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Têxteis, vestuário e calçado: Subida abrupta do salário mínimo é incomportável

Uma subida para 600 euros do salário mínimo nacional de forma abrupa será incomportável para o sector dos têxteis, vestuário e calçado.

10 de Novembro de 2015 às 14:00
Paulo Duarte/Negócios
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Um aumento abrupto do salário mínimo nacional (SMN) até aos 600 euros é considerado incomportável pelos têxteis, vestuário e calçado. O sector lembra que este aumento não implica uma actualização apenas dos assalariados com salário mínimo, mas de um conjunto de profissionais cujo ordenado acaba por estar indexado a esse valor. O que significa que um aumento na ordem dos 20% teria de ser aplicado a várias outras categorias.

O salário mínimo nacional está actualmente nos 505 euros, mas, de acordo com a proposta da UGT este poderia subir 20 euros em 2016. Já a proposta de Governo do PS, em conjunto com a esquerda, propõe que a subida seja para os 530 euros no próximo ano, para progressivamente chegar aos 600 euros em 2019. Esta proposta ainda não era conhecida quando se realizou este "think tank". E por isso o sector falou em uníssono contra uma subida abrupta do SMN para 600 euros, ainda que tenha admitido poder ser acomodável uma subida de 20 euros.

De outra forma, a subida em 20% (dos actuais 505 para 600 euros) vai "criar desemprego, levar as empresas à falência, e reduzir a competitividade do sector". Pede-se pois "bom senso", em particular em indústrias de mão-de-obra intensiva e com concentração geográfica grande, já que se admite a possibilidade de a perda de competitividade levar ao fecho de empresas ou à deslocalização de partes da produção. Não é, pois, "possível" subir nessa ordem de grandeza. Além disso, o sector argumenta que os aumentos do SMN devem ser indexados à capacidade de acomodá-los em função da inflação e da produtividade. "É isso que se deve avaliar", sustentou-se neste encontro, cuja regra estabelecida foi a de se poder escrever tudo o que foi dito, sem, no entanto, se citar, promovendo uma maior liberdade de opinião.

Por outro lado, ficou a sugestão de não se forçar o aumento do rendimento dos trabalhadores só à custa dos encargos das empresas, podendo somar-se a este aumento do SMN uma redução das contribuições dos empregadores para a Segurança Social, sugere-se. "Qualquer acordo na concertação social que vise aumentos salariais deve ser moderado e em prazos médios."

Estes são sectores em que o peso dos salários é significativo na estrutura de custos das empresas. O sector dos têxteis, vestuário e calçado emprega cerca de 160 mil pessoas. Tem registado uma perda contínua de postos de trabalho. "Não estamos em altura para reduzir mais emprego". Ainda assim, apesar de menos trabalhadores e empresas, o sector tem vindo a crescer as exportações e considerando apenas o dos têxteis e vestuário aproxima-se do valor recorde atingido em 2001. O calçado acena, por outro lado, com o facto de ser o que tem o saldo positivo mais elevado no comércio de bens.

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