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Fruta a menos? Portugal cada vez mais dependente do exterior

Em 30 anos, Portugal tornou-se mais dependente do exterior para o seu consumo e processamento de fruta. Por outro lado, mantém-se um país dominado pela uva (para vinho) e pela azeitona (para azeite).

21 de Abril de 2016 às 11:15
Bloomberg
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Quanto mais tempo passa, mais Portugal se torna dependente do exterior para o seu consumo de fruta. Nos últimos 25 anos, a produção nacional representa uma percentagem cada vez mais baixa em relação àquilo que seria necessário para satisfazer as necessidades internas. Entre 1989 e 2014, as quatro categorias de frutas registaram uma quebra entre 5 e 43 pontos percentuais no grau de autoprovisionamento das quatro categorias de frutos. Este grau de autoprovisionamento traduz a relação entre a produção realizada dentro de portas (com matérias-primas nacionais) e o consumo ou utilização feita em território português. Ou seja, quanto depende um país de importações do exterior para satisfazer as suas necessidades internas, seja para os consumidores, seja para as empresas utilizarem noutros produtos.

As maiores diferenças observaram-se nas categorias "frutos secos" e "frutos secados". Qual é a diferença? Os frutos secados são obtidos através da desidratação da fruta (pense nas "passas" que come no Natal). Esses dois tipos de fruta registaram quebras de 43,2 e 37,8 pontos percentuais, respectivamente. Ou seja, no caso dos "frutos secos", por exemplo, a produção nacional era suficiente para cobrir 120% das necessidades nacionais em 1989/90. Agora, em 2013/2014, chega apenas para 77% da mesma.

Essa é a maior contracção, mas não está sozinha. Nos "citrinos", a diminuição do rácio de autoprovisionamento teve menor expressão, devido a uma recuperação substancial entre 2008 e 2013 (de 68,8% para 93,1%), com uma nova quebra no último ano para o qual há dados. Uma tendência semelhante à registada nos "frutos frescos" que, depois de afundarem nos anos 1990, estagnaram na década anterior, tendo iniciado uma recuperação desde 2009 até hoje. Ainda assim, a produção nacional passou de ser capaz de cobrir 84% das necessidades internas para 74%. Nos "citrinos", passou de 90,1% para 85,2% nesses 25 anos.

No que diz respeito ao espaço ocupado pelas culturas - e excluindo legumes e cereais - as oliveiras continuam a dominar a paisagem nacional, com 343 mil hectares, cerca de mais 15 mil do que em 1986. A seguir surge a uva para fabrico de vinho, apesar da quebra de 74 mil hectares.

Se a avaliação for feita pelo nível de produção, medido em toneladas, o líder nacional é actualmente o cultivo de tomate para a indústria, que alcança hoje 1,3 milhões de toneladas (mais do dobro de 1986). Por outro lado, a produção de vinho, embora lidere em muitas regiões, está em segundo lugar a nível nacional, tendo caído 200 mil toneladas em 30 anos.

A ascensão do tomate  A produção de tomate para indústria disparou nos últimos 30 anos para o dobro. Entre 1986 e 2014, as toneladas produzidas passaram de 656 mil para 1,3 milhões por ano. Um movimento que decorre de uma maior rentabilidade, uma vez que a área dedicada a esta actividade não aumentou nesse período.
Pelo contrário, embora flutue bastante, em 2014 era até mais limitada do que em 1986, estando actualmente nos 17.210 hectares, depois de um aumento de 23% face a 2013.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), este aumento resultou de um alargamento do período de recepção e melhores condições contratuais e perspectivas mais favoráveis de venda de produtos a Espanha. Por outro lado, 10% a 20% do tomate ficou no solo por não ter condições para processamento industrial.
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