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O mundo está em transição. Concretamente, "entre dois sistemas, um ainda muito assente nos combustíveis fósseis e outro sistema que procura utilizar mais recursos de energia limpa ou renováveis", afirmou Lívia Franco, professora associada e investigadora principal no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa, na sua comunicação na Electric Summit que se realizou ontem no Porto.
Em 2022-23, a Europa sentiu de uma forma muito aguda a crise energética por causa da guerra na Ucrânia, o que implicou a resolução da sua dependência energética da Rússia. Por isso, "redobraram os esforços para criar um sistema energético alternativo, mais eficiente e mais barato, mais limpo e que fosse mais seguro".
Pico dos fósseis em 2030
A investigadora referiu que as diferentes projeções mostram que ainda não se assistiu ao pico do uso das energias fósseis, que deve ser atingido em 2030. Mas, em simultâneo, assiste-se à aceleração do desenvolvimento das energias limpas e renováveis, e as projeções mostram que é uma tendência já muito consolidada para ter um grande peso em meados deste século.
"A verdade é que não se sabe o que vai acontecer até 2050, por isso, acho que é, sobretudo preciso, do ponto vista empresarial também, ter muita atenção à evolução das circunstâncias", advertiu Lívia Franco.
As narrativas políticas e dos media referem a transição energética como uma obrigação moral e de um dever ético para com o planeta e as gerações vindouras, tendo em vista as consequências das alterações climáticas. Mas, na análise de Lívia Franco, "o verdadeiro catalisador desta transição foi a necessidade, o medo, a geopolítica. Foi por causa desta que a transição se acelerou".
Acrescentou que, se durante muito tempo, "o mantra da globalização era a redução dos custos, agora o mantra é a redução dos riscos, que tem um papel fundamental na equação da ponderação dos investimentos que estão a ser feitos".
A investigadora referiu ainda que, por causa dos acontecimentos das duas últimas décadas, a opinião pública global passou a considerar não só os benefícios, mas "tornou-se mais consciente dos riscos e dos custos da globalização. O que não mudou é o eixo central, o coração, o elemento determinante da própria globalização, ou seja, a interdependência". Mas também a interdependência deixou de ser apenas forma de maior cooperação, e respostas comuns para problemas comuns, mas "ser recinto e arma de uma competição num contexto global" entre a China e os EUA.
Em 2022-23, a Europa sentiu de uma forma muito aguda a crise energética por causa da guerra na Ucrânia, o que implicou a resolução da sua dependência energética da Rússia. Por isso, "redobraram os esforços para criar um sistema energético alternativo, mais eficiente e mais barato, mais limpo e que fosse mais seguro".
A verdade é que não se sabe o que vai acontecer até 2050, por isso, acho que é, sobretudo preciso, do ponto vista empresarial também, ter muita atenção à evolução das circunstâncias. Lívia Franco
Professora associada e investigadora principal no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.
Como sublinhou Lívia Franco, isto não foi apenas um problema da Europa, porque esta crise, por efeitos da globalização, contagiou o resto do mundo. É o que explica a viragem global para as energias limpas e renováveis, como uma "via para resiliência, a independência energética e para o controlo soberano dos recursos energéticos". A energia e a geopolítica enlaçam-se.Professora associada e investigadora principal no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.
Pico dos fósseis em 2030
A investigadora referiu que as diferentes projeções mostram que ainda não se assistiu ao pico do uso das energias fósseis, que deve ser atingido em 2030. Mas, em simultâneo, assiste-se à aceleração do desenvolvimento das energias limpas e renováveis, e as projeções mostram que é uma tendência já muito consolidada para ter um grande peso em meados deste século.
"A verdade é que não se sabe o que vai acontecer até 2050, por isso, acho que é, sobretudo preciso, do ponto vista empresarial também, ter muita atenção à evolução das circunstâncias", advertiu Lívia Franco.
As narrativas políticas e dos media referem a transição energética como uma obrigação moral e de um dever ético para com o planeta e as gerações vindouras, tendo em vista as consequências das alterações climáticas. Mas, na análise de Lívia Franco, "o verdadeiro catalisador desta transição foi a necessidade, o medo, a geopolítica. Foi por causa desta que a transição se acelerou".
Acrescentou que, se durante muito tempo, "o mantra da globalização era a redução dos custos, agora o mantra é a redução dos riscos, que tem um papel fundamental na equação da ponderação dos investimentos que estão a ser feitos".
A investigadora referiu ainda que, por causa dos acontecimentos das duas últimas décadas, a opinião pública global passou a considerar não só os benefícios, mas "tornou-se mais consciente dos riscos e dos custos da globalização. O que não mudou é o eixo central, o coração, o elemento determinante da própria globalização, ou seja, a interdependência". Mas também a interdependência deixou de ser apenas forma de maior cooperação, e respostas comuns para problemas comuns, mas "ser recinto e arma de uma competição num contexto global" entre a China e os EUA.