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Vasco Antunes Pereira: “A ajuda à decisão clínica vai evitar erros de diagnóstico”

O papel das novas tecnologias na redução do stress dos sistemas de saúde é inquestionável para o CEO da Lusíadas Saúde, Vasco Antunes Pereira. São ferramentas que vão impedir a sobrecarga no acesso aos serviços de saúde

Teresa Alves Mendes 16 de Janeiro de 2024 às 15:30
Vasco Antunes Pereira, CEO da Lusíadas Saúde, à conversa com a jornalista Helena Garrido, sobre a importância das novas tecnologias na saúde.
Vasco Antunes Pereira, CEO da Lusíadas Saúde, à conversa com a jornalista Helena Garrido, sobre a importância das novas tecnologias na saúde. Duarte Roriz
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Numa conversa com a jornalista Helena Garrido, Vasco Antunes Pereira, CEO da Lusíadas Saúde, reforçou a necessidade de olhar para a tecnologia além da sua componente transacional ou curativa, destacando o seu potencial para a cocriação da saúde de todos nós. Criticando a regulação excessiva da dimensão dos dados na Europa, o responsável defendeu ainda a necessidade de colaboração entre os setores público e privado na consolidação de dados de saúde.

Questionado sobre se as novas tecnologias poderão também aliviar a pressão a que os sistemas de saúde, sobretudo na Europa, estão sujeitos devido à demografia e envelhecimento da população, Vasco Antunes Pereira realçou que o contribuo da tecnologia em "retirar stress aos sistemas de saúde" é já uma realidade. "Sabemos hoje, claramente, que soluções como algoritmos de ajuda à decisão clínica podem ser um auxílio a que os olhos cansados vejam algo a que não estavam a prestar atenção." O CEO da Lusíadas Saúde lembrou ainda que "a ajuda à decisão clínica vai evitar erros de diagnóstico, evitar que o doente revisite o sistema de saúde e, como tal, evitar sobrecarregar o acesso".

Reforçando que "hoje vivemos mais, vivemos melhor, temos diagnósticos muito mais precisos e dirigidos", Vasco Antunes Pereira ressalvou que "precisamos de ganhar mais accountability individual", observando que "temos ainda um conjunto de patologias em que o grau de incidência em Portugal - e mesmo no mundo ocidental - poderia claramente ser diferente se individualmente as práticas fossem diferentes e, como tal, existe uma oportunidade para que o cidadão ganhe uma maior responsabilidade na sua própria saúde".

O gestor expressou ainda a opinião de que "a Europa cometeu um erro ao regular excessivamente a dimensão dos dados", considerando que "estes deveriam ser de conhecimento público para permitir a criação de soluções".

A esse propósito, destacou a importância de "uma colaboração mais ampla, envolvendo tanto o setor público quanto o privado" e enfatizou o papel da academia na consolidação de dados de saúde numa grande "data lake" para facilitar análises. E apesar dos eventuais obstáculos políticos e processuais que possam surgir, sustentou que "temos de nos organizar como equipa de saúde nacional que somos, olhando para o sistema, para a Europa, para os ‘cohorts’ que nos interessam olhar em termos de população, para podermos, de facto, desenvolver tecnologia e participar na criação de conhecimento".

Na gestão de um hospital, conciliar os investimentos no que precisa de ser feito no curto prazo e no que tem de ser feito para garantir o futuro é algo "complexo". "Antigamente pensava-se na compra de uma ressonância ou TAC e agora não sabemos exatamente onde é que estamos a investir, existindo todo um mundo novo em que passámos a investir não só no tangível, mas também no intangível, num ‘delivery’ que não é hoje, mas sim amanhã".

Sobre qual a prioridade dos investimentos neste domínio, no médio longo prazo, o gestor considera "é claramente em prevenção". Em suma, como reforçou Vasco Antunes Pereira, "precisamos de continuar a investir, a ter muita certeza de que a qualidade dos dados é crítica para a qualidade da solução e, como tal, precisamos de continuar a produzir dados de qualidade e a investir em linha com este ‘pitch’ que a IA nos está a trazer, nunca esquecendo o dia de hoje".
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