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Portugal paga juro acima de 3% para emitir 1.288 milhões de euros em dívida de curto prazo

Portugal regressou ao mercado de dívida, tendo colocado 1.288 milhões de euros em bilhetes do Tesouro (BT) a sete e 11 meses. A procura por BT na maturidade mais longa superou quase quatro vezes a oferta.

A agência que gere a dívida pública, liderada por Miguel Martín, usa o crescimento económico como argumento junto dos investidores.
D.R.
Fábio Carvalho da Silva fabiosilva@negocios.pt 21 de Fevereiro de 2024 às 10:42
Portugal regressou ao mercado de dívida, tendo colocado 1.288 milhões de euros em bilhetes do Tesouro (BT) a sete e 11 meses. Os juros pagos por ambas as linhas ficaram acima de 3%. 

O montante arrecadado fica assim no intervalo indicativo entre 1.250 milhões de euros e 1.500 milhões de euros, previsto pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP – aquando da divulgação da data da operação.

Os BT com maturidade mais curta vencem em setembro deste ano, tendo o organismo liderado por Miguel Martín pago um juro de 3,646%, por 788 milhões de euros. A procura superou 1,91 vezes a oferta.

Desde, pelo menos 2019, que o IGCP não emite BT a sete meses, sendo por isso o leilão mais equiparável o realizado em janeiro deste ano, quando a República colocou 565 milhões de euros em BT, que vencem  a 19 de julho de 2024, tendo pago um juro de 3,660% . Na altura o "bid to cover" foi de 2,24 vezes.

Ainda assim, face ao leilão de bilhetes do Tesouro de janeiro, "assistimos a uma ligeira subida do prémio de risco com a taxa dos sete meses a ser superior à que se tinha pago na altura tanto no leilão a 2 meses como 6 meses", constata Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, que recorda que "os prémios de risco na dívida soberana subiram nas últimas semanas, numa altura em que muito se fala em corte de taxas de juro".


Já as BT com maturidade mais longa vencem só em janeiro de 2025. Neste caso, o montante alocado foi de 500 milhões de euros. O juro fixou-se em 3,436%, tendo o "bid-to-cover ratio" sido de 3,88 vezes.

Apesar de parecer um valor avultado, este rácio entre procura e oferta não fica assim tão distante do último leilão comparável (a 11 meses) realizado em fevereiro do ano passado. Na altura, a procura superou em 5,85 vezes a oferta, tendo a República pago um juro de 2,975% por uma colocação de 300 milhões de euros em BT.

 

Esta foi a segunda vez que a República emitiu dívida a curto prazo este ano, depois de em meados de janeiro ter colocado 1.900 milhões de euros a dois, seis e 12 meses em Bilhetes do Tesouro.

Para o futuro, Filipe Silva acredita que "a curva portuguesa irá continuar a acompanhar o movimento das restantes dívidas soberanas europeias, sendo que o que se espera a médio prazo é que o custo de financiamento nacional venha a baixar, quando o banco central iniciar o movimento de descida de taxas".

Para já, "a curva de taxas de juro continua invertida, o que faz com que as taxas no curto prazo estejam mais elevadas que as de longo prazo, o que acaba por se refletir no leilão de hoje", acrescenta o diretor de investimentos do Banco Carregosa.


O IGCP espera este ano que o financiamento líquido resultante da emissão de BT produza um impacto positivo de 6,1 mil milhões de euros.

Para tal, "será mantida a estratégia de emissão ao longo de toda a curva de curto prazo, combinando prazos mais curtos com prazos mais longos", assegura o IGCP no plano de financiamento.

O calendário trimestral, disponível no site do IGCP, aponta para que a próxima colocação de BT seja a 20 de março, mas ainda não foi confirmado pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública numa nota individual.


(Notícia atualizada às 11:18 horas).
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