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A digitalização para todas as gerações

A promoção da literacia digital torna-se, assim, vital, bem como a aquisição de capacidades que nas gerações mais novas, os "nativos digitais", são quase naturais.

25 de Outubro de 2016 às 11:16
Bruno Simão
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Nesta era digital, de acesso sem fronteiras à informação e de comunicação alargada, as opções de vida tornam-se quase ilimitadas pela diversidade de experiências pessoais, comunitárias ou outras que conseguimos alcançar e em que conseguimos participar. Há como que o desaparecimento do offline, que em muitas aplicações pode ser entendido como o "estado" "ausente", "ocupado", "invisível" ou "online. Este novo paradigma leva há transformação das relações com o tempo e com o território. No primeiro caso, o tempo do trabalho cruza-se com o tempo do lazer. No segundo, as relações com os sítios mudam, uma vez que as pessoas estão menos condicionadas ao espaço em que nasceram ou vivem e podem sair, tanto em termos reais como virtuais. Por outro lado, a transformação introduz a velocidade e a instantaneidade, o que muda o mindset das pessoas e faz com que se queira ter tudo rápida e imediatamente em qualquer lugar.

Assiste-se à emergência de novos tipos de sociabilidade, mediada pelas tecnologias bem como pela diversidade de experiências pessoais comunitárias. Afirmam-se novos tipos de famílias. Hoje 50% do número de nascimentos resulta de relações de facto e está a aumentar o número de filhos de pais não casados, que vivem cada um em sua casa com uma relação estável - passámos de 5% em 2000, para 15% em 2015.

Diferenças de geração

Um dos principais desafios que se coloca às empresas e à sociedade são os chamados nativos digitais ou geração Z, que são os primeiros a crescer usando os media sociais, a tecnologia móvel (conversação, vídeo, apps). Este ecossistema traduz-se em atitudes e valores próprios. A geração Z é mais empreendedora, cresceu com motores de busca e, portanto, procura fazer descobertas por si própria, gosta de participar, experienciar e ser envolvida nas decisões e nas soluções.

A actual dinâmica demográfica tem se ser compreendida pelas organizações e pelas empresas. Uma compreensão tão necessária quando as bases de clientes são poderosas forças de destruição criativa. Por isso, há que ter presente que ao lado destes jovens, que desafiam os modelos convencionais, existem gerações mais velha, que estão em crescimento e são comparativamente mais ricas, que têm as suas necessidades específicas e distintas, às quais as novas tecnologias têm de dar resposta. Como referiu Maria João Valente Rosa, "os idosos do futuro serão mais qualificados, com nível superior de escolaridade, mais próximos das novas tecnologias e vão viver mais tempo".

Em Portugal, por exemplo, estima-se que em 2040 haverá três milhões de pessoas com 65 ou mais anos, dos quais um milhão estará na faixa etária acima dos 80 anos. Contudo, isto não significa que não possa existir uma espécie de desigualdade digital ou fosso digital, numa faixa de pessoas que não têm capacitação digital. Por isso, a gestão do gap digital em relação às várias gerações deve ser atenuado; deve colocar-se a questão de como encontrar os pólos agregadores que tornam a relação e a produção entre gerações mais equilibrada. A promoção da literacia digital torna-se, assim, vital, bem como a aquisição de capacidades que nas gerações mais novas, os "nativos digitais", são quase naturais.

Outro dos desafios que se coloca com a digitalização é o como transformar o acesso à informação em conhecimento, uma vez que, o mergulho no oceano de informação nem sempre se traduz em saber e conhecimento. Além disso, falta, muitas vezes, a capacidade crítica e a objectividade em relação à informação que se acede ou recebe. Uma situação que torna necessário o desenvolvimento de competências de produção de informação credível e de avaliação da qualidade dessa mesma informação.


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