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Risco da dívida portuguesa recua para mínimo de Janeiro de 2016 após leilão
A descida dos custos de financiamento de Portugal no duplo leilão realizado esta quarta-feira teve impacto no mercado secundário, com os juros a 10 anos em mínimos de Agosto do ano passado.
Os juros da dívida pública portuguesa acentuaram a tendência de queda depois do IGCP ter concretizado a emissão de dívida a 5 e 10 anos, que ficou marcada por uma descida dos custos de financiamento de Portugal.
No mercado secundário, os juros das obrigações do Tesouro a 10 anos cedem 10 pontos base para 2,84%, o que representa um novo mínimo desde Agosto do ano passado.
Esta queda atirou o risco da dívida portuguesa (medido pelo diferencial entre os juros de Portugal e Alemanha) para os níveis mais baixos desde os primeiros dias do ano passado. O "spread" está esta quarta-feira, 14 de Junho, nos 254 pontos base.
O risco da dívida portuguesa tem registado uma descida significativa nas últimas semanas, que foram marcadas pela saída de Portugal do Procedimento por Défices Excessivos e por revisões em alta para o crescimento da economia portuguesa este ano, depois do PIB ter excedido as expectativas no primeiro trimestre (+2,8%).
A sessão de hoje é já a quinta consecutiva de descida nos juros portugueses, que no espaço de pouco mais de dois meses acumulam uma queda de mais de 100 pontos base. Um desempenho que levou o risco da dívida portuguesa a recuar também mais de 100 pontos base neste período.
No início de Abril os juros da dívida portuguesa a 10 anos estavam acima dos 4% e o spread face à dívida alemã situava-se acima dos 360 pontos base.
Esta prestação das obrigações portuguesas decorre a poucos dias de a Fitch se pronunciar sobre o rating de Portugal, não sendo contudo expectável que, na sexta-feira, agência de notação financeira efectue qualquer alteração. A Fitch tem um "rating" de BB+, a um nível de sair de "lixo" e a perspectiva é "estável". Geralmente, antes de subidas de "rating" esse "outlook" tem de passar a positivo.
Reacção positiva a leilão
Num dia em que a dívida europeia segue estável, a descida acentuada dos juros de Portugal é explicada com o leilão realizado esta manhã.
O Tesouro foi ao mercado e colocou o montante máximo pretendido: 1.250 milhões de euros em títulos a cinco e a dez anos. Na maturidade mais curta, a taxa da operação foi de 1,198%, a mais baixa desde, pelo menos 2006, data dos últimos dados disponibilizados pelo IGCP. Já nas Obrigações do Tesouro (OT) a dez anos, o juro foi de 2,851%, o mais baixo desde Novembro de 2015. Isto dias antes da Fitch se manifestar sobre o "rating".
"Atribuo esta descida dos juros a toda uma série de factores, incluindo as compras do BCE, mas acho que uma boa parte se deve ao reconhecimento, por parte dos investidores, dos bons dados económicos divulgados recentemente sobre Portugal. Claramente emitimos abaixo do custo médio da dívida portuguesa e por se tratar de dívida de longo prazo esse facto beneficia os encargos do país", referiu Filipe Silva director da gestão de activos do Banco Carregosa, numa nota enviada às redacções.