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Risco da dívida portuguesa em mínimos de Agosto
Os investidores estão esta segunda-feira a apostar em activos de maior risco perante o cenário mais provável de vitória de Hillary Clinton nas eleições dos EUA. Os juros de Portugal lideram as quedas na Europa.
A vitória de Hillary Clinton nas eleições nos Estados Unidos voltou a ser vista como mais provável aos olhos dos investidores, o que está a provocar uma valorização dos activos de maior risco na sessão desta segunda-feira.
A dívida dos países periféricos do euro é uma das beneficiadas com esta tendência e os juros das obrigações soberanas portuguesas estão a liderar o movimento de descida.
A "yield" dos títulos a 10 anos desce 8 pontos base para 3,21%, sendo que a tendência é de queda em todas as maturidades. Nos restantes países periféricos do euro o movimento é semelhante, com a "yield" da dívida espanhola a 10 anos a recuar 3 pontos base (para 1,23%) e a italiana a descer 3 pontos base para 1,72%.
Em sentido inverso, os juros da dívida alemã estão em alta, com um agravamento de 2,5 pontos base para 0,16%. Desta forma, o risco da dívida portuguesa está em mínimos desde finais de Agosto, com o diferencial entre os juros das OT e das bunds a recuar para 305 pontos base.
Desde meados de Agosto que o risco da dívida portuguesa (prémio que os investidores exigem para comprar dívida portuguesa em detrimento da alemã) se situa acima dos 300 pontos base.
O alívio nos juros da dívida portuguesa surge depois da proposta do Orçamento do Estado ter sido aprovada na generalidade na passada sexta-feira, com os votos favoráveis do PS, Bloco de Esquerda e PCP.
David Schnautz, analista do Commerzbank, assinalou à Reuters que existiam algumas dúvidas sobre a aprovação do Orçamento. O "ok" do Parlamento, "combinado com o facto de sexta-feira ser o dia para Portugal anunciar um leilão de obrigações e tal não ter ocorrido", justifica o comportamento positivo dos títulos na sessão de hoje, afirma Schnautz.
É no entanto em Bruxelas que as atenções estarão esta segunda-feira concentradas, já que termina o prazo para a Comissão Europeia decidir se pede (ou não) que o Governo reformule o esboço orçamental. Tal como o Negócios avança, o cenário mais provável é, no entanto, continuar a analisar o documento, para ter uma avaliação final e recomendações nas duas próximas semanas.
Sobre o impacto das eleições dos EUA, Rene Albrecht, do DZ Bank, alerta que apesar do alívio de hoje, este "ainda é um evento de risco e um resultado ‘apertado’ pode provocar uma nova corrida às obrigações de baixo risco" na sessão de quarta-feira.
Spread da dívida portuguesa chegou a superar os 350 pontos base em Outubro: