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Portugal paga 0,639% para emitir dívida a 10 anos
Os custos de financiamento de Portugal voltaram a descer para mínimos históricos. No espaço de apenas três meses, a taxa de juro da emissão a 10 anos baixou para menos de metade e já está bem abaixo de 1%.
O IGCP concretizou esta quarta-feira, 12 de junho, um duplo leilão de dívida de longo prazo, marcado por novos mínimos históricos nos custos de financiamento, com a taxa de juro da emissão a 10 anos pela primeira vez abaixo de 1%.
Foram colocados 625 milhões em obrigações com maturidade em 15 de junho de 2029, com a "yield" a situar-se nos 0,639%. Em títulos com maturidade em 18 de abril de 2034 (15 anos), o IGCP colocou 625 milhões, com uma taxa de juro de 1,052%, o que também representa o nível mais baixo de sempre.
No total o Tesouro português encaixou 1.250 milhões de euros com este duplo leilão, que tinha como montante indicativo um intervalo entre 1.000 e 1.250 milhões de euros.
No duplo leilão realizado em maio, o IGCP encaixou 800 milhões de euros na emissão de títulos a 10 anos, tendo suportado uma taxa de juro de 1,059%, o que compara com os 1,143% da emissão de abril. Foi a primeira vez que Portugal pagou menos de 1% para emitir dívida a 10 anos
Na emissão de títulos a 15 anos a taxa ficou em 1,563%, abaixo dos 2,045% da emissão comparável realizada em maio.
Apesar das taxas de juro terem ficado bem abaixo do duplo leilão semelhante realizado em maio, a procura baixou ligeiramente. Superou a oferta em 1,8 vezes na emissão a 10 anos (1,88 vezes em maio) e 1,63 vezes no leilão de títulos a 15 anos (1,9 vezes em maio).
Taxa cai para metade em três meses
Tendo em conta a evolução no mercado secundário (onde os investidores trocam títulos entre si), era já expectável este novo mínimo nos custos de financiamento de Portugal. A taxa das obrigações do Tesouro a 10 anos tem atingido mínimos históricos consecutivos ao longo das últimas sessões e recentemente situou-se abaixo de 0,7%, devido ao forte apetido dos investidores por dívida soberana. A dívida portuguesa em particular tem beneficiado com a expetativa de que o BCE vai manter (ou mesmo reforçar) os estímulos à economia europeia.
A Alemanha também foi hoje ao mercado emitir obrigações a 10 anos e colocou os títulos com a taxa de juro mais baixa de sempre (-0,24%). Espanha e Itália também estão esta quarta-feira no mercado com emissões de dívida sindicada.
"A postura dos bancos centrais tem sido mais defensiva, com receios de um abrandamento económico ou possível recessão. Estes fatores têm levado as taxas das dívidas soberanas para valores mais baixos. Portugal não foge à regra e vê neste momento as suas taxas em mínimos históricos", diz Filipe Silva, do Banco Carregosa, concluíndo que "é mais um leilão positivo e com taxas muito abaixo do custo médio da dívida nacional".
A descida dos custos de financiamento de Portugal tem acelerado fortemente nos últimos meses. No início do ano Portugal pagou perto de 2% numa emissão sindicada a 10 anos e em março passado colocou títulos com esta maturidade a uma "yield" de 1,298%.
Três meses depois o IGCP consegue emitir dívida a 10 anos com uma taxa bem inferior a 1% e que representa menos de metade do custo suportado em março. O juro que foi pago na emissão de hoje representa um terço do assumido na emissão sindicada de janeiro (1,95%). Uma evolução que deverá trazer o custo médio da dívida portuguesa para novos mínimos.
Entre janeiro a abril, o custo da dívida emitida por Portugal baixou para 1,6%, um novo mínimo histórico, segundo o relatório de maio da agência que gere a dívida pública.
Desde o início do ano o IGCP já emitiu 9,750 mil milhões de euros em obrigações, o que representa 63% do total que pretende captar este ano (15,4 mil milhões de euros).