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Vem aí uma nova Euribor. E pode ser mais baixa

A Euribor calculada com uma nova metodologia, baseada em transacções reais, deverá entrar em vigor no primeiro semestre deste ano. Ainda que a intenção seja de uma transição suave, o novo cálculo pode determinar taxas ainda mais negativas.

Reuters
01 de Maio de 2017 às 22:00
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Caso não haja novos adiamentos, a nova metodologia para o cálculo da Euribor deverá ser implementada até ao final deste trimestre. Para quem tem crédito à habitação, isto poderá significar um indexante ainda mais negativo, enquanto os bancos poderão ser confrontados com margens ainda mais deprimidas.

A Euribor serve de indexante para o grosso dos créditos para comprar casa em Portugal, mas o Instituto Europeu de Mercados Monetários (EMMI, na sigla anglo-saxónica) tem estado a desenvolver uma fórmula alternativa para o cálculo deste indexante, tendo como objectivo aumentar a transparência na definição da taxa. Durante esta semana serão divulgados novos números sobre os testes realizados à nova metodologia por cerca de 40 bancos, entre Setembro de 2016 e Março deste ano.

"Este resultado vai determinar a viabilidade de evoluir em direcção a uma transacção total baseada na metodologia da Euribor seguindo um ritmo de transição harmoniosa", explicou ao Negócios fonte do EMMI. Ao contrário do que acontece actualmente, em que a Euribor é definida com base em estimativas de quanto estão disponíveis a cobrar os bancos para emprestar dinheiro entre si, a nova taxa será calculada com base em transacções reais.

"As alterações que estão a ser analisadas pretendem sobretudo garantir a transparência, robustez e maior representatividade das condições do mercado no processo de determinação do ‘benchmark’ Euribor", explica Paula Gonçalves Carvalho. Para a economista-chefe do BPI, "dada a importância do indexante e a sua vasta utilização no mercado e na fixação de condições contratuais com clientes, qualquer alteração procurará assegurar o menor ruído possível não devendo ser factor desestabilizador".

Mas, os bancos poderão manifestar a sua oposição à implementação das novas regras. É que apesar de as Euribor estarem em valores negativos em todos os prazos, as transacções reais estão a ser realizadas em níveis ainda mais baixos. E é por isso que os bancos pressionaram no sentido de um adiamento da implementação das novas regras no ano passado – a nova Euribor deveria ter entrado em vigor a 4 de Julho de 2016 – , forçando a novos testes. E o mesmo deverá voltar a acontecer agora.

"As transacções em mercado monetário estão a ser feitas a taxas mais negativas que as publicadas", realça Filipe Garcia, economista da IMF. "Uma mudança maior nas transacções com base na Euribor é improvável, mas vemos mais argumentos a favor de taxas ligeiramente inferiores sob a nova metodologia, ao mesmo tempo que a volatilidade deverá aumentar", antecipa o Commerzbank, numa nota de investimento sobre a nova Euribor.

As Euribor negoceiam em valores negativos em todos os prazos. A Euribor a 12 meses, a última a entrar em terreno negativo, encerrou a última sessão em -0,121%, uma evolução que tem pressionado as receitas da banca.

Assim, caso os resultados confirmem taxas mais negativas para a banca, o sector poderá pressionar no sentido de novos ajustamentos à metodologia. "Não me parece que haja muita vontade da banca alterar as regras do jogo numa altura em que isso significaria, provavelmente, indexantes Euribor mais baixos", remata Filipe Garcia. 

Como se vai calcular a Euribor

Ao contrário do modelo actual, em que a Euribor é calculada com base nas estimativas de quanto os bancos vão cobrar para emprestar dinheiro entre si, a nova metodologia será baseada em valores reais. E para o seu cálculo serão incluídos vários indicadores, alguns dos quais fornecidos por outros agentes, além dos bancos. Assim, os bancos participantes terão de submeter volumes diários e as taxas de juro relativas a depósitos não garantidos de contrapartes institucionais, tais como fundos de mercado monetário, instituições financeiras e seguradoras, bem como títulos de curto prazo. O objectivo é perceber o valor real das transacções e não ter apenas estimativas. Uma das consequências desta nova fórmula de cálculo será, contudo, a maior volatilidade das taxas devido às condições de mercado. 

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