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Os novos desafios e as novas oportunidades da banca é um dos temas em debate no 5.º Grande Encontro Banca do Futuro, que decorre no próximo dia 16 de novembro. O desafio mais estrutural da banca portuguesa continua a ser a rentabilidade dos capitais próprios, considera Manuel Requicha Ferreira, sócio da área de Bancário & Financeiro e Mercado de Capitais da Cuatrecasas. A concentração e a redução significativa do número de bancos permitiram a alguns bancos ganhar alguma escala e melhorar os seus rácios. Mas a banca portuguesa apresenta rácios de rentabilidade dos capitais próprios que ainda "não estão a um nível que seja atrativo para os investidores, e que o capital para os bancos está assegurado para o futuro".
Melhorar a rentabilidade passa pela digitalização, que reduz custos, automatiza processos e aumenta a eficiência. Ao mesmo tempo que atuam sobre a redução de custos têm de agir em termos de inovação, o que passa pelo blockchain, inteligência artificial, mobile bank, entre outros.
"Os bancos têm de ser mais criativos pelo lado das receitas porque a margem financeira, a intermediação financeira e as novas formas de receitas, como as comissões, estão mais ameaçadas e terão de criar novos produtos", refere João Luís Fonseca, Consulting Banking Lead Partner da Deloitte. Sublinha que os bancos têm de acompanhar a jornada do cliente durante o suprimento das suas necessidades e dos seus investimentos.
"Outro grande desafio que os bancos vão ter é a nova conjuntura económica e financeira a partir de 2023", considera Manuel Requicha Ferreira. A subida das taxas de juro associada ao grande aumento da inflação vai colocar "inevitavelmente" pressão sobre as famílias as empresas e desafios para os bancos sobre como fazer frente a estes problemas.
Com a covid-19 foi introduzida uma grande quantidade de dinheiro no sistema através de medidas combinadas dos bancos centrais e dos governos, como as moratórias, o que fez com que, na prática, as empresas e particulares tivessem um grande aumento da sua liquidez.
Mas Manuel Requicha Ferreira alerta que "vai chegar um momento que essas poupanças se vão exaurir e esgotar e se vão começar a sentir as consequências de forma mais visível. As dificuldades que as famílias e as empresas terão em suportar o aumento brutal dos custos financeiros, provocado pela subida das taxas de juro, aliado ao menor rendimento disponível devido ao crescimento da inflação, vai afetar os bancos".
João Luís Fonseca, consulting banking lead partner da Deloitte, refere que este contexto macro económico é marcado por uma grande incerteza e que o aumento das taxas de juro e da inflação se vão repercutir nos níveis de emprego, nos salários, no poder de compra com impacto no negócio bancário. Assinala que o indicador de incerteza do FMI, criado nos anos 1960, bateu os seus picos durante a pandemia de covid-19 e com as atuais questões geopolíticas.
Economias de escala
Para Álvaro Nascimento , administrador não executivo da Nors, "o setor bancário continua em grande turbulência e em ajustamento, os bancos estão a tentar reagir do ponto de vista tecnológico em relação às ameaças, e os entrantes estão a tentar crescer na cadeia de valor procurando em áreas tradicionais do setor bancário". Sublinha que as economias de escala vão contar cada vez mais. "No passado os bancos gozavam de alguma proteção porque o crescimento os obrigava a fazer investimentos proporcionais. Para aumentar o balanço tinham de investir mais em agências e em recursos. Hoje o investimento é quase um custo rapidamente escalável. É a grande mudança do jogo, porque os bancos tradicionais vêm com algum legacy que os bancos novos não têm, e, nesta corrida, uns têm a reputação e a imagem, como os bancos tradicionais, e os bancos novos têm a vantagem de não terem a complexidade dos sistemas e a serem mais ágeis e com capacidade de resposta à clientela".
Chamou ainda a atenção para as mudanças nos investimentos. "A visão de investir num depósito a prazo num banco seguro, numa aplicação em ações com algum risco, está em desaparecimento. Hoje assiste-se ao investimento quase numa lógica de gamificação, de jogo de casino, como se vê nas criptomoedas, nos tokens, em que não se tem a perceção do valor substancial, que é uma preocupação que se tem quando se investe em ações.
Há uma lógica de gamificação e de especulação", considera Álvaro Nascimento. Na sua opinião, "isto muda muito o sistema porque muito do dinheiro, que podia ser canalizado para atividades tradicionais de intermediação financeira, deixa de o ser e passa a ser canalizado por outro tipo de estratégias como as criptomoedas, por exemplo".
"Pode-se digitalizar e automatizar mas o talento humano é que faz a diferença, porque a conceção e a inovação de novos produtos e de novos modelos de negócio e os contactos com o cliente passam por este elemento humano", referiu João Luís Fonseca. Esta guerra pelo talento também foi referida por Álvaro Nascimento: "Os bancos vão ter desafios grandes no recrutamento de pessoas nos próximos anos e vai ser um tema dramático."
