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Malparado das famílias renova máximos históricos
Nunca o crédito de cobrança duvidosa das famílias representou uma percentagem tão elevada dos empréstimos concedidos. Em Setembro, o malparado subiu em todos os segmentos e só não está em máximos históricos no consumo.
Os dados do Banco de Portugal, revelados esta terça-feira, demonstram que o crédito de cobrança duvidosa das famílias aumentou em todos os segmentos, no mês de Setembro. Do total de empréstimos concedidos a particulares, 4,29% está dado como malparado, superando os 4,26% atingidos um mês antes, fixando um novo recorde.
Desde o início de 2014, que a percentagem de crédito malparado nas famílias se situa acima dos 4%.
Em Setembro, verificou-se uma redução dos saldos totais dos empréstimos às famílias, o que comtribuiu para o aumento do peso dos incobráveis.
Em máximos históricos está também o malparado no crédito à habitação, que tipicamente é o último a deixar de ser pago pelas famílias em dificuldades. Segundo os dados publicados pelo Banco de Portugal esta terça-feira, 11 de Novembro, do total de financiamento para a compra de casa, 2,50% estava em situação de cobrança duvidosa, superando os 2,46% fixados em Agosto.
No crédito para outros fins (educação, energia e empresários por conta própria), a percentagem de malparado continua acima dos 14%. Em Setembro, voltou a aumentar para um novo máximo histórico nos 14,84%.
Já no crédito ao consumo, a percentagem de empréstimos em situação de difícil recuperação aumentou pelo segundo mês consecutivo. Situou-se nos 10,79%, acima dos 10,78% atingidos em Agosto. Neste segmento, o máximo histórico foi fixado em Julho do ano passado, nos 12,18%.
No que se refere às empresas, por casa 100 euros financiados, 13,87 euros não estão a ser pagos às instituições financeiras. Ou seja, o malparado das instituições não-financeiras aproxima-se dos 14% (13,87%). Também esta percentagem nunca antes tinha sido alcançada e significa um incremento face aos 13,76% fixados em Agosto.
O malparado tem vindo a subir nos últimos anos, com uma intensificação no último ano, a reflectir as medidas de consolidação orçamental que retiraram rendimentos às famílias, somadas à subida do desemprego. Em 2007, antes da crise financeira mundial, a taxa de crédito malparado a particulares não superava os 2%.