A partir de uma pequena sala/sede nas Caldas da Rainha, a Bitcliq gere frotas de pesca de atum no Atlântico tropical.

Com um total de oito funcionários, Pedro Araújo Manuel, fundador e líder, descreve a Bitcliq como uma espécie de "empresa familiar", lembrando que este projecto arrancou, em meados de 2013, com três colaboradores que já estavam num seu projecto anterior e que também "considero fundadores". A mulher de Pedro é sócia minoritária.

A Bitcliq é uma start-up tecnológica que desenvolve soluções integradas para duas áreas: indústria e cidades e património. E é na vertente industrial que se encontra o "produto estrela" da empresa, diz Pedro Manuel, referindo-se ao projecto Big Eye - Smart Fishing Software, responsável por boa parte das exportações de software da Bitcliq. A expansão para os diversos oceanos é o objectivo da empresa, como denunciam a parede azul-mar da sede, ou a fotografia de um veleiro e um mapa mundo na sala de reuniões.

Esta plataforma conquistou, em 2016, o primeiro lugar do concurso Elevator Pitch - Ideias que Marcam, atribuído pela representação da Comissão Europeia em Portugal. E recorre às mais recentes tecnologias (cloud, software, mobile e tratamento de dados) para recolher informações a bordo das embarcações, transmiti-las por satélite, fazendo com que o gestor de frota tenha acesso a toda a informação de todas as embarcações, em tempo real.

Além da gestão operacional da frota, o Smart Fishing Software inclui uma "área de rastreabilidade" que permite "comprovar a origem das matérias-primas (peixe), tanto em termos de sustentabilidade como em termos das condições da mão-de-obra que a indústria emprega", explica Pedro Manuel.

Tendo identificado a predominância de trabalho escravo em frotas de pesca, o director-executivo da Bitcliq explica que "criámos funcionalidades pensadas para aferir quem são as pessoas a bordo das embarcações e contabilizar os períodos de trabalho e de descanso". Todos saem a ganhar, garante, notando que "quem compra o peixe tem a garantia de que aquele armador está a cumprir as regras internacionais do trabalho".

Com presença no Atlântico tropical através de uma frota sediada no Gana, a Bitcliq está também presente em França, em San Diego, nos Estados Unidos, e nas ilhas Seicheles. No entanto é o projecto piloto já iniciado na Tailândia que abre melhores perspectivas. Pedro Manuel considera que o sucesso deste projecto "é estratégico" porque "é da Ásia que provém a maior parte do peixe que abastece a Europa e os EUA".

É tempo de dar o salto
Com um volume de negócios na casa dos 200 mil euros no ano passado, e com exportações em torno dos 50%, o líder da Bitcliq quer continuar a crescer, tanto no mercado interno como no externo. Também por isso está à procura de investidores, já que a Bitcliq considera que "o grande desafio é não perder o timing para dar o salto". Isto porque, tendo em conta as necessidades da indústria, "se não formos nós, serão outros a fazer aquilo que é a nossa visão para a pesca mundial".