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Portugal financia-se em 1.250 milhões. Paga juro de 2,75% pela dívida a dez anos

O Tesouro foi esta quarta-feira ao mercado para uma emissão de obrigações a quatro e dez anos. Foi a primeira operação desde que Miguel Martín assumiu a presidência do IGCP.

A antecessora Cristina Casalinho já tinha admitido que Portugal terá de encontrar      novos credores. A tarefa será levada a cabo por Miguel Martín.
D.R.
14 de Setembro de 2022 às 10:44
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Portugal voltou a pagar mais para se financiar no mercado de dívida pública. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP emitiu esta quarta-feira um total de 1.250 milhões de euros em obrigações do Tesouro (OT) a quatro e dez anos, em linha com a meta que tinha estabelecido, mas foi preciso um juro mais elevado para o garantir.

No caso da maturidade "benchmark", ou seja a dez anos (até16 de julho de 2032), o IGCP colocou 780 milhões de euros em obrigações a uma taxa de juro de 2,754%. A "yield" fica acima dos 2,33% pagos em junho num leilão de OT com maturidade comparável e ainda mais quando comparado com a abertura desta linha em abril.

Na altura, Portugal recorreu a uma venda sindicada (tradicionalmente mais cara que um leilão) e conseguiu um juro de 1,694%. O agravamento acompanha o mercado secundário, onde a dívida portuguesa negoceia nos 2,755%.

Já nas obrigações que atingem o prazo a 21 de julho de 2026, a emissão desta quarta-feira foi de 470 milhões de euros, tendo para isso pago um juro de 1,777%.

Entre as emissões mais recentes está uma realizada pelo país em março de títulos com maturidade em 2027, na qual o juro se fixou em 0,217%. Em mercado secundário, estes títulos a quatro anos negoceiam com uma "yield" de 1,79%.

Miguel Martín chegou à presidência do IGCP há duas semanas e estreou-se nas operações de mercado num momento de agravamento das “yields" pelo que os analistas já esperavam que os grandes investidores pedissem ao país para pagar mais por este financiamento.

A escalada da inflação (agravada pela guerra) levou o Banco Central Europeu (BCE) a travar na compra de ativos e a subir juros duas vezes consecutivas, o que tem resultado num agravamento das "yields" das dívidas soberanas. Ainda assim, o efeito poderá ter sido atenuado pelas recentes subidas ao “rating” da dívida portuguesa por duas agências de notação.

Sinal disso é a procura por dívida nacional, que apesar de ter diminuído manteve a robustez. Nas obrigações a dez anos ficou 1,72 vezes acima da oferta (contra 2,68 vezes no último leilão comparável) e a quatro anos fixou-se em 2,02 vezes (face a 2,04 vezes em março).

(Notícia atualizada)
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