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A taxa de poupança já não é uma fonte de boas notícias. Os últimos trimestres trouxeram quedas sucessivas deste indicador que já está no valor mais baixo de sempre, pelo menos desde que o INE começou a publicar dados (1999). Quando ela tinha atingido mínimos em meados de 2008, a preocupação foi muita. Devemos agora temer as consequências ou os sinais que a poupança nos está a dar?
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o ano terminado no segundo trimestre, em média, os portugueses poupam apenas um em cada vinte euros do seu rendimento. Isto é, observa-se uma taxa de poupança de 5%, abaixo dos 5,9% do trimestre anterior. O anterior mínimo tinha sido registado entre Abril e Junho de 2008, quando atingiu os 5,3% do rendimento disponível.
Por trás desta evolução está o facto de as famílias estarem mais confiantes sem que os seus rendimentos estejam a reflectir esse maior optimismo. "A redução da taxa de poupança explica-se pelo aumento mais acentuado do consumo do que do rendimento disponível", refere Paula Carvalho, economista-chefe do BPI. "O comportamento das famílias, na gestão do seu rendimento disponível acaba por estar em linha com a evolução dos indicadores de confiança e de sentimento que têm traduzido uma apreciação mais favorável em relação às perspectivas no mercado de trabalho, situação do agregado familiar e mesmo a situação económica global."
Filipe Garcia, da IMF, faz a mesma avaliação, notando que "a evolução recente da taxa de poupança terá como alicerces o aumento da confiança e do crédito disponível". "Haverá uma quantidade nada irrelevante de famílias que não têm hoje capacidade de poupar, como já não tinham antes. Nessas, nada se alterou. É nas famílias com mais rendimentos que estas flutuações se verificam", acrescenta.
O INE explicava que a redução da poupança resultou de um aumento do consumo (variação de 1%) substancialmente superior à evolução dos rendimentos (0,1%). De referir que, durante alguns dos períodos mais graves da crise, aconteceu o contrário: o consumo afundou mais do que o rendimento.
Em 2012, o primeiro-ministro queixou-se da poupança excessiva dos portugueses ter provocado uma recessão mais forte da economia portuguesa. Hoje, a narrativa virou-se ao contrário. Está na altura de começarmos a ficar preocupados com valores tão baixos de taxa de poupança? "Se continuar, sim é preocupante num país em que a taxa de investimento está em valores mínimos históricos, em que o crescimento potencial é muito baixo e quando os níveis de endividamento são ainda muito elevados, de empresas, famílias e do país como um todo face ao exterior", responde Paula Carvalho que, no entanto, antecipa que a queda da poupança será interrompida, devido à incerteza da conjuntura externa e a uma maior instabilidade política.
Para algumas famílias pouco mudou, aponta Filipe Garcia. Os muitos que não tinham margem para poupar continuam na mesma situação. Quanto aos efeitos na actividade, o economista da IMF sublinha que "há uma parte muito importante do consumo privado que é satisfeita através de importações, gerando défice comercial". Logo, mesmo sendo atractivo "mostrar" mais consumo no futuro, se ele for feito assentando no endividamento externo, parece-me ser um caminho perigoso e que nos levou ao resgate em 2011", conclui.
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o ano terminado no segundo trimestre, em média, os portugueses poupam apenas um em cada vinte euros do seu rendimento. Isto é, observa-se uma taxa de poupança de 5%, abaixo dos 5,9% do trimestre anterior. O anterior mínimo tinha sido registado entre Abril e Junho de 2008, quando atingiu os 5,3% do rendimento disponível.
Por trás desta evolução está o facto de as famílias estarem mais confiantes sem que os seus rendimentos estejam a reflectir esse maior optimismo. "A redução da taxa de poupança explica-se pelo aumento mais acentuado do consumo do que do rendimento disponível", refere Paula Carvalho, economista-chefe do BPI. "O comportamento das famílias, na gestão do seu rendimento disponível acaba por estar em linha com a evolução dos indicadores de confiança e de sentimento que têm traduzido uma apreciação mais favorável em relação às perspectivas no mercado de trabalho, situação do agregado familiar e mesmo a situação económica global."
Filipe Garcia, da IMF, faz a mesma avaliação, notando que "a evolução recente da taxa de poupança terá como alicerces o aumento da confiança e do crédito disponível". "Haverá uma quantidade nada irrelevante de famílias que não têm hoje capacidade de poupar, como já não tinham antes. Nessas, nada se alterou. É nas famílias com mais rendimentos que estas flutuações se verificam", acrescenta.
O INE explicava que a redução da poupança resultou de um aumento do consumo (variação de 1%) substancialmente superior à evolução dos rendimentos (0,1%). De referir que, durante alguns dos períodos mais graves da crise, aconteceu o contrário: o consumo afundou mais do que o rendimento.
Em 2012, o primeiro-ministro queixou-se da poupança excessiva dos portugueses ter provocado uma recessão mais forte da economia portuguesa. Hoje, a narrativa virou-se ao contrário. Está na altura de começarmos a ficar preocupados com valores tão baixos de taxa de poupança? "Se continuar, sim é preocupante num país em que a taxa de investimento está em valores mínimos históricos, em que o crescimento potencial é muito baixo e quando os níveis de endividamento são ainda muito elevados, de empresas, famílias e do país como um todo face ao exterior", responde Paula Carvalho que, no entanto, antecipa que a queda da poupança será interrompida, devido à incerteza da conjuntura externa e a uma maior instabilidade política.
Para algumas famílias pouco mudou, aponta Filipe Garcia. Os muitos que não tinham margem para poupar continuam na mesma situação. Quanto aos efeitos na actividade, o economista da IMF sublinha que "há uma parte muito importante do consumo privado que é satisfeita através de importações, gerando défice comercial". Logo, mesmo sendo atractivo "mostrar" mais consumo no futuro, se ele for feito assentando no endividamento externo, parece-me ser um caminho perigoso e que nos levou ao resgate em 2011", conclui.