Notícia
"Rating" de Portugal desceu, desceu e ainda não recuperou
O esboço do Orçamento do Estado trouxe de volta um discurso mais negativo das agências. Neste contexto, uma saída da classificação de alto risco ou “lixo”, atribuída pelas três principais agências, torna-se ainda mais difícil.
Fitch ameaça baixar "rating"
A agência classifica a dívida portuguesa em "BB+", o primeiro nível de "lixo", com uma perspectiva positiva. Mas este cenário pode mudar. Comentando o Orçamento do Estado para 2016, Douglas Renwick, responsável pela análise a Portugal, avisou esta quinta-feira numa conferência em Lisboa que "aumentos significativos da despesa" podem levar a Fitch a rever em baixa o "rating". A agência tinha já divulgado uma nota onde considerou "optimistas" os pressupostos do Orçamento.
S&P preocupada com estabilidade
O esboço do Orçamento do Estado para 2016 também suscitou reservas à Standard & Poor’s. Numa nota divulgada na quarta-feira, a agência nota um comprometimento com políticas que contribuam para uma maior consolidação orçamental, mas avisa que as metas para o crescimento são optimistas. Caso sejam necessárias medidas adicionais para cumprir as metas, "a estabilidade do Governo provavelmente seria testada". Isto é, o acordo à esquerda pode ser abalado. O "rating" da S&P está em "BB+" e a perspectiva é "estável".
DBRS segura acesso ao BCE
A DBRS é a única agência que mantém o "rating" de Portugal fora do "lixo". Com isso garante que a dívida portuguesa é elegível para o programa de compra de activos do BCE, essencial para manter as taxas a que o Tesouro se financia em níveis baixos. A opinião da agência canadiana é por isso crucial. A DBRS diz apenas que está atenta às negociações do Orçamento. Em Novembro avisou que "a notação financeira para Portugal poderá ser revista em baixa, se o compromisso político para uma política orçamental sustentável enfraquecer".
Moody’s à espera
A Moody’s ainda não se pronunciou sobre as metas orçamentais deste ano e as previsões macroeconómicas que as sustentam. A agência tinha marcado o dia 15 de Janeiro para se pronunciar sobre a classificação de Portugal, mas optou por não o fazer. A Moody’s tem desde Julho de 2014 um "rating" de "Ba1", o melhor entre as classificações de alto risco ou "lixo", com uma perspectiva estável.