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Liderança feminina, a diferença e o mito

Na liderança das empresas e das organizações querem-se "os melhores e os mais talentosos", diz Maria Antónia Torres, membro do board e líder da diversidade na PwC Portugal.

16 de Março de 2016 às 10:28
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Refere a importância para as organizações de lideranças diversas e sublinha que "retirando 50% da população activa da equação (as mulheres) necessariamente não podemos estar com a melhor liderança que seria possível nas organizações".

Como diz Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, "o que está demonstrado é que organizações que promovam a diversidade são as mais resilientes, pelo que o importante é conseguir captar e reter talentos, independentemente do género".

Maria António Torres vê nas mulheres líderes que conhece algumas características que diferenciam as suas lideranças. Assinala "a coragem no assumir de posições e na tomada de decisão, a capacidade de ver a árvore mas também a floresta, e o guiar-se por uma agenda que é menos pessoal e mais da organização". No futuro, com o aumento de mulheres em posições de topo acredita que o tipo de liderança feminina vai ser menos homogéneo.

Madalena Cascais Tomé, que reúne a experiência da gestora e a reflexão sobre as questões do género, considera que "as mulheres têm skills inatos diferentes dos homens" como a capacidade de fazer várias tarefas com sucesso em simultâneo ou de analisar os temas com mais detalhe, com uma perspectiva relacional, garantindo uma percepção mais abrangente e profunda das suas implicações, que é útil na tomada de decisão e de risco. Acrescenta ainda a "inteligência emocional, um elemento muito útil em situações mais desafiantes, e fundamental para potenciar os resultados em equipa".

A líder da SIBS não deixa de assinalar que, muitas vezes, "quando as mulheres chegam a determinada posição, e porque fizerem um caminho mais duro, são tendencialmente melhores, mais focadas em resultados e mais determinadas e persistentes na sua concretização".

Por sua vez Sara Falcão Casaca, professora do ISEG e investigadora na área do Género, Trabalho e Organizações, distancia-se desta visão. Diz que "as mulheres e os homens adoptam em geral estilos muito próximos em contextos organizacionais com características semelhantes".

Acentua que é um mito pensar-se que os homens são de Marte e as mulheres de Vénus, que os cérebros funcionam de forma distinta e que existem estilos de gestão e de liderança diferentes. E é nisto que se funda a retórica da complementaridade em que a mulheres teriam "um estilo de liderança transformacional (mais orientado para as pessoas, a participação, o diálogo...); eles, porque naturalmente têm um estilo mais transaccional, são mais focados nos objectivos estratégicos, mais centralizadores, mais negligentes com as relações humanas" afirma Sara Falcão Costa.

A professora do ISEG refere a investigação recente de Gina Rippon, neurocientista e professora da Universidade de Aston (Birmingham) que tem a tese de que as diferenças de género não são inatas e decorrem fundamentalmente da influência de concepções estereotipadas. 

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