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Estes planos surgem depois de em 2016 ter tido o melhor ano de sempre com um volume de negócios de 360 milhões de euros, que em 2017 deve aproximar-se dos 400 milhões de euros. Com 1,1 mil milhões de euros em activos, hoje o Pestana Hotel Group é o maior grupo hoteleiro multinacional de origem portuguesa, com 5 mil colaboradores em Portugal e 2 mil nos outros países. Detém e gere 90 hotéis, totalizando mais de 11.800 quartos em 15 países e quatro continentes.
As raízes do Grupo Pestana estão nos negócios de turismo que Manuel Pestana, pai de Dionísio Pestana, fez ao comprar em 1966, o Hotel Atlântico, que depois demoliu para dar lugar a um hotel Sheraton, hoje Pestana Carlton Madeira. Em 1976, Dionísio Pestana veio ao Funchal, ficou e começou a construção do seu império (ver perfil).
Crescer com o "time-sharing"
No início dos anos 80, à medida que o negócio se estabilizava, Dionísio Pestana queria crescer. Em 1986, surgiu, junto ao hotel, o Madeira Beach Club com 300 quartos e adquiriu ao governo regional da Madeira, a ITI, empresa de turismo que tinha o Casino Park (hoje Pestana Casino Park Hotel), o Casino do Funchal e o Centro de Congressos, no Funchal. Nesta época usou o "time-sharing" como financiamento e ainda hoje detém 12 empreendimentos de "vacation club".
Presidente e único accionista do Grupo Pestana
Depois de ter assegurado uma base sólida no mercado de origem, a Madeira, onde hoje tem 13 hotéis, o Grupo Pestana partiu para o continente. Em 1992, comprou a Salvor que tinha quatro hotéis no Algarve e, dois anos depois, foi a vez do Carvoeiro Golfe com campos de golfe e imobiliário de turismo e depois abriu em Cascais, Porto e Sintra.
Em 1998, inicia a internacionalização com hotéis em Maputo, Bazaruto e em Inhaca. No ano seguinte, segue-se o Brasil, onde já teve uma maior implantação. Em 2010 com a abertura do Pestana Chelsea Bridge em Londres, o Grupo Pestana deu o seu primeiro passo na Europa, fora de Portugal. Em 2011, abriu o Pestana Berlim.
As bases estratégicas do Grupo Pestana assentam em três pilares: a diversificação tanto no produto como na geografia, a inovação que é transversal a todas as áreas de negócio e o "branding" pois "a força da marca é cada vez mais importante sobretudo para uma cadeia que quer ser internacional e cada vez mais forte", como sublinhou Dionísio Pestana.
Portugal e EUA como prioridades
As prioridades do grupo para o futuro, enunciadas com grande clareza por Dionísio Pestana, são quatro. Primeiro o reforço da liderança no mercado nacional com projectos em todas as regiões, tendo onze hotéis em construção ou em vias de aprovação com 1.600 quartos. Segundo a afirmação europeia como cadeia internacional com três hotéis em construção, dois em Madrid, um dos quais da rede CR7 e outro Pestana Collection, e Amesterdão, que será inaugurado em 2017, e dois que estão no "pipeline". Terceiro, a expansão norte-americana com quatro unidades, uma delas em Manhattan em Nova Iorque em parceria com Cristiano Ronaldo. Em quarto, uma aposta no segmento de luxo, o Pestana Collection, e no dinamismo da nova marca CR7.
Hoteleiro por acaso
Dionísio Pestana nasceu a 8 de Abril de 1952 em Joanesburgo, onde estudaria como aluno interno dos Maristas até ir para a Universidade de Natal em Pietermaritzburg, licenciando-se em Gestão. Em jovem, era conhecido pelos amigos como Dennis, jogou râguebi, de que é um fervoroso adepto, e iniciou-se na corrida que ainda hoje pratica. Aos fins-de-semana e nas férias, quando vinha a casa, ajudava os pais, Manuel e Caridade, nas lojas de bebidas. O pai partira da Madeira para a África do Sul em 1946, com dinheiro emprestado para pagar a viagem.
Mais tarde reuniu-se a mulher, Caridade, e tornaram-se comerciantes de bebidas alcoólicas com a Premier Bottle Store. Manuel Pestana aprenderia a investir na bolsa e a diversificar investimentos. Em 1961, construiu o Prédio Funchal em Lourenço Marques para arrendamento. Em 1966, juntamente com o irmão José Pestana, que depois venderia a sua parte, comprou o Hotel Atlântico, com 20 quartos, que seria demolido para dar lugar em 1972 ao Hotel Sheraton, hoje Pestana Carlton Madeira.
Esta marca é uma parceria recente entre Cristiano Ronaldo e o Grupo Pestana. Os hotéis são detidos equitativamente por empresas de Cristiano Ronaldo e Dionísio Pestana, único accionista do Grupo Pestana. Pela gestão, o Grupo Pestana recebe um "fee" e o uso da marca CR7 implica um pagamento a Cristiano Ronaldo. Esta nova marca, que pode dar um maior impulso internacional ao grupo, surge para o segmento dos "millennials", mais tecnológicos. Junta-se ao "core business", que se concentra na Pestana Hotéis e Resort com hotéis de quatro estrelas, o segmento de luxo com hotéis no Porto, em Lisboa e Cascais, e o segmento histórico com as Pousadas de Portugal, que gerem desde 2003 e que contribuem com 10% no volume de negócios.
Desde 2013 que a Pestana International Holdings é a "holding" de topo, detida por Dionísio Pestana. Tem outros negócios como a participação na EuroAtlantic Airways (transporte aéreo charter associado à família Metello), Atlantic Holidays (agência de viagens), Empresas de Cervejas da Madeira, Albar - Sociedade Imobiliária do Barlavento (49%), Enatur (49%), SDM - Sociedade de Desenvolvimento da Madeira. Estes negócios pesam cerca de 10%, sendo o turismo o grosso do negócio com 90%. Deste, 80% feitos por mercados emissores internacionais e 20% por mercado doméstico e 75% nos hotéis em Portugal contra 25% nos hotéis no estrangeiro.
O universo do Grupo Pestana*
O grupo tem uma rede de hotéis espalhada pelo mundo e planos de expansão. Possui também clubes de férias, campos de golfe, casinos e empreendimentos imobiliário/turísticos.
O râguebi e os números
"Era bom em números e não gostava de ficar em segundo lugar", recorda-se Peter Booth, colega de curso e antigo gestor do grupo. Depois do curso, Dionísio Pestana trabalhou durante um curto período com Rui Teixeira na bolsa de Joanesburgo. Mas o seu sonho profissional era a banca de investimento.
Quando em 1976 Dionísio Pestana chegou ao Funchal falava português com dificuldade. Neste regresso às origens da família, tinha como missão resolver o problema do Hotel Sheraton. Encontrou uma empresa em conflito laboral e crivado de dívidas. O seu planeado périplo pela Europa ficou adiado. E os negócios do turismo ganharam um novo impulso e um timoneiro.
Em 1988, deixou o hotel onde vivera 12 anos e casou-se com Margarida Naughton Simão. Têm quatro filhos, Carlota, Lourenço, Manuel e Vasco.