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Bancos chumbam nova Euribor

Instituto responsável pela Euribor considera que a transição para um novo indexante do crédito baseado apenas em transacções reais "não é viável". Nova taxa seria mais baixa nas actuais condições de mercado, mas também mais instável.

Bruno Simão/Negócios
04 de Maio de 2017 às 18:24
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Após os escândalos de manipulação da Euribor que emergiram após a crise financeira, ficou decidido alterar o método de formação da taxa que é usada para definir os juros do crédito. A ideia era usar apenas transacções reais entre bancos e agentes no mercado, mas não deverá sair do papel. Solução estará num sistema híbrido.

 

O Instituto Europeu dos Mercados Monetários (EMMI, na sigla inglesa), que gere e divulga a Euribor, emitiu esta quinta-feira um comunicado onde conclui "que nas actuais condições de mercado não será viável alterar a actual metodologia de cálculo da Euribor para um sistema totalmente baseado em transacções, sem que haja sobressaltos".

 

O Instituto, que tem como membros as associações de bancos dos Estados-membros da União Europeia, realizou um exercício de simulação da taxa entre Setembro de 2016 e Fevereiro de 2017, a partir de dados recolhidos por 31 bancos em 12 países. E é com base nas conclusões desse exercício que considera não ser viável a transacção para a chamada Euribor-Plus. A Autoridade Europeia dos Mercados e instrumentos Financeiros (ESMA) já tomou nota da decisão.

 

A Euribor é calculada actualmente com base nas taxas indicadas pelos bancos que fazem parte do painel, tendo em conta o juro a que estão dispostos a ceder fundos entre si. Ou seja, tem por base estimativas. Um método que se revelou vulnerável a manipulações. A nova metodologia seria baseada em transacções reais entre bancos e outros agentes do mercado.

 

Num artigo publicado esta semana pelo Negócios a economista-chefe do BPI, Paula Carvalho, explicava que "as alterações que estão a ser analisadas pretendem sobretudo garantir a transparência, robustez e maior representatividade das condições do mercado no processo de determinação do ‘benchmark’ Euribor". A economista salientava ainda que "dada a importância do indexante e a sua vasta utilização no mercado e na fixação de condições contratuais com clientes, qualquer alteração procurará assegurar o menor ruído possível não devendo ser factor desestabilizador".

 

Nova Euribor teria taxas mais baixas

O Commerzbank emitiu uma nota na semana passada onde antecipava que a Euribor-Plus seria ainda mais baixa (neste caso negativa) do que a que está em vigor. Previa ainda que ela fosse mais volátil. Dois factores que podem explicar a conclusão do instituto de que o novo indexante não é viável.

 

A solução estará num modelo híbrido. "Continuamos empenhados em reformar a metodologia do indexante de forma a ancorar, na extensão possível, a Euribor em transacções reais no mercado. Nos próximos meses iremos focar-nos no desenvolvimento de uma metodologia híbrida, capaz de se adaptar às condições de mercado prevalecentes", afirma Guido Ravoet, secretário-geral da EMMI, no comunicado.  

 

"O Colégio da Euribor toma nota desta decisão e continuará a trabalhar com a EMMI em planos alternativos para a reforma e transição da Euribor", afirmou a ESMA em comunicado.

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