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Negócios Iniciativas | João Conceição: “Não conseguimos inventar em redes em meses”

“A Europa não inova o suficiente para poder liderar um mercado hoje em dia. Se continuarmos neste caminho a Europa no futuro terá duas utilidades para o mundo, o turismo cultural e as marcas de luxo”, disse Fernando Silva.

Pedro Ferreira
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Foto em cima: A mesa redonda de wrap up contou com Fernando Silva, João Diogo Marques da Silva, e João Faria Conceição. 

A ideia mais consensual desta Eletric Summit foi de que "precisamos de redes, mas já não há tanto consenso em quem é que as paga", afirmou João Conceição, administrador executivo da REN, na mesa redonda de wrap up da conferência Electric Summit, dedicada ao tema "Energy Outlook 2025: The New Era of Power Politics", uma iniciativa do Negócios, da Sábado e da CMTV, em parceria com a Galp, a REN e a Siemens, contando com a EY como knowledge partner e com Oeiras como município anfitrião.

João Conceição relembrou que houve uma decisão anterior de desacelerar o investimento em redes e "de repente, se passou à conclusão que é preciso redes. Isto não é um problema só português, é europeu. As redes demoram anos a surgir, e, por muito que haja dinheiro, não conseguimos inventar redes num par de meses, é um processo longo".

Revelou que o plano de investimentos na rede elétrica de transporte para os próximos dez anos atinge cerca de mil milhões de euros de investimentos para os projectos base das necessidades da própria rede, cerca de 700 milhões de euros de necessidades de redes que decorrem de opções de política energética, e mais cerca de 500 milhões de redes para Sines entre 2026, 2029 e 2031. "É preciso perceber que as necessidades individuais de cada um destes utilizadores têm que ser equilibradas com a capacidade de resposta. Porque a capacidade de resposta de uma rede de transporte não é continua, é em saltos discretos", disse João Conceição.

"A Siemens acredita no equilíbrio entre diferentes fontes energéticas para ter uma evolução equilibrada e até mais resiliente, mais capaz de ultrapassar períodos de crise. É importante apostar na eletrificação, que é fundamental, mas também nos gases renováveis, nos biocombustíveis, nos combustíveis sintéticos", referiu Fernando Silva, CEO da Siemens para Portugal e Espanha, para quem os dois pontos críticos, como resposta para as principais exigências, são o equilíbrio e a tecnologia.

Na sua opinião, "a tecnologia pode permitir aproveitar e alavancar a capacidade das infraestruturas existentes sem termos de construir tudo de novo, porque às vezes, pensamos sempre que há de construir de novo, e costumo dizer não antes de construir de novo, vamos pensar se conseguimos digitalizar, se conseguimos ligar, se conseguimos aproveitar os dados para tirar o melhor partido das infraestruturas já existentes".

O regresso do oil & gas

João Diogo Marques da Silva, Co-CEO da Galp, advertiu que?"temos que olhar para esta transição com algum cuidado, com bom direção. Caso contrário, podemos criar uma situação sem saída, em que o próprio balanço das empresas, depois, não vai ter resiliência". Entende que "os combustíveis fósseis vão ter que permanecer nas próximas décadas. Não temos dúvida, não sabemos quantas décadas, sabemos que vão ficar". Mas acrescentou que "nem todo o investimento em petróleo faz sentido nesta altura. Em cada setor, em cada energia, temos de ter o cuidado que essa energia consiga ser resiliente". "A mobilidade elétrica deve ser vista com complementaridade em relação a uma rede que já existe e que tem muitos anos. Não a podemos substituir de imediato até porque, infelizmente, nem toda a gente, hoje, tem capacidade para comprar um carro elétrico. Temos que olhar para esta transição com algum cuidado, com boa direção. Caso contrário, podemos criar uma situação sem saída, em que o próprio balanço das empresas é afetado", considerou João Diogo Marques da Silva. "Temos que ter a resiliência no sistema energético para poder garantir a continuidade do abastecimento, que é um aspecto fundamental para as indústrias que estão neste processo", disse, acrescentando que "a sustentabilidade da transição energética depende de alguma objetividade, porque o oil vai, na verdade, permitir que o investimento que é feito em renováveis ou em energias de transição como o gás, que é uma das energias muito importantes nesta transição, sejam viáveis", concluiu.

A Siemens é empresa europeia com mais patentes apresentadas 5.250 o ano passado portanto 25 por dia útil e estamos no top a nível mundial. "Mas somos dos poucos que tem esta capacidade porque a Europa não inova o suficiente para poder liderar um mercado hoje em dia. Se continuarmos neste caminho a Europa no futuro terá duas utilidades para o mundo, o turismo cultural e as marcas de luxo", disse Fernando Silva.

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