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Guia para candidaturas aos fundos na agricultura

O financiamento à actividade agrícola e ao investimento no sector, subsidiado por Bruxelas, tem um prazo de vigência a sete anos, iniciado, na prática, em 2015.

21 de Abril de 2016 às 14:00
Miguel Baltazar
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Que apoios directos há para os agricultores?
A União Europeia (UE) apoia de forma directa os agricultores na sua actividade (através do primeiro pilar da Política Agrícola Comum). O valor que Portugal tem para o quadro em vigor (2014-2020) é de 4,4 mil milhões de euros. Como, em concreto, a PAC actual só entrou em vigor no ano passado (e tem um ano adicional para esgotar verbas), terminará em 2021. Até lá, e pelo plano que o anterior Executivo elaborou, 48% desta verba será para pagamentos-base aos produtores já instalados, 30% para medidas ambientais ("greening"), 20% a apoios ligados à produção ("herança" da antiga PAC) e 2% dedicado a jovens agricultores. Os apoios são muito variáveis, consoante a produção em causa. O IFAP publica o calendário dos pagamentos que efectua.


4.438
Pagamentos
Em Portugal, o regime dos pagamentos directos tem 4,4 mil milhões até 2021.


Há apoios Mesmo para áreas pequenas?
Sim. Os agricultores com áreas mais pequenas também têm direito a candidatar-se a fundos europeus à actividade, sobretudo num quadro de desligamento da dependência do apoio àquilo que se produz - caminho que a PAC tem vindo a fazer nas últimas reformas. Todos os agricultores que tenham uma área mínima de meio hectare e tenham recebido ajudas inferiores a 500 euros no ano passado, estão abrangidos pelo Regime da Pequena Agricultura. Ou seja, ficam automaticamente elegíveis ao fazer a candidatura deste ano a um apoio mínimo de 500 euros. Os pagamentos directos são pagos, normalmente, em Dezembro de cada ano. E podem ser acumulados com apoios ao desenvolvimento do sector.

O que fazer se quiser modernizar o lagar?
A PAC prevê verbas para o desenvolvimento das actividades agrícolas, pecuárias, silvícolas e florestais na Europa a 28 Estados. Cabe a cada membro da União definir o que fazer com a verba (no caso de Portugal serão 4,05 mil milhões de euros até 2020/21), através do seu Plano de Desenvolvimento Rural. E aqui cabem, no fundo, todos os apoios a que os agricultores e empresários agro-pecuários e florestais se podem candidatar para o arranque, expansão e renovação da sua actividade - desde criação de um negócio de ervas aromáticas, à replantação de um olival, ao alargamento da produção de uma adega ou mesmo à introdução de um sistema de rega. Os concursos são abertos durante o ano. Para ajudar ao planeamento do investimento privado (o financiamento público neste caso não é a 100%), cabe à secretaria de Estado da Agricultura fazer a promoção da abertura de candidaturas por tipo de acção, processo que pode ser consultado no site do PDR 2020. É no mesmo balcão virtual que os beneficiários podem submeter e acompanhar as suas candidaturas. Para quem é estreante, as confederações de agricultores e associações sectoriais serão os melhores consultores nas várias etapas das candidaturas.

Há apoios para jovens agricultores?
É "jovem agricultor" o promotor de candidatura que tenha "idade compreendida entre os 18 e os 40 anos, inclusive, e se instale pela primeira vez numa exploração agrícola". Além de terem pagamentos directos apropriados, os jovens agricultores são igualmente beneficiados no plano de desenvolvimento ao sector. Para investimentos mínimos elegíveis de 55 mil euros e "inferior ou igual a três milhões de euros", os jovens que se dediquem à agricultura têm prémio à instalação, sobre a forma de financiamento não reembolsável, de 15 mil euros. A majoração (a partir de 25%) sobe à medida do investimento (a contar dos 80 mil euros).


500
Pequena produção
Regime de pequena agricultura está previsto no PDR, com apoio de 500 euros por ano.


As regiões autónomas estão abrangidas?
A agricultura e a agro-pecuária das duas regiões autónomas portuguesas, também como ultraperiféricas que são, têm regimes próprios de apoio, comparticipados por cada orçamento. Dos 4,05 mil milhões previstos no plano de desenvolvimento rural nacional (PDR 2020), uma fatia de 3.583 milhões de euros fica em Portugal Continental. Uma parcela de 295,3 milhões de euros irá para os Açores, a que a região autónoma adicionará mais 45 milhões para o ProRural+ nos próximos sete anos. No caso da Madeira, o ProDeRAM receberá 179 milhões de euros de Bruxelas nos próximos sete anos, a que o orçamento regional juntará outros 25 milhões.

A Agricultura tem riscos. Há seguros?
O sistema de seguros - que era claramente ineficiente e cronicamente deficitário nos últimos anos - passou a estar integrado no novo quadro comunitário de apoio 2020. O que quer dizer que os seguros de colheitas terão, pelo menos, financiamento previsto para os próximos sete anos. Culturas como a vinha e algumas frutas têm seguros específicos.


4.057
Desenvolvimento
Plano que financia investimento tem outros 4,05 mil milhões para apoiar a agricultura.


Há vantagens nas associações de produtores?
Sim, várias. Ao nível da obtenção de financiamentos, da majoração como jovem agricultor e até mesmo na candidatura a financiamento de seguros de colheitas. Bruxelas quer, Lisboa aceitou e legislou em conformidade, que agricultores, produtores, mas também donos de áreas florestais, se associem em entidades e organizações, de forma a ganharem força negocial com outras partes, com ganhos, acreditam, na sustentabilidade da gestão das áreas naturais. Em Portugal este é um tema fundamental nos próximos sete anos, num contexto de fim de quotas leiteiras na União Europeia em 2015, mas também tendo em conta o novo acordo comercial do bloco de 28 Estados-membros com os EUA (TTIP, na sigla inglesa).

tome nota
Quais os apoios com candidaturas abertas? O calendário de concursos pode ser consultado no site PDR 2020. Nesta fase há apenas um programa de candidatura aberto.

Restabelecimento do potencial produtivo
Até ao final do dia de 30 de Abril deste ano está aberto o concurso para o restabelecimento do potencial produtivo. Este apoio visa apoiar a reconstituição de explorações agrícolas ou perímetros de rega que foram danificados pelas intempéries entre 12 e 15 de Fevereiro deste ano. Mas só as que estão em determinadas freguesias, que podem ser consultadas no diploma. O montante do apoio disponível é de 13 milhões de euros: 2,88 milhões para explorações agrícolas; 120 mil para perímetros de rega; e 10 milhões para reposição de muros de pedra posta na área geográfica correspondente ao designado "apoio zonal Peneda -Gerês" e na Região Demarcada do Douro.

Próximo concurso para grupos operacionais
Segundo o site PDR 2020, o próximo concurso que será aberto é destinado a apoiar a Inovação no sector agrícola nacional no quadro da Parceria Europeia para a Inovação (PEI) para a produtividade e sustentabilidade agrícola. O apoio tem um valor máximo de 550 mil euros, estando limitado a um período máximo de sete anos.
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