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Juros disparam 100 pontos e aproximam-se dos 8% com receios sobre apoio político ao programa da troika (act)

Nova escalada nas taxas de juro implícitas das obrigações portuguesas, num dia em que o debate do Estado da Nação trouxe novas ideias à imprensa internacional. "Oposição quer uma renegociação do programa de ajuda" é o título de uma notícia da Reuters, que aumenta os receios em torno de Portugal.

José Manuel Ribeiro/Reuters
12 de Julho de 2013 às 14:47
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As taxas de juro implícitas nas obrigações portuguesas começaram a acentuar a tendência de ganhos por volta das 13h, sem que tivessem sido divulgadas notícias ou comunicados que explicassem o comportamento.

 

Mas uma ronda pela imprensa internacional ajuda a explicar o comportamento dos investidores, numa altura em que a incerteza em torno de Portugal é elevada. A Reuters titula a notícia sobre o debate do Estado da Nação de "Oposição quer uma renegociação do programa de ajuda".

 

“Temos de abandonar as políticas de austeridade. Temos de renegociar os termos do nosso programa de ajustamento.” “O primeiro-ministro tem de reconhecer publicamente que estas políticas de austeridade falharam”. Estas são as citações de António José Seguro que a Reuters põe no seu texto e que estão a ser interpretadas como um aumento da crise política. Isto apesar de não representarem uma novidade no discurso do líder do PS, que tem reclamado nos últimos meses uma mudança de políticas e uma renegociação no memorando de entendimento.

 

“Os investidores estão a ficar mais nervosos com a situação política” em Portugal, afirmou Paolo Batori, da Morgan Stanley, ao Financial Times. O mesmo responsável diz que passou a adoptar uma postura mais cautelosa em relação a Portugal, aconselhando mesmo aos clientes que reduzam a exposição a Portugal, nos momentos de subida do preço dos títulos.

 

“Antes havia um compromisso a 100% de implementar o programa da troika. Agora os investidores estão a questionar essa âncora política chave”, acrescentou Paolo Batori ao FT.

 

A contribuir para este nervosismo dos investidores está também a notícia de que Portugal pediu um adiamento da oitava avaliação do programa de ajustamento português para que coincida com a nova avaliação e que seja iniciada apenas no final de Agosto. O que também estará a contribuir para algum nervosismo em relação à implementação das medidas acordadas entre Portugal e a troika – Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE).

 

Já esta manhã, comentando a crise política em Portugal, o Citigroup avisava que “as negociações com a troika serão agora menos suaves do que no passado”.

 

Os juros da dívida portuguesa estão a registar fortes subidas em todos os prazos. A menor é verificada na “yield” a dois anos, que avança 51,9 pontos para 5,719%. A cinco anos a subida é de 126,1 pontos para 7,659% e a 10 anos é de 93,5 pontos para 7,834%.

 

As “yields” registam subidas desde o início da sessão, mas por volta das 13h15 acentuaram a tendência de subida, registando agora ganhos na ordem dos 100 pontos base.

 

Cavaco pressiona partidos

 

A contribuir para a subida dos juros continua assim a crise política, num dia em que o Presidente da República emitiu um comunicado onde diz que quer que as negociações entre os partidos que assinaram o memorando de entendimento, com vista a um compromisso de salvação nacional, sejam concluídas “num prazo muito curto”.

 

Os partidos do arco governativo – PSD, PS e CDS – foram chamados por Cavaco Silva para tentarem encontrar uma solução que passe por um acordo de salvação nacional, depois de na semana passada Paulo Portas ter apresentado a sua demissão, abrindo uma crise política.

 

E, ao contrário do que se esperava, o Presidente da República não deu um “ok” à proposta de remodelação apresentada pelo primeiro-ministro e Paulo Portas. Em vez disso, apelou a um acordo que incluísse os três partidos que assinaram o memorando de entendimento – PSD, PS e CDS – e defende que se preparem as eleições para depois do fim do programa de assistência, agendado para Junho do próximo ano.

 

As conversas entre os três partidos e o Presidente da República iniciaram-se logo na quinta-feira, um dia depois do anúncio de Cavaco Silva. Os investidores aguardam com alguma expectativa a resolução desta questão, sendo que ontem acabaram por não penalizar de forma muito acentuada a bolsa e os juros por estarem mais centrados no facto do Presidente da República ter rejeitado convocar eleições para já.

 

Esta sexta-feira foi marcada pelo Debate do Estado da Nação, com Passos Coelho a apelar ao consenso político e a desejar que o PS aceite reunir-se, já na próxima semana, com a troika para, em conjunto com o PSD e o CDS, encontrarem uma forma de responder ao pedido do Presidente da República e ao mesmo manter o programa de ajustamento em curso.

 

Portugal regressa ao mercado

 

A marcar o dia está também o anúncio por parte do IGCP – Agência da Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública de emissão de dívida.

 

Portugal marcou a primeira emissão de dívida a longo prazo do segundo semestre do ano para a próxima quarta-feira, 17 de Julho. O período é de tensão, já que é exactamente uma semana depois de o Presidente da República ter pedido um compromisso de salvação nacional aos partidos do arco governativo.

 

Na quarta-feira, o IGCP – Agência da Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública irá emitir dívida a cinco e a 12 meses com o intuito de alcançar entre 1,25 e 1,5 mil milhões de euros. A operação corresponde à reabertura de linhas de crédito. Portugal quer ainda emitir a longo prazo, mas no calendário de emissões divulgado esta sexta-feira não foi revelada qualquer data que tenha como objectivo uma emissão de maior prazo.

 

(Notícia actualizada às 15h40 com indicação das notícias da imprensa estrangeira)

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