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Negócios Iniciativas | O novo mundo dos blocos geoestratégicos

É um tempo em que a transição energética se cruza com muitas tensões geoeconómicas, pode redefinir alianças e estratégias empresariais, considerou Miguel Frasquilho.

03 de Março de 2025 às 19:45
Pedro Ferreira
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Foto em cima: O debate Portugal, CCILC e AMCHAM: As novas fortalezas contou com a participação de Miguel Frasquilho, António Martins da Costa, e Bernardo Mendia.

"Se a energia sempre foi um instrumento de poder, talvez nunca tenha estado tão no centro da geopolítica global como agora. É um tempo em que a transição energética se cruza com muitas tensões geoeconómicas e pode redefinir alianças e estratégias empresariais. Portugal está muito bem posicionado. Mais de 60% da energia que utilizamos vem de fontes renováveis, sendo o objetivo de 80% para 2026 um dos melhores resultados em termos da União Europeia", afirmou Miguel Frasquilho, anfitrião do programa Economia Sem Fronteiras no Now e ex-presidente da AICEP, durante a mesa-redonda sobre Portugal e as novas fortalezas geoeconómicas dos Estados Unidos e da China, que decorreu na conferência Electric Summit, dedicada ao tema "Energy Outlook 2025: The New Era of Power Politics".

Neste novo mundo de blocos geoeconómicos, os Estados Unidos "sempre conseguiram encontrar as melhores soluções do ponto de vista de decisões económicas, que são boas para os seus consumidores, e tanto faz que seja um governo mais republicano ou mais democrata", disse António Martins da Costa, presidente da AMCHAM - Câmara de Comércio Americana em Portugal.

Os Estados Unidos têm um mix energético em que, além das renováveis, possuem o nuclear, o gás natural e o petróleo. São autossuficientes e até excedentários na produção de alguns combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás natural, sendo este último destinado principalmente à exportação para a Europa. Explicou ainda que, se o governo federal pode alterar os incentivos, são os governos estaduais que estabelecem os objetivos energéticos. "A Califórnia tem quase 100% de renováveis em 2050", afirmou António Martins da Costa.

Portugal tem cerca de três mil horas de sol por ano, mas a energia solar é intermitente, necessitando de sistemas de armazenamento de energia, que só a Huawei produz e vende, referiu Bernardo Mendia, secretário-geral da CCILC - Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa.

Defendeu ainda que "Portugal devia ser mais inteligente e mais neutro e trabalhar com quem pode entregar aquilo que não conseguimos produzir, tentando trazer as tecnologias mais avançadas e a capacidade de investimento da China". 

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