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Um terço da dívida soberana europeia tem taxas negativas
Mais de 2 biliões de dólares em títulos de dívida pública de países do euro negoceiam com rendibilidades negativas, numa altura em que se espera que o BCE aumente os estímulos à economia.
As declarações mais recentes de Mario Draghi contribuíram para reduzir ainda mais as taxas de rendibilidade que os investidores exigem para comprar títulos de dívida soberana europeia.
Dados recolhidos pela Bloomberg dão conta que o montante de dívida europeia que transacciona com taxas negativas já supera os 2 biliões de dólares (1,88 biliões de euros), o que representa um terço do total da dívida emitida no mercado.
Os países do euro têm um total de 6,4 biliões de dólares (6 biliões de euros) de dívida emitida no mercado e antes da última reunião do BCE "apenas" 1,38 biliões de dólares (1,30 biliões de euros) negociava com "yields" negativas.
Foi desde a conferência de imprensa de Draghi a 22 de Outubro, quando o presidente do BCE anunciou que a autoridade monetária estava a estudar a implementação de mais estímulos, que se intensificaram as taxas negativas na dívida europeia.
Nos últimos dias o presidente do BCE tem feito declarações que reforçam esta expectativa, sendo que o mercado está já a descontar uma descida de 10 pontos base na taxa dos depósitos, que poderá passar de -0,2% para -0,3%.
A confirmar-se este corte, o potencial de atractividade da dívida de países da Zona Euro aumentará, pois ainda que as taxas estejam negativas, será menos penalizador colocar o dinheiro em obrigações soberanas europeias do que no banco central.
Toda a dívida alemã no mercado secundário com maturidades abaixo de seis anos negoceia com taxas negativas, pelo que os investidores estão a aceitar perder dinheiro para investir nestes títulos. Se um investidor compra uma obrigação com "yield" negativa perderá dinheiro caso a conserve até à maturidade, mas pode ganhar caso venha o título a um preço mais alto (ou "yield" mais baixa).
Na dívida francesa as "yields" negativas registam-se abaixo de quatro anos, sendo em quase todos os países do euro têm taxas negativas. É o caso de Espanha, com a dívida a dois anos a apresentar uma "yield" de -0,002%. A dívida portuguesa nesta maturidade está com uma "yield" de 0,184%.
Além do corte da taxa dos depósitos, os bancos estimam que o BCE vai reforçar o montante do programa de compra de activos (actualmente em 1,1 biliões de euros), o que tem também um forte impacto nos juros das obrigações soberanas. A reunião da autoridade monetária será na próxima semana, a 3 de Dezembro.