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Autoridades suecas ponderam forçar famílias a amortizar créditos para reduzirem dívida

O endividamento privado na Suécia está a atingir níveis “preocupantes”, pelo que as autoridades estão a preparar medidas que evitem problemas no sistema financeiro. Actualmente, considerando que a maioria das famílias paga apenas juros no início do contrato, o tempo médio de liquidação dos empréstimos é de 140 anos, e o endividamento é superior em 170% do rendimento disponível.

Reuters
11 de Setembro de 2013 às 16:33
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Os níveis de endividamento das famílias suecas são dos mais elevados da Europa. Actualmente, o valor dos empréstimos contraídos excede em 170% o valor do rendimento disponível e as autoridades estimam que em 2015 o valor da dívida privada aumente para 177%.

 

Entre 2004 e 2008, o ritmo financiamento era de 10% ao ano. Com a introdução de medidas mais restritas na concessão de crédito, o ritmo de crescimento diminuiu para 4,5% no último ano. Porém, governantes e entidades reguladoras estão novamente preocupados, uma vez que o ritmo de endividamento dos suecos está a acelerar novamente. Em Julho, a contracção de empréstimos aumentou 4,8%, depois de em Junho e Maio já ter crescido 4,6%.

 

Desde 2000, o preço das habitações na Suécia duplicou e existe o receio de que se esteja a formar uma bolha no sector imobiliário. Os valores do endividamento privado acarretam também sérios riscos para os bancos, cujo valor dos activos excede em quatro vezes o tamanho da economia sueca.

 

Um relatório, divulgado em Março, elaborado pela Autoridade de Supervisão Financeira (FSA, na sigla inglesa) sueca mostra que, tendo em consideração os actuais níveis de amortização, se estes fossem mantidos, as famílias demorariam, em média, cerca de 140 anos para pagar os empréstimos. Isto devido ao tipo de contratos de crédito celebrados, já que a maior das famílias opta por começar a pagar apenas juros no início dos contratos, só posteriormente começa a amortizar a dívida. 

 

A Bloomberg explica que apenas 40% dos cidadãos que contraíram empréstimos, e cuja dívida é inferior a 75% do valor do imóvel, estão a amortizar os seus créditos.


Em causa está o facto de, na Suécia, ser muito recorrente as famílias optarem pela carência de capital no início dos contratos de crédito. Ou seja, nos primeiros tempos não amortizam capital, pagam apenas juros. Desta forma, muitos cidadãos optam por adiar a amortização para fases tardias da vida. E é este contexto que eleva para 140 anos o tempo médio de liquidação de um contrato de crédito à habitação.

 

O regulador tem introduzido regras mais apertadas para evitar problemas no sistema financeiro. Em Outubro de 2010, a FSA introduziu uma cláusula para a contracção de empréstimos, que dita que os bancos não podem financiar mais de 85% da avaliação da propriedade a adquirir.

 

Porém, com os níveis do endividamento privado as autoridades e o Governo ponderam introduzir medidas adicionais para impedir que os níveis de dívida continuem a aumentar. Uma das medidas que está a ser analisada é a amortização obrigatória. 

 

“Se os níveis de endividamento continuarem a aumentar, para níveis já verificados, teremos de fazer alguma coisa”, indica o director-geral da FSA, Martin Andersson, citado pela Bloomberg. “Amortização [dos empréstimos] é o passo mais natural”, acrescenta ainda Martin Anderson. Ainda assim, não se compromete com a introdução de uma medida deste género.

 

Apesar de o Governo sueco afirmar “estar preparado para introduzir medidas adicionais caso as já adoptadas não tenham os efeitos esperados”, o Executivo indicou anteriormente que a amortização obrigatória não é a melhor medida para travar os níveis de endividamento. “Temos de encontrar uma maneira que não cause uma mudança abrupta no mercado, uma vez que poderia ter impactos no consumo e no crescimento económico”, disse esta terça-feira o ministro de Mercados Financeiros, Peter Norman, citado pela Reuters.

 

No último mês, o Executivo sueco revelou uma estratégia para reforçar as regras de capital dos bancos, sendo que as entidades bancárias suecas são das que já estão sujeitas às regras mais rígidas. De acordo com o governador do Riksbank, o banco central do país, a nova estratégia vai “ajudar a criar um melhor potencial para reduzir os riscos associados com os elevados níveis de endividamento das famílias”. Um sistema financeiro com o tamanho do sistema sueco deixou o país “vulnerável” a choques financeiros, indicou o ministro de Mercados Financeiros.

 

Apesar de o Governo considerar que a amortização obrigatória não é a medida mais indicada a implementar a possibilidade continua em cima da mesa, uma vez que, como indicou Peter Norman, a decisão final cabe à FSA e não ao Governo.

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