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Centeno: BCE “não precisa de se limitar” ao atual ritmo de corte de juros
Em entrevista à Bloomberg, Mário Centeno volta a defender um corte mais acentuado nas taxas de juro, considerando que o BCE pode dar passos mais significativos do que um quarto de ponto.
A ausência de uma recuperação sustentada e os riscos crescentes para a economia devem encorajar cortes mais acentuados nas taxas de juros, sustenta Mário Centeno, em entrevista à Bloomberg .
O governador do Banco de Portugal, que já tem vindo a defender uma trajetória mais rápida de redução, insiste na ideia sublinhando que o BCE não precisa de ficar limitado a cortes de 25 pontos base.
"Não precisamos de nos limitar [a cortar juros] a um ritmo de 25 pontos base", afirmou o membro do conselho de governadores do BCE, à margem dos encontros do Fundo Monetário Internacional, em Washington.
O argumento, segundo explica a agência de notícias, é de que os obstáculos ao crescimento devem ser removidos para incentivar o consumo, antes que a subida do desemprego dificulte a recuperação económica.
"Para uma economia que passou dez anos com uma inflação média de 0,9%, que não está a investir, e que está suportada num mercado de trabalho que dá alguns sinais de fraqueza, temos de considerar a possibilidade de nos movimentarmos em passos mais significativos", concretizou.
Nem todos os membros do conselho de governadores concordam com a ideia, com os "falcões" a resistirem a um corte de meio ponto caso a economia não se deteriorar muito mais.
"Isto indica que o ritmo dos cortes nas próximas reuniões continua em aberto", conclui Bert Colijn, economista chefe do banco ING.
Na semana passada, o BCE decidiu cortar juros, pela segunda vez consecutiva, em 25 pontos base.
A Bloomberg refere que os economistas antecipam um corte de 25 pontos base nas próximas três reuniões, e mais dois movimentos até ao final de 2025, enquanto os mercados financeiros começam a reforçar a aposta num corte de 50 pontos em dezembro.