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Bernardino Carneiro: "Se tivermos de aumentar a dívida, fazemo-lo"

Perguntas a Bernardino Carneiro, Administrador da Riopele

25 de Setembro de 2018 às 15:00
Paulo Duarte
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Entre uma dívida de 74 milhões de euros, um investimento de 10 milhões em curso e outro a caminho, a Riopele arrisca para se manter no mercado global.

O que vos fez persistir no momento mais agudo da crise?
A solução seria desistir ou repensar o negócio. E nós pensámos que valia a pena continuar, apesar de muitas vozes apontarem para a Ásia como o destino da indústria têxtil. Para sairmos daquele marasmo, era preciso romper com processos e ideias que não resultavam. Então colocámos em prática um conjunto de acções, designadamente ao nível da inovação, sempre com os "drivers" da sustentabilidade, da economia circular, da indústria 4.0…

A dívida que tínhamos era considerada o máximo pelos nossos parceiros.  Bernardino Carneiro
Administrador da Riopele

Quanto têm investido em equipamento?
Hoje, uma indústria deste tipo tem muitos equipamentos e não tem assim tantas pessoas. Só numa das máquinas que temos, uma urdideira Karl Mayer, foram investidos 600 mil euros. Na parte dos acabamentos, temos uma máquina de um milhão de euros… Mas com isso temos melhorias nos consumos e ganhos de eficiência e de produtividade. Também estamos num processo de digitalização administrativa e está em teste um sistema de visão artificial, em que o tear detecta de imediato qualquer anomalia. Neste momento, temos em curso um investimento de 10 milhões de euros e estamos já a pensar noutro, mais ou menos do mesmo valor. Apesar de a nossa situação ao nível da dívida ser difícil, não podemos descurar a modernização.

Como é que a banca vos tem acompanhado, nos últimos anos?
Muito bem. Na altura da reestruturação financeira, os nossos parceiros principais eram o Novo Banco e o BCP. Eles continuam, e temos tido o apoio do BBVA, do Santander, do Montepio e da Caixa Geral de Depósitos, apesar de eles terem estado dois ou três anos completamente ausentes das empresas. Mas temos uma quota-parte de fundos próprios que estamos a canalizar para investimento em vez de a distribuir.

Em algum momento a dívida foi um travão à obtenção de crédito?
Eu diria que sim. Na altura da reestruturação, a dívida que tínhamos era considerada o máximo pelos nossos parceiros, que disponibilizaram uma linha de cerca de 7 milhões [de euros] para os investimentos que achávamos indispensáveis. Correu melhor do que o que pensávamos. Amortizámos mais de 20 milhões de euros nestes seis anos. Mas se, para fazermos novos investimentos, tivermos de aumentar momentaneamente a dívida, fazemo-lo. 


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