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Portugal paga mais para emitir dívida de curto prazo

Após a turbulência registada na última semana, o Tesouro regressou ao mercado para colocar 1.000 milhões de euros em bilhetes do Tesouro. Uma dupla emissão de títulos a três e 11 meses, pela qual Portugal vai pagar taxas de juro mais elevadas.

Miguel Baltazar/Negócios
17 de Fevereiro de 2016 às 10:36
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Portugal regressou ao mercado de dívida de curto prazo para emitir títulos a três e 11 meses. Numa dupla operação realizada esta quarta-feira, 17 de Fevereiro, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) colocou 1.000 milhões de euros a taxas de juro mais elevadas. Nem os títulos de mais curto prazo conseguiram alcançar taxas negativas.

O IGCP vendeu esta quarta-feira 300 milhões de euros em bilhetes do Tesouro (BT) a três meses. Um conjunto de títulos que foram colocados a uma taxa de juro média ponderada de 0,008%, muito acima do anterior registo: -0,023%. Este resultado é o reflexo da menor procura dos investidores, que licitaram apenas 690 milhões de euros. Superou o montante oferecido pelo Tesouro em apenas a 2,3 vezes.

Mas o instituto liderado por Cristina Casalinho emitiu também dívida a 11 meses. Foram 700 milhões de euros a uma taxa de juro de 0,100%, muito acima dos 0,03% registados em Novembro, aquando da operação última equivalente. Também nesta maturidade a procura recuou, tendo ascendido apenas a 1.065 milhões, ou 1,52 vezes a oferta. Ainda na terça-feira, Espanha emitiu dívida a três e 12 meses, pela qual registou também taxas de juro mais elevadas.

Feitas as contas, o Tesouro português colocou um total de 1.000 milhões de euros, uma dupla emissão que marcou o fim de quatro operações consecutivas com taxas de juro negativas. Já o montante, apesar de corresponder ao máximo anunciado para a operação, é exactamente o mínimo previsto anteriormente. É que o programa de financiamento apontava que a colocação iria variar entre 1.000 milhões e 1.250 milhões de euros.

Este valor acabou por ser revisto pelo IGCP, devido à turbulência registada nos mercados na última semana. E apesar de os juros da dívida portuguesa no mercado secundário já não registarem desempenhos tão "negros", a verdade é que a tendência é ainda negativa, algo que se reflectiu nos resultados desta dupla emissão. Actualmente, a "yield" das obrigações portuguesas a 10 anos sobe 7,3 pontos base para 3,614%.

"É notório que o prémio de risco aumentou desde o início do ano, quer para a dívida pública portuguesa, quer para a dívida das empresas portuguesas", destaca Filipe Silva. Contudo, diz o director da gestão de activos do Banco Carregosa, "é preciso sublinhar que continuamos a financiar-nos a taxas de juro muito favoráveis".

Também Pedro Ricardo Santos aponta que, "sem, grande surpresa, o resultado da operação acabou por ser pior do que os leilões anteriores com o mesmo vencimento". Mas o gestor da XTB salienta igualmente "os valores extremamente baixos da taxa de juro", com o Tesouro português "a beneficiar da política monetária na Zona Euro".

(Notícia actualizada às 11:22, com mais informação)

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