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Negócios Iniciativas | A indústria da cortiça é essencial para a economia rural

Portugal é responsável por metade da produção global de cortiça e lidera as exportações deste material, com uma quota superior a 65%. As rolhas de cortiça representam mais de 70% do total das exportações do setor.

12 de Dezembro de 2024 às 15:30
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Portugal é o maior produtor de cortiça do mundo, representando metade da produção global.

.   Cortiça e Madeiras  

Com mais de 85 mil toneladas anuais, Portugal é o maior produtor mundial de cortiça, representando metade da produção global. Além de liderar na produção, Portugal assume também a liderança mundial nas exportações de cortiça, com uma quota superior a 65%. As rolhas de cortiça destacam-se neste setor, representando mais de 70% do total das exportações.

O setor da cortiça em Portugal gera um volume de negócios de 2 mil milhões de euros, exporta mais de metade da sua produção e integra cerca de 700 empresas, que empregam 8 mil trabalhadores, segundo dados de 2022. Para além das rolhas, a cortiça é utilizada numa ampla gama de aplicações, atuando como elemento diferenciador em materiais de construção (pavimentos, revestimentos e isolamentos), indústrias aeroespacial e naval, calçado, setor automóvel, design, entre outros. Estas aplicações diversificadas representaram um quarto das exportações totais de cortiça.

De acordo com dados definitivos recentemente divulgados pelo INE, 2023 encerrou com um valor total de 1.211 milhões de euros em exportações de cortiça. Contudo, registou-se um crescimento marginal em termos de valor (0,1%) e uma contração significativa na procura em volume, na ordem dos 16%, face ao mesmo período do ano anterior.

Outros produtos florestais

Em 2023, o saldo da balança comercial dos produtos de origem florestal registou um excedente de 2,9 mil milhões de euros, abaixo do valor observado em 2022 (3,3 mil milhões de euros). Os produtos à base de cortiça destacaram-se como o principal contributo, com um excedente comercial de 1 mil milhão de euros. Contudo, o peso relativo das exportações de materiais e produtos industriais de origem florestal no total das exportações nacionais diminuiu de 9,1% em 2022 para 8,1% em 2023. A fileira da madeira e do mobiliário registou, em 2023, exportações no valor de 3,163 mil milhões de euros, duplicando os valores alcançados na última década. De acordo com a AIMMP (Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal), esta fileira representou, em 2023, 4,38% do PIB nacional, 1,7% do VAB nacional, 5,7% do VAB da Indústria Transformadora, 4,1% das exportações nacionais de bens e 2,5% das importações nacionais de bens, com uma balança comercial positiva de cerca de 569 milhões de euros.

O comércio internacional do setor florestal terminou 2023 com um excedente de 2,9 mil milhões de euros.


A inovação é chave numa empresa centenária
A criação da primeira bola de futebol em cortiça ou o desenvolvimento do primeiro fio de cortiça são alguns dos exemplos de inovação do JPS Cork Group.

O JPS Cork Group é uma empresa familiar que exporta mais de 90% da sua produção para mais de 50 países.

"Apesar da acentuada instabilidade dos mercados internacionais, que se tem verificado, em particular, ao longo deste ano, acreditamos que já no próximo ano será possível recuperar o crescimento nas exportações", revela Albertino Oliveira, diretor comercial e de marketing do JPS Cork Group. Em 2023, o grupo faturou cerca de 35 milhões de euros, com uma previsão para 2024 que aponta para uma ligeira descida ou manutenção do volume de negócios face a 2023.

De acordo com Albertino Oliveira, esta recuperação será impulsionada pela "aposta contínua na industrialização da cortiça, um material natural, sustentável, reciclável e reutilizável, com características únicas, bem como na inovação de produtos e processos. A nossa estratégia passa por diferenciação, proximidade com os parceiros e mercados, e diversificação da gama de produtos". E acrescenta que "a ênfase está em proporcionar cada vez mais valor e sustentabilidade na nossa oferta, contribuindo para o desenvolvimento do Grupo e dos seus colaboradores, do próprio setor e do nosso país, ao serviço da descarbonização do planeta".

O JPS Cork Group, sediado em Santa Maria da Feira e fundado em 1924 por Jorge Pinto de Sá, é uma empresa familiar que exporta mais de 90% da sua produção para mais de 50 países, distribuídos pelos cinco continentes, e emprega 150 trabalhadores. "A área das rolhas de cortiça continua a ser a mais relevante, embora as restantes áreas estejam atualmente a aumentar o seu peso relativo", afirma Albertino Oliveira.

Além das rolhas destinadas ao setor dos vinhos e bebidas, o grupo oferece uma gama altamente diversificada de produtos e soluções em cortiça para vários setores, como a construção (isolamentos), decoração, desporto, têxteis, e calçado. Estes incluem revestimentos de paredes e pisos, tecidos de cortiça e outros produtos de eco-design.

O papel da inovação

Com mais de 100 anos de história, o grupo, atualmente gerido pela terceira geração, mantém-se no mercado graças a uma forte aposta na inovação. Entre os seus marcos estão a eliminação do TCA (tricloroanisol) detetável nas rolhas de cortiça, a criação da primeira bola de futebol em cortiça, do primeiro piso de cortiça em rolo e do primeiro fio de cortiça. "Têm sido diversos os produtos e processos resultantes de inovação no Grupo JPS Cork, aliás reconhecidos através de importantes prémios nacionais e internacionais", destaca Albertino Oliveira, reconhecendo que o futuro exige novas conquistas. "Teremos em breve no mercado as rolhas capsuladas, com cápsula em cortiça de alta densidade, destinadas ao segmento de luxo sustentável. É um novo componente, com rolha e cápsula inteiramente em cortiça, permitindo a reciclagem integral - algo até agora inatingível num mercado dominado por plástico e madeira", conclui o Albertino Oliveira.
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