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O debate ‘O Caminho para um Futuro Equilibrado’ contou com a participação de Bruno Martinho, Filipa Pantaleão e Luís Veiga Martins.
"A sustentabilidade não é uma obrigação, está intrinsecamente no core dos negócios, e deve estar presente na criação de valor", defendeu Bruno Martinho, Managing Director e líder da prática de Estratégia em Portugal da Accenture durante o debate, "O Caminho para um Futuro Equilibrado: Desafios e Ações", durante a talk sobre Sustentabilidade no âmbito da talk sobre Sustentabilidade integrada no Prémio Portugal Inspirador - uma iniciativa do Santander, do Negócios, do Correio da Manhã e da CMTV, com a colaboração dos knowledge partners Informa DB, Accenture e Nova SBE.
"A estratégia de sustentabilidade é de longo prazo, algo que não acontecia nos negócios. Hoje, em 2024, sabemos que há empresas comprometidas com objetivos para 2045 ou 2050. Isso não acontecia no passado, mas é uma realidade atual nas empresas em Portugal", referiu Filipa Pantaleão, secretária-geral do BCSD Portugal.
A liderança europeia
Para Luís Veiga Martins, diretor de sustentabilidade da Nova SBE, "a sustentabilidade é uma forma de gerar riqueza e, numa lógica de valor partilhado, contribuir para a sociedade". Recorda que a definição de sustentabilidade remonta à década de 1970 e está intrinsecamente ligada ao futuro. "O que queremos é que muitas mais gerações e empresas persistam e continuem no futuro, numa perspetiva de médio e longo prazo".
O responsável pela sustentabilidade da Nova SBE considera que, "muitas vezes, se critica a Europa porque vai sozinha à frente. Mas, na Europa, o que existiu e existe é uma vontade política muito forte, ao contrário de outras geografias."
Para Luís Veiga Martins, desta premissa decorre que "uma empresa sustentável tem o mesmo posicionamento, tanto numa geografia em que a vontade política é forte, como numa geografia em que não exista essa vontade política. É assim que se percebe, na realidade, o compromisso que a empresa tem com a sustentabilidade, que é sempre de médio e longo prazo".
As assimetrias regulatórias e legislativas entre as várias regiões do planeta podem induzir a "distorção das regras de competição a nível global, uma vez que, onde existe regulação e legislação, haverá mais investimento e custos associados à adoção de práticas de sustentabilidade", alerta Bruno Martinho.
Alavancas de descarbonização
Estas são as intenções, mas a realidade está um pouco mais distante. Bruno Martinho referiu um estudo da Accenture sobre as 2000 maiores empresas globais, que revela que "apenas 37% destas têm compromissos, objetivos e medidas quantificáveis sobre a redução das emissões e a neutralidade carbónica até 2050."
Este estudo destaca ainda "as alavancas de descarbonização", que têm uma ligação direta com a criação de valor, como, por exemplo, a eficiência energética, a utilização de energias renováveis, os princípios de economia circular e a redução de desperdícios e resíduos.
Nestes casos exemplares, encontram-se empresas que assumem modelos de negócio com princípios de sustentabilidade, o que inclui o design, a produção, a escolha de materiais e a transformação das próprias operações internas para reduzir as emissões. Outras empresas trabalham na sustentabilidade da cadeia de valor através da criação de um ecossistema colaborativo que, de forma agregada, contribui também para a redução de emissões.
Bruno Martinho salientou ainda a integração de tecnologia de Inteligência Artificial ao serviço da sustentabilidade, aplicada às componentes de reporting, comunicação e informação. Enfatizou também que a sustentabilidade é um fator de atração de talento, mas que exige igualmente talento: "pessoas que pensam a sustentabilidade e ajudam as empresas a transformarem-se e a adotarem estas práticas mais sustentáveis".