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Centeno admite descida mais acelerada das taxas de juro

O governador português considera que o juro de referência está ainda “muito acima” do nível “neutro”, para onde o BCE caminha. Já a presidente Christine Lagarde diz que o caminho está definido, mas o ritmo de cortes por determinar.

Rodrigo Antunes / Lusa
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O Banco Central Europeu (BCE) deve considerar uma trajetória mais rápida da descida dos juros, desde que os dados económicos o permitam. Foi o que defendeu esta terça-feira Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, durante a Macro Week 2024, organizada pelo Instituto Peterson de Economia Internacional.

"Se vão ser 25 [pontos base] ou se a certa altura vão ter de ser 50, isso é algo que os dados nos vão dizer. Não acho que o Conselho de Governadores deixe de considerar uma trajetória mais rápida se os dados nos disseram para fazermos isso - é possível", afirmou, citado pela Bloomberg.

O BCE avançou este mês com um corte de 25 pontos-base, que coloca a taxa de juro de referência na Zona Euro nos 3,25%. Foi a terceira descida este ano.

No seu discurso, Centeno disse esperar que a política monetária mantenha "um caminho previsível, gradual, mas constante, no sentido de um nível mais neutro para as taxas de juro". Tal taxa "neutra" tanto pode ser "de 2% ou ligeiramente abaixo de 2%", sendo que a atual está ainda "muito acima deste nível neutro, por isso este processo vai continuar".

Centeno, conhecido como um dos governadores mais apologistas de uma política monetária flexível, disse ainda esperar que a inflação volte a subir nos próximos meses, ficando ligeiramente acima dos 2% nos próximos trimestres. "Vejo mais riscos em ficarmos aquém da meta para inflação do que o contrário", afirmou.

Lagarde não exclui inflação na meta de 2% mais rápido


A inflação na Zona Euro desacelerou mais do que o previsto, para 1,7% em setembro. O valor ficou abaixo da meta de 2% definida pelo BCE como crucial para garantir a estabilidade de preços.

Uma leitura mensal não chega, contudo, para a autoridade monetária dar a inflação como vencida e o grupo de decisores tem mantido um discurso de cautela. Ainda assim, também esta terça-feira, a presidente Christine Lagarde admitiu que a inflação pode atingir a meta de 2% mais rapidamente do que tem sido projetado.
"Estou absolutamente confiante de que atingiremos essa meta de forma sustentável no decorrer de 2025", disse a francesa no evento Bloomberg Newsmaker. Questionada sobre se poderia mesmo acontecer antes do último trimestre de 2025, como estima o "staff" do BCE, respondeu: "é esse o meu desejo."
A francesa rejeitou, contudo, antecipar a dimensão do próximo corte. "Haverá pessoas toda a semana a dizerem que devia ser 50 ou 25. Não. A direção do caminho é clara, o ritmo ainda será determinado", afirmou.
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