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Portugal financia-se aos juros mais baixos de sempre

O IGCP emitiu 1.000 milhões de euros em dívida de curto prazo, 800 milhões dos quais a 12 meses. A taxa média foi de 0,216%, o custo mais baixo de sempre e menos de metade da taxa no leilão feito há um mês.

20 de Agosto de 2014 às 10:47
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O Tesouro português emitiu esta quarta-feira 800 milhões de euros num leilão de bilhetes do Tesouro a 12 meses, a um preço que pressupõe uma taxa média ponderada de 0,216%. É a mais baixa desde que foram criados os bilhetes do Tesouro, em 2003.

 

No leilão semelhante realizado há um mês, a taxa fora de 0,453%, na altura uma subida face aos 0,354% anteriores que foi justifica com a incerteza em torno do Banco Espírito Santo.

 

Foram também emitidos 200 milhões em dívida a três meses, com uma taxa de 0,097%, completando os 1.000 milhões de euros que correspondiam ao máximo do intervalo previsto pelo IGCP.

 

"Os resultados positivos deste leilão revelam que a estratégia de financiamento do IGCP não foi afectada pela turbulência em torno do GES", escreve Steven Santos, gestor da XTB Portugal, em nota de análise. "Os investidores internacionais souberam separar a dívida soberana da crise no GES, que tanto afectou os mercados accionistas, e disputaram os títulos nacionais", nota.

 

A procura superou em quase duas vezes (1,79 vezes) o montante colocado no prazo mais longo, de 12 meses, e em mais de três vezes (3,35 vezes) a três meses. "Apesar do período de férias ter reduzido a liquidez nos mercados de dívida, a procura não se ressentiu", acrescenta Steven Santos.

 

A contribuir para a redução dos juros terá também estado o facto de o IGCP definir como objectivo a obtenção de 750 milhões a 1.000 milhões de euros, menos do que os 1.000 milhões a 1.250 milhões anteriormente previstos.

 

Também Espanha se financiou terça-feira às taxas mais baixa de sempre, numa altura em que as taxas de juro estão em mínimos em toda a Europa fruto da baixa inflação e das medidas de estímulo anunciadas pelo BCE. Acresce, em Portugal, que os últimos dados do PIB devolveram alguma da confiança aos investidores após a crise no BES.

 

Além deste leilão duplo de bilhetes do Tesouro, o IGCP planeia fazer mais uma emissão de curto prazo em meados de Setembro e também "um ou dois" leilões de obrigações do Tesouro. A agência que gere o crédito público português admite também fazer uma emissão sindicada de obrigações do Tesouro (dívida de longo prazo).


Uma emissão a 15 anos esteve nos planos do IGCP e, apesar da incerteza gerada pela crise no Banco Espírito Santo, é ainda uma possibilidade, dizem analistas. Além do efeito de compressão de taxas promovido pelo BCE, "os números do crescimento do PIB [0,6% no segundo trimestre] foram claramente positivos", diz Michael Michaelides, estratego do RBS.

 

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