Medicina, mas a estadia durou apenas alguns dias. Mudou para o ISLA em Lisboa, onde se licenciou em Gestão.
Quando regressou ao Funchal em 1985 constituiu uma agência de navegação no Funchal, a partir de um pequeno negócio do avô e quatro irmãos, ligados aos transportes e navegação marítima. Mas "ninguém sai a saber nada da universidade", por isso a sua aprendizagem foi muito feita "on the job", referiu Luís Miguel Sousa.
Empresa e família
Como disse Pedro Rebelo de Sousa, o membro do júri que apresentou o premiado, Luís Miguel Sousa"é um workaholic, não tem vícios, além de fumar, trabalha muito, vive para a empresa e a família". Nunca aceitou os convites feitos para a carreira política nem para cargos no setor bancário.
Vive a sua paixão maritimista, sendo presidente da assembleia geral do Marítimo Sport Club.
É empresário e sente-se bem na sua pele. "Num país que tem muitos e reputados empresários, que ao longo dos anos e das décadas têm sabido encontrar o caminho da excelência, do mérito, da competitividade e da inovação, e que têm vencido os desafios num mercado cada vez mais global e exigente", referiu no discurso de aceitação do prémio.
Como contou em 2018 ao Expresso, o nome do seu grupo nasceu "de fora para dentro". Toda a gente lhe chamava Grupo Sousa antes de ser o nome oficial da empresa. "Se já o tratavam assim, não havia necessidade de desperdiçar uma marca já criada", concluiu Luís Miguel Sousa.
Vive a sua paixão maritimista, sendo presidente da Assembleia-Geral do Marítimo Sport Clube, liderado por Carlos Pereira, que tem sido parceiro de alguns negócios, e preside à Agência Regional da Energia da Madeira. Tem 3 filhas Laura, Rebecca, e Raquel.