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José Henriques: “A exportação e a internacionalização são imperativos estratégicos”

No topo das exportações, em termos de valor, estão o azeite, o vinho, os produtos de padaria e as conservas de peixe, produtos nacionais que, entre muitos outros, têm uma qualidade reconhecida internacionalmente.

12 de Dezembro de 2024 às 15:00
Pedro Catarino
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José Henriques, presidente da FIPA

.   Agroalimentar  

"Sabemos que os próximos tempos continuarão a ser marcados por uma elevada imprevisibilidade e muitos desafios se colocarão à vida das empresas. Cadeias de abastecimento estranguladas, uma ainda incerta evolução da inflação, tensões políticas internacionais e constrangimentos energéticos são apenas os exemplos mais marcantes da conjuntura que nos acompanhará por muitos meses", afirma Jorge Henriques, presidente da FIPA (Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares). Defende que a competitividade e a sustentabilidade da indústria portuguesa agroalimentar passam pelas dimensões económica, ambiental e social. Nesse sentido, a FIPA elegeu três pilares estratégicos: inovação e crescimento; alimentação, nutrição e saúde; e economia verde; refere Jorge Henriques.

Quais são as suas principais vantagens competitivas?
A indústria agroalimentar é um pilar da economia e da identidade portuguesa, com um imenso potencial para contribuir ainda mais para o desenvolvimento social e económico do país. Há muito que assumiu o compromisso de promover estilos de vida saudáveis, através da inovação nos produtos alimentares e da comunicação eficaz com os consumidores. A transição para uma economia circular e o investimento em inovação são um desígnio do setor rumo a um futuro sustentável e próspero.

Quais são os principais desafios para o setor?
A indústria portuguesa agroalimentar enfrenta desafios de grande escala, que vão desde tensões geopolíticas a pressões inflacionárias e estrangulamentos nas cadeias de abastecimento. Estes obstáculos evidenciam a necessidade urgente de adaptações políticas, em particular no que toca à fiscalidade, onde Portugal se destaca pela elevada tributação sobre alimentos e bebidas.

A FIPA tem-se esforçado para sensibilizar os principais decisores sobre as consequências destas políticas, propondo uma reforma fiscal que promova a competitividade e a equidade. Outro vetor crítico para a resiliência e a autonomia do país reside no abastecimento nacional e na infraestrutura portuária, que deve ser adequadamente desenvolvida e mantida para garantir a segurança alimentar e o comércio externo. Da mesma forma, a exportação e a internacionalização emergem como imperativos estratégicos para o crescimento do setor, exigindo políticas que incentivem a abertura de novos mercados e a promoção das marcas nacionais.

Em termos de exportações, quais são os segmentos produtivos mais fortes?
Os números da exportação mostram que as empresas nacionais estão cada vez mais voltadas para os mercados externos, o que deve acelerar as estratégias de diversificação, procurando novos mercados, nomeadamente junto das novas potências económicas. É também com uma verdadeira ambição que devemos criar condições para a internacionalização da nossa indústria agroalimentar, promovendo ao máximo as sinergias, trabalhando na identificação das oportunidades e na capacitação das empresas.

Agroalimentar mais exportador
Portugal ocupa lugares cimeiros nos rankings mundiais de exportação, nomeadamente de azeite, pequenos frutos de baga, tomate e vinho.

O setor exportou 6,7 mil milhões de euros até outubro de 2024, o que representa um aumento de 11% relativamente ao período homólogo. 

A indústria alimentar e das bebidas teve, em 2022, um volume de negócios de 22,4 mil milhões de Euros, o que representa 18% do total da indústria transformadora nacional, e com um Valor Acrescentado Bruto de 3,8 mil milhões de euros. No que diz respeito ao número de empresas, a indústria alimentar e das bebidas representa 17% do total de empresas da indústria transformadora nacional. O setor emprega diretamente mais de 112 mil e cerca de 500 mil indiretos.

As exportações da indústria alimentar e das bebidas atingiram 7,5 mil milhões de euros em 2023, o que traduz um crescimento de 6,8% face a igual período de 2022, revelam os dados do INE. Quanto às exportações, de janeiro a outubro de 2024, o setor exportou 6,7 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 11% relativamente ao período homólogo, tendo o maior crescimento ocorrido em países da União Europeia, com cerca de 16%. Portugal ocupa lugares cimeiros nos rankings mundiais de exportação, por exemplo, de azeite, de pequenos frutos de baga, de tomate e de vinho.

Balança comercial

Este desempenho das exportações tem contribuído para o equilíbrio da balança comercial, registando, na última década, uma taxa de crescimento das exportações superior às importações, podendo antever-se que, num futuro próximo, esta indústria poderá tornar-se exportadora líquida. Nos últimos anos, este setor tem tido um desempenho acima da média da economia nacional, existindo boas expectativas de crescimento na próxima década por parte dos gestores e empresários do setor.

O desenvolvimento do setor e o reforço da sua capacidade produtiva têm sido potenciados por um conjunto de associações setoriais, como a PortugalFoods e a FIPA, e por centros de I&D e laboratórios colaborativos especializados como o Colab4Food e o SmartFarm Colab, responsáveis pelo desenvolvimento e transferência de conhecimento para as empresas.
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