10h00 | Painel I
Inovações Digitais no Setor da Banca
Afonso Eça, diretor executivo, Centro de Excelência para a Inovação e Novos Negócios do BPI e Professor convidado, Nova SBE
João Fonseca, consulting banking lead partner, Deloitte
Manuel Requicha Ferreira, sócio, Cuatrecasas
Nuno Sousa, financial services director, Claranet
Moderação: Diana Ramos, diretora, Jornal de Negócios
11h20 | Painel II
Reconstruir o Futuro: Novos Desafios, Novas oportunidades
João Pedro Oliveira e Costa, presidente da Comissão Executiva, BPI
José João Guilherme, administrador Executivo, Caixa Geral de Depósitos
Mark Bourke, presidente da Comissão Executiva, Novo Banco
Miguel Maya, presidente da Comissão Executiva, Millennium BCP
Pedro Castro e Almeida, CEO, Santander Totta
Moderação: Diana Ramos, diretora, Jornal de Negócios
Melhorar a rentabilidade passa pela digitalização, que reduz custos, automatiza processos e aumenta a eficiência. Ao mesmo tempo que atuam sobre a redução de custos têm de agir em termos de inovação, o que passa pelo blockchain, inteligência artificial, mobile bank, entre outros.
"Os bancos têm de ser mais criativos pelo lado das receitas porque a margem financeira, a intermediação financeira e as novas formas de receitas, como as comissões, estão mais ameaçadas e terão de criar novos produtos", refere João Luís Fonseca, Consulting Banking Lead Partner da Deloitte. Sublinha que os bancos têm de acompanhar a jornada do cliente durante o suprimento das suas necessidades e dos seus investimentos.
"Outro grande desafio que os bancos vão ter é a nova conjuntura económica e financeira a partir de 2023", considera Manuel Requicha Ferreira. A subida das taxas de juro associada ao grande aumento da inflação vai colocar "inevitavelmente" pressão sobre as famílias as empresas e desafios para os bancos sobre como fazer frente a estes problemas.
Com a covid-19 foi introduzida uma grande quantidade de dinheiro no sistema através de medidas combinadas dos bancos centrais e dos governos, como as moratórias, o que fez com que, na prática, as empresas e particulares tivessem um grande aumento da sua liquidez.
Mas Manuel Requicha Ferreira alerta que "vai chegar um momento que essas poupanças se vão exaurir e esgotar e se vão começar a sentir as consequências de forma mais visível. As dificuldades que as famílias e as empresas terão em suportar o aumento brutal dos custos financeiros, provocado pela subida das taxas de juro, aliado ao menor rendimento disponível devido ao crescimento da inflação, vai afetar os bancos".
João Luís Fonseca, consulting banking lead partner da Deloitte, refere que este contexto macro económico é marcado por uma grande incerteza e que o aumento das taxas de juro e da inflação se vão repercutir nos níveis de emprego, nos salários, no poder de compra com impacto no negócio bancário. Assinala que o indicador de incerteza do FMI, criado nos anos 1960, bateu os seus picos durante a pandemia de covid-19 e com as atuais questões geopolíticas.
Economias de escala
Para Álvaro Nascimento , administrador não executivo da Nors, "o setor bancário continua em grande turbulência e em ajustamento, os bancos estão a tentar reagir do ponto de vista tecnológico em relação às ameaças, e os entrantes estão a tentar crescer na cadeia de valor procurando em áreas tradicionais do setor bancário". Sublinha que as economias de escala vão contar cada vez mais. "No passado os bancos gozavam de alguma proteção porque o crescimento os obrigava a fazer investimentos proporcionais. Para aumentar o balanço tinham de investir mais em agências e em recursos. Hoje o investimento é quase um custo rapidamente escalável. É a grande mudança do jogo, porque os bancos tradicionais vêm com algum legacy que os bancos novos não têm, e, nesta corrida, uns têm a reputação e a imagem, como os bancos tradicionais, e os bancos novos têm a vantagem de não terem a complexidade dos sistemas e a serem mais ágeis e com capacidade de resposta à clientela".
Chamou ainda a atenção para as mudanças nos investimentos. "A visão de investir num depósito a prazo num banco seguro, numa aplicação em ações com algum risco, está em desaparecimento. Hoje assiste-se ao investimento quase numa lógica de gamificação, de jogo de casino, como se vê nas criptomoedas, nos tokens, em que não se tem a perceção do valor substancial, que é uma preocupação que se tem quando se investe em ações.
Há uma lógica de gamificação e de especulação", considera Álvaro Nascimento. Na sua opinião, "isto muda muito o sistema porque muito do dinheiro, que podia ser canalizado para atividades tradicionais de intermediação financeira, deixa de o ser e passa a ser canalizado por outro tipo de estratégias como as criptomoedas, por exemplo".
"Pode-se digitalizar e automatizar mas o talento humano é que faz a diferença, porque a conceção e a inovação de novos produtos e de novos modelos de negócio e os contactos com o cliente passam por este elemento humano", referiu João Luís Fonseca. Esta guerra pelo talento também foi referida por Álvaro Nascimento: "Os bancos vão ter desafios grandes no recrutamento de pessoas nos próximos anos e vai ser um tema dramático."
10h00 | Painel I
Inovações Digitais no Setor da Banca
Afonso Eça, diretor executivo, Centro de Excelência para a Inovação e Novos Negócios do BPI e Professor convidado, Nova SBE
João Fonseca, consulting banking lead partner, Deloitte
Manuel Requicha Ferreira, sócio, Cuatrecasas
Nuno Sousa, financial services director, Claranet
Moderação: Diana Ramos, diretora, Jornal de Negócios
11h20 | Painel II
Reconstruir o Futuro: Novos Desafios, Novas oportunidades
João Pedro Oliveira e Costa, presidente da Comissão Executiva, BPI
José João Guilherme, administrador Executivo, Caixa Geral de Depósitos
Mark Bourke, presidente da Comissão Executiva, Novo Banco
Miguel Maya, presidente da Comissão Executiva, Millennium BCP
Pedro Castro e Almeida, CEO, Santander Totta
Moderação: Diana Ramos, diretora, Jornal de Negócios