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Estádio do Algarve é um produto inconfundível do Euro 2004 – o que significa que, tal como muitos dos estádios construídos para a competição, está longe de ter as bancadas cheias a cada 15 dias. Para contornar a situação, a associação de municípios que gere o recinto teve de puxar pela imaginação e, além de captar provas como a Taça da Liga ou a Supertaça, a solução reside em atrair equipas do Norte da Europa e Rússia durante a paragem de Inverno dos respectivos campeonatos de futebol.
O estádio é propriedade dos municípios de Faro e Loulé e tem a particularidade de se localizar rigorosamente em cima da fronteira entre os dois concelhos. Custou 35 milhões de euros e "foi o único que não derrapou", garante o presidente da câmara de Loulé, o socialista Vítor Aleixo. Os custos mensais situam-se algures entre os 10 e os 20 mil euros e são partilhados pelos dois municípios. O autarca diz que são "perfeitamente comportáveis, quer para Loulé quer para Faro", e a dívida gerada para o construir "não preocupa".
Olhando para os registos da corrente época futebolística, só o Louletano (a competir no Campeonato de Portugal, a terceira categoria do futebol nacional) é que utilizou o estádio, e apenas uma vez, no empate com o Pinhalnovense. O portal zerozero revela que estiveram 150 pessoas nas bancadas a ver esse jogo, num estádio com lotação para 30 mil pessoas. O Farense optou por jogar todas as partidas no velhinho Estádio de São Luís.
Sem jogos regulares, resta à Associação de Municípios Loulé/Faro, que gere o recinto, usar a imaginação. Dentro de duas semanas, o estádio acolhe o jogo Portugal-Letónia, de qualificação para o Mundial de 2016. Para esta época está também garantida a fase final da Taça da Liga, competição que tem sido maioritariamente conquistada pelo Benfica (em nove edições, os encarnados ganharam sete). Há também competições regulares de futebol feminino.
Vem aí uma equipa alemã de topo
"Em Janeiro já era habitual termos aqui a estagiar equipas escandinavas na paragem de Inverno dos campeonatos. Ao abrigo de parcerias com as federações da Suécia e da Dinamarca, as equipas desses países fazem cá estágios nessa altura todos os anos", conta Rogério Gomes, que tem um total de sete funcionários para gerir o estádio e o Parque das Cidades.
Alguns campeonatos, como o alemão, o russo ou os escandinavos, fazem uma paragem no Inverno, no mínimo de um mês, para escaparem ao tempo frio. Nesse período, e para os jogadores manterem a forma, vão estagiar para climas mais quentes. "Este nicho da paragem de Inverno foi, durante muito tempo, dominado pela Turquia e por países do Golfo Pérsico, que lhes ofereciam condições inigualáveis – alguns até pagavam para ter lá as equipas", revela Rogério Gomes. As equipas alemãs "iam muito para a Turquia, mas agora querem mudar, com receio do que está a acontecer lá".
A somar a tudo isto, há ainda a selecção de Gibraltar, que joga todas as partidas em casa da qualificação para o Mundial de 2018 no Algarve, porque tem um estádio que não cumpre os requisitos da FIFA.