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Os cuidados de saúde entre a pandemia e as doenças crónicas

Nesta crise de saúde, há um balanceamento entre os médicos dedicados ao coronavírus, e os que estão nas urgências, enquanto os casos não críticos ou de ambulatório são adiados.

31 de Março de 2020 às 13:00
A pandemia de covid-19 colocou desafios novos e exigentes ao setor da saúde. Pedro Catarino
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Como diz Micaela Seemann Monteiro, a infeção por coronavírus é uma de muitas doenças. Não é a única doença nem é aquela que mesmo agora mais mata em Portugal. "Temos um conjunto de população envelhecida com doença crónica, é uma franja da população que é mais vulnerável para ter consequências desta doença. A mortalidade, perante os números que temos, é de 2 a 3% e é a população com mais de 80 anos a grande atingida", refere. Explica que a doença com coronavírus é relativamente benigna para a maior parte da população.

"Tem de haver um grande cuidado dos profissionais de saúde para continuar o acompanhamento dos doentes crónicos para que estes se possam manter em casa, para que essas doenças não descompensem, porque muita da mortalidade tem a ver com descompensação das doenças crónicas no contexto desta infeção", sublinha Micaela Seemann Monteiro.

O papel da telemedicina

Acrescenta que "não podemos desfocar das reais exigências dos cuidados de saúde. O coronavírus é uma parte importante mas se nos descuidarmos de tudo o resto vamos ter resultados muito piores."

Como referiu Luís Vaz Henriques, "há um balanceamento entre os médicos dedicados ao coronavírus, como a medicina interna e outras especialidades, e os outros consignados às urgências, enquanto os casos não críticos ou de ambulatório podem ser adiados".

Micaela Seemann Monteiro, a médica que passou pelo Centro Nacional de Tele-saúde da SPMS, salienta que a telemedicina pode ter um grande papel nestas circunstâncias providenciando consultas de cardiologia para doentes com problemas cardíacos, pneumologia para as insuficiências respiratórias crónicas, para doentes oncológicos em tratamento e com o sistema imunitário debilitado que necessitam de cuidados e de acompanhamento.

Como referiu, muitas destas consultas foram desmarcadas para dar resiliência ao sistema e priorizar "e esse é o desafio de ver o que é importante fazer agora e o que pode ser adiado para mais tarde".

A saúde e as tecnologias em debate 

"A Transição Digital na Saúde" foi o tema do Espaço em Análise, organizado pelo Jornal de Negócios e a Claranet. Moderado por Alexandra Machado, editora executiva do Jornal de Negócios, o debate, realizado por videoconferência, contou com António Maia, Workplace Design & Adoption Director da Claranet, António Miguel Ferreira, presidente da Claranet Portugal e Managing Director Iberia and Latin America, Carlos Sousa, diretor de Sistemas e Tecnologias de Informação do Hospital Cruz Vermelha, Henrique Martins, ex-presidente do conselho de administração da SPMS, Luís Vaz Henriques, diretor IT / IS da Lusíadas Saúde e Micaela Seemann Monteiro, Chief Medical Officer da José de Mello Saúde.