Outros sites Medialivre
Notícia

Eletrificação vai dominar a mobilidade em Portugal

O futuro da mobilidade em Portugal é elétrico, garantiu o presidente da Siemens na Electric Summit. Maria João Pereira, secretária de Estado da Energia, anunciou que a tutela vai avançar com a “aprovação extraordinária de investimentos na rede para que os projetos previstos não sofram atrasos que levem à descredibilização do país”

21 de Junho de 2024 às 14:00
  • Partilhar artigo
  • ...
A eletrificação vai ter um "papel preponderante na evolução da economia e da sociedade, mas não nos podemos esquecer que há outras tecnologias que vão emergir como os biocombustíveis, os combustíveis sintéticos, os gases renováveis", afirmou Fernando Silva, presidente-executivo da Siemens Portugal, durante a mesa redonda "Transformação da Mobilidade no mundo real", durante a 3ª edição da Electric Summit, o Fórum Transição Energética e Mobilidade em Portugal 2024. Trata-se de uma iniciativa do Negócios, da Sábado e da CMTV, em parceria com a Galp, REN e Siemens, que se realizou no Auditório Carvalho Guerra, na Universidade Católica do Porto.

Na visão de Fernando Silva, a eletrificação não se limitará à mobilidade rodoviária, com os automóveis ligeiros, autocarros, camiões, mas abarcará as mobilidades como a marítimo-portuária ou aérea, e a rede de drones militares e comerciais.

A mobilidade elétrica é crucial para o futuro, mas este também será feito por uma combinação de energias. João Diogo Silva
Administrador da Comissão Executiva da Galp
"A mobilidade elétrica é crucial para o futuro, mas este também será feito por uma combinação de energias", defendeu João Diogo Silva, administrador da Comissão Executiva da Galp, sublinhando que 50% dos mil milhões de euros que a empresa investe anualmente é para soluções de redução da pegada carbónica ou para a produção de energia com base renovável. "Temos de saber olhar para as diversas cadeias de valor que vão proporcionar esta transição energética", salientou. Por isso, João Diogo Silva destacou os investimentos em Sines na Sustainable Aviation Fuel ou combustível sustentável para a aviação "que vai ser uma solução alternativa para as grandes companhias de aviação mundiais com os quais trabalhamos".

Na base destes novos modelos de mobilidade e de transição energética estão as infraestruturas de eletricidade e de gás que são geridas pela REN - Redes Energéticas Nacionais. "Para podermos fazer a eletrificação e a descarbonização da sociedade, o que também inclui os gases renováveis, é necessário assegurar que as infraestruturas, que estão de permeio entre estas atividades, existem e são planeadas de uma forma sustentável e atempada", alertou João Afonso, diretor de planeamento da REN. Considerou que compete à empresa assegurar "que são decididas as medidas necessárias para permitir esta transformação e transição energéticas e comportamentais". No caso dos carregamentos e da mobilidade elétrica, por exemplo, "temos de assegurar que existe disponibilidade de energia renovável a um custo aceitável", concluiu João Afonso.

Investimentos na rede

Neste sentido, Maria João Pereira, secretária de Estado da Energia, concordou que a transição para as energias verdes e sustentáveis "tem de ser acompanhada por um investimento muito significativo nas redes de transporte e distribuição dotando-as tecnologicamente, para permitir a eletrificação da sociedade e da indústria e continuar a assegurar a qualidade do abastecimento de energia e a segurança da sua operação". Chamou a atenção para o atraso do Programa de Desenvolvimento e Investimento na Rede de Transporte de Eletricidade (PDIRT-E), que devia ter sido preparado em 2023 para estar agora em fase final de aprovação. Por isso, anunciou a governante, "vamos proceder à aprovação extraordinária de investimentos na rede para que os projetos previstos não sofram atrasos que levem à descredibilização do país e a inviabilização dos próprios projetos enquanto avança a preparação do PDIRT-E".

João Pinto, Dean da Católica Porto Business School, centrou-se na visão da mobilidade, que, ao nível das cidades será alicerçada, sobretudo, no transporte público. "Esta passará por plataformas integradoras de várias soluções em que utilizador, de uma forma mais simples, possa ter acesso a várias soluções, e, no limite, mais sustentáveis", sublinhou o responsável.

João Pinto referiu ainda que alguns estudos prospetivos recentes apresentam, como tendências, "o crescimento contínuo da micro mobilidade, o progresso constante da eletrificação dos veículos, a disponibilidade de as novas gerações trocarem o veículo individual por soluções mais ecológicas como o transporte público, a mobilidade suave, o carsharing, carpooling, e, a médio e longo prazo, o investimento contínuo em veículos autónomos".
Mais notícias