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Aumento do peso das exportações é "notável"

O auditor e gestor da PwC refere que os prémios Excellens Oeconomia querem destacar empresas e personalidades que possam ser emuladas e admiradas, sobretudo num contexto económico e social difícil que Portugal atravessa.

02 de Junho de 2014 às 11:44
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António Brochado Correia, gestor da PwC

 

 

Os prémios Excellens Oeconomia para a melhor empresa e para a personalidade mais marcante de 2013 têm por objectivo destacar os casos exemplares. É essa a sua importância pois como refere António Correia, "muitas foram as pessoas e as empresas que ao longo da história do país, em momentos-chave das nossas vidas, tiveram impactos-chave na evolução positiva da história. Esse mérito, exemplo, influência positiva nas pessoas e na economia nacional, sendo reconhecido, divulgado, muitas vezes analisado e até estudado, faz com que a vida das pessoas globalmente melhore e o país evolua. Esta é a importância deste prémio".


Portugal atravessou uma das maiores crises económicas e financeiras dos últimos 50 anos. Temos hoje um melhor tecido empresarial? A crise não terá desfeito alguns projectos empresariais interessantes?
Seguramente a crise e a falta de financiamento terão adiado ou mesmo acabado com alguns sonhos e projectos empresariais interessantes, embora acredite que a resiliência e a tenacidade desses empreendedores possam voltar e o sonho volte a renascer e ser uma realidade. Quanto às empresas, todo o momento de crise e escassez de recursos leva-nos a uma reflexão de como fazer melhor, diferente, alterar pressupostos, tendo em vista melhores resultados. Os empresários portugueses revelaram uma capacidade imensa em descobrir novos caminhos nos ganhos de eficiência e nos roteiros internacionais, e isso é notável.


Quais são as principais características das empresas que melhor reagiram à crise?
Há muito tempo que gerem com disciplina e rigor, mesmo "austeridade", na sua eficiência organizacional. Assumem o mundo como plano global de negócios e expansão das suas actividades, focalizando-se nas partes geográficas mais adequadas ao perfil do seu negócio e contam com o talento adequado a esta postura de gestão. Costumo dizer que qualquer bom governo nas empresas só pode ser tão bom como quem o põe em prática.


Quais foram os sectores industriais que reagiram melhor a esta crise?
Todos aqueles que se foram preparando melhor ao longo dos anos e, aquando da crise, o seu estágio de desenvolvimento e maturidade permitiu melhor absorver os impactos, bem como os que contam com maior vocação exportadora, uma vez que, apesar da crise, no mundo vários foram os países que continuaram a crescer e de forma significativa.


Que balanço da performance das nossas exportações?
Subir mais de 10 pontos percentuais no peso das exportações no nosso PIB é notável e é o caminho que temos de continuar a percorrer. Devemos ainda chegar a 50 ou 60% do PIB, fundamental para um país que tem um mercado interno relativamente pequeno e está muito aberto ao mundo. Um dos sectores que destacaria pela positiva nos últimos anos é o designado de indústrias tradicionais, como, por exemplo, o calçado, o têxtil, mas também os moldes e a cerâmica que têm feito percursos fantásticos de contributo para a economia nacional e para o emprego.

 

Como é que explica a resiliência de sectores tradicionais como os têxteis, o calçado e até a agro-indústria?
Nos têxteis e no calçado, porque hoje Portugal tem já uma marca que é reconhecida como sinónimo de qualidade, o que não era assim há 10 anos. No agro-industrial, porque Portugal tem condições na Europa únicas para o crescimento deste sector na nossa fileira industrial, mas a área utilizada para este fim era ainda muito pouca em face da disponível, pelo que há neste sector margem para crescimentos elevados, porque temos área, condições geográficas e muitos jovens empresários com vontade de entrar neste sector.

 

Portugal precisa de investimento directo estrangeiro. O que é que se deve fazer para se tornar um país atractivo?
Deve, em primeiro lugar, fazer uma boa promoção além-fronteiras das nossas qualidades para essa captação, que são boas, mas nem sempre bem percepcionadas por quem pretende investir. Neste campo é fundamental que Portugal suba nos rankings internacionais em que muitas vezes fica mal classificado nas regras de investimento estrangeiro, na burocracia, na flexibilidade laboral, etc... Na hora de investir e escolher a localização, a análise de investimento passa por esta fase. Penso que tem estado a ser feito um trabalho de diplomacia económica bem feito, tem havido alterações em algumas áreas internas que melhoram nitidamente a capacidade de captação de investimento e Portugal tem de facto condições óptimas para se investir e para se viver. Há que passar bem esta mensagem aos potenciais investidores.


Há algum sector em que IDE seja mais premente?
Seguramente o que gera mais emprego. Qualquer que seja, o mais e o menos qualificado, temos muitos desempregados cuja qualificação não é alta e também precisam de ocupação. 

 

 

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Perfil


Especialista em performance


António Brochado Correia, 44 anos, é sócio membro do Territory Leadership Team da PwC em Portugal com a responsabilidade na área de Mercados e Clientes. Licenciado em Administração e Gestão de Empresas pela Universidade Católica (UCP), é revisor Oficial de Contas desde 1999. Nas áreas de consultoria, é responsável pelo Performance Improvement, onde se incluem responsabilidades nas áreas da Eficácia Financeira, Governance (incluindo a sustentabilidade), Riscos e Controlos. É responsável de auditoria nos grupos Amorim, Efacec, ETE, Ferpinta, Galp Energia, TMG e Unicer.

 

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