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Negócios Iniciativas | Depois dos recordes vieram as quedas nas exportações

O setor têxtil e o de calçado registaram as maiores exportações de sempre em 2022, mas os anos seguintes conheceram uma retração devido às crises nos principais mercados de exportação.

12 de Dezembro de 2024 às 16:30
Ricardo Meireles
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As estimativas para as exportações do setor têxtil português em 2024 rondam os 5,5 mil milhões de euros.

.   Têxteis e Calçado  

O setor têxtil e de calçado em Portugal é reconhecido pela sua qualidade e design inovador. Este setor combina técnicas tradicionais com tecnologia moderna para produzir vestuário, têxteis-lar e calçado de alta qualidade. A sustentabilidade e a responsabilidade social têm vindo a ganhar cada vez mais importância, com muitas empresas a adotar práticas ecológicas. Segundo dados de 2022, o setor teve um volume de negócios total de 13 mil milhões de euros, com exportações de 8 mil milhões de euros, e conta com 8 mil empresas e 140 mil trabalhadores.

Em 2023, Portugal exportou 5.753 milhões de euros, o que representou uma diminuição de 5,6% em relação a 2022, ano em que foi batido o recorde de exportações. Isso corresponde a uma quebra de 339 milhões de euros. Contribuíram significativamente para esse resultado a diminuição nas exportações de vestuário de malha (-8%, representando menos 198 milhões de euros) e nos têxteis-lar e outros artigos têxteis confecionados (-12%, menos 102 milhões de euros). Por outro lado, o vestuário em tecido registou uma recuperação significativa, com um aumento de 5%, o que equivale a um acréscimo de 53 milhões de euros. Espanha foi o destino que registou a maior quebra, tanto em valor como em quantidade, seguida pelos mercados de Itália, França, Alemanha, Países Baixos, EUA e Reino Unido, que também contribuíram negativamente para o desempenho das exportações portuguesas. Segundo as estimativas da ATP (Associação Têxtil e do Vestuário), as exportações do setor têxtil português em 2024 não deverão ultrapassar os 5,5 mil milhões de euros, o que representa uma diminuição de 3,5% em relação aos 5,7 mil milhões registados em 2023.

Queda no calçado

As exportações portuguesas de calçado recuaram 11,3% em quantidade e 8,2% em valor em 2023, face ao ano recorde de 2022, com 66 milhões de pares de calçado vendidos por 1.839 milhões de euros. Segundo a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), "o abrandamento económico internacional, em particular em mercados de grande relevância, como a Alemanha, a França ou os EUA, penalizou fortemente o setor do calçado no plano externo".


Calçado de segurança atrai marcas internacionais
Em 2005, criou a marca Toworkfor, que foi provavelmente o primeiro sapato de segurança desportivo, com um look trendy para a época, e que hoje representa cerca de 50% da faturação.

Albano Fernandes, fundador e CEO da AMF Safety Shoes

A AMF Safety Shoes está no mercado de calçado de segurança há 25 anos e, por isso, acompanha "em primeira mão a evolução deste setor", como diz Albano Fernandes, fundador e CEO da empresa. As crescentes necessidades de segurança, conforto e inovação tecnológica nesta categoria de produto, a que se alia um consumidor mais informado sobre os riscos e sobre como se proteger, geraram um aumento constante na procura por este tipo de produto.

No entanto, segundo Albano Fernandes, este desempenho do mercado, "que muitas vezes passa despercebido, está a tornar-se atrativo para marcas de renome internacional, pois existe um consumo mais recorrente em comparação com outras áreas, como a moda ou o desporto".

A AMF Safety Shoes conta atualmente com cerca de 210 trabalhadores, dos quais 80% estão na componente fabril e logística. Em 2023, a empresa faturou 19,5 milhões de euros e prevê um crescimento para 21 milhões de euros em 2024, com as exportações a representarem 80%. A sede encontra-se em Guimarães, onde está localizada toda a sua operação fabril. A empresa está a investir numa nova operação em Lousada, dedicada à logística, com cerca de 6 mil metros quadrados. Em Vila do Conde, a AMF Safety Shoes tem uma unidade fabril da empresa ALOFT, especializada na produção de solas para calçado técnico e que integra o Grupo AMF. Um dos marcos mais importantes na evolução da AMF Safety Shoes foi, em 2005, a criação da marca própria Toworkfor, que foi "provavelmente o primeiro sapato de segurança desportivo com um look trendy para a época, o que nos fez ganhar reconhecimento instantâneo dentro do setor", explica Albano Fernandes."

Hoje, a marca própria Toworkfor representa cerca de 50% da faturação total da AMF Safety Shoes. Outras inovações incluem a criação de uma coleção com uma sola desenvolvida em parceria com a Michelin e a coleção Infinity, que possui uma tecnologia de produção inovadora e patenteada, a tecnologia 3D Bonding, ganhou um IF Design Award.
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