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A mobilidade sustentável é um problema metropolitano

Os desafios dos transportes públicos em Oeiras são os mesmos da área metropolitana de Lisboa. É necessário olhar para além dos limites administrativos dos concelhos e ver uma cidade com mais de 3 milhões de habitantes.

29 de Novembro de 2024 às 14:30
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Foto em cima: Francisco Rocha Gonçalves, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Oeiras

"A mobilidade sustentável não coloca desafios apenas ao município de Oeiras, mas a toda a área metropolitana de Lisboa", referiu Francisco Rocha Gonçalves, vice-presidente da Câmara Municipal de Oeiras, durante uma iniciativa do Electric Summit, um projeto do Negócios, da Sábado e da CMTV, em parceria com a Galp, a REN e a Siemens, que conta com a EY como knowledge partner e com Oeiras como município anfitrião.

Recorda que vivemos num país onde, há 30 ou 40 anos, a rede ferroviária não estava ligada à rede de metro, porque se considerava que eram concorrentes. "Hoje sabemos que as redes de transporte têm de estar integradas e têm de servir os utilizadores", salientou Francisco Rocha Gonçalves.

A criação da TML (Transportes Metropolitanos de Lisboa) e a transferência das competências na área do transporte público para as áreas metropolitanas foi essencial, mas aconteceu há apenas quatro ou cinco anos. Estamos, portanto, a construir um caminho. Há cinco anos, Oeiras ainda operava com uma concessão de transportes com décadas, que não permitia à Carris ir além de Linda-a-Velha ou Miraflores.

Fazer uma ponte ferroviária ainda faz sentido, mas fazer uma travessia rodoferroviária Chelas-Barreiro é colocar o automóvel a entrar no centro da cidade.Francisco Rocha Gonçalves
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Oeiras

"Os desafios de Oeiras são os da área metropolitana. Temos de deixar de olhar de forma atomística para os limites administrativos dos concelhos e passar a ver uma grande cidade, com mais de 3 milhões de cidadãos, que precisa de artérias e veias para a circulação das deslocações pendulares. Temos de nos movimentar", afirmou o vice-presidente da Câmara Municipal de Oeiras.

As travessias do Tejo

Francisco Rocha Gonçalves contesta a decisão do governo de construir a terceira travessia rodoferroviária do Tejo entre Chelas e Barreiro. "Fazer uma ponte ferroviária ainda faz sentido, mas fazer uma travessia rodoferroviária Chelas-Barreiro é colocar o automóvel a entrar no centro da cidade", afirmou. Adianta que os estudos realizados ao longo de décadas defendiam que a travessia rodoviária deveria ser a Algés-Trafaria, pois esta ligaria a margem sul à CRIL e à CREL, que são vias circulares à volta da cidade.

"Numa lógica de planeamento e desenvolvimento urbano, o que pretendíamos era que o automóvel circulasse à volta da cidade e depois tivesse as saídas das circulares para entrar na cidade", conclui Francisco Rocha Gonçalves.

Falta poder regional

Deu o exemplo do Sistema Automático de Transporte Urbano (SATU), "um projeto muito mal compreendido, que deverá regressar dentro de pouco tempo, com uma ligação entre a Linha do Estoril e a Linha de Sintra. O objetivo é retirar o automóvel da cidade, permitindo a utilização do transporte público, neste caso elétrico e não tripulado".

Francisco Rocha Gonçalves afirma que, em Oeiras, está a ser proporcionada "uma qualidade de serviço superior à que existia antes, porque quando não existe e se passa a ter, já se tem algo". No entanto, em termos de cumprimento dos horários e de frequência, ainda não se oferece o serviço que as pessoas devem ter. Considera que "só quando houver autocarros e comboios suficientes, e circularem vazios, é que se poderá penalizar o automóvel, porque nessa altura existirá uma alternativa que não é utilizada."

Na sua opinião, "Portugal tem um problema de organização administrativa, porque tem um grau central, outro local, mas não tem o grau intermédio de decisão", afirmou Francisco Rocha Gonçalves. Para quem está no poder político local, sente-se a falta de articulação nestas questões que são, essencialmente, regionais.

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