Notícia
Portugal emite 1.250 milhões com juros mais negativos
O Tesouro português conseguiu colocar títulos a três meses com uma taxa ainda mais negativa.
Portugal emitiu esta manhã 1.250 milhões de euros em títulos de dívida de curto prazo com taxas de juro cada vez mais negativas. O Tesouro conseguiu colocar o máximo pretendido, a beneficiar de uma forte procura por parte dos investidores.
O IGCP emitiu 300 milhões de euros em títulos que vencem em Julho de 2020, com uma taxa de -0,43%. Trata-se de um novo mínimo histórico. A última vez que Portugal colocou dívida a três meses foi em Fevereiro, tendo vendido os títulos com uma "yield" de -0,417%. A procura atingiu 930 milhões de euros, o que representa um rácio de 3,1 vezes a procura.
Na maturidade a 11 meses, o Tesouro colocou 950 milhões de euros em títulos que vencem em Março de 2022, com uma taxa de -0,389%, um valor ligeiramente acima do mínimo de -0,394% registado na operação de 21 de Abril. O rácio de oferta face à procura ficou em 1,79 vezes.
Para Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa, "as emissões correram bem e desde as últimas operações não houve mudanças nas condições. Até as taxas se mantiveram muito próximas das dos leilões anteriores". O especialista acrescenta ainda que "Portugal continua a emitir dívida com taxas muito próximas das mais baixas de sempre, com a procura a manter-se elevada e sem qualquer dificuldade em recolher do mercado os montantes pretendidos".
O IGCP conseguiu, assim, colocar o máximo pretendido, 1.250 milhões de euros, numa semana em que os olhares dos investidores estão voltados para a decisão da Moody’s sobre o "rating" de Portugal, sendo que esta é actualmente a única agência de "rating" que avalia Portugal num nível especulativo. A entidade colocou o "outlook" de Portugal em positivo no passado mês de Setembro, o que significa que a agência tem até 12 a 18 meses após a melhoria de perspectiva para decidir se sobe ou não a sua avaliação para as obrigações nacionais.
Ainda que a agência tenha mais alguns meses para tomar uma decisão sobre a sua nota para a dívida do país, o mercado tem estado a antecipar uma melhoria do "rating" já esta sexta-feira, o que se está a reflectir nos juros. A taxa de referência a dez anos continua a renovar mínimos de 2015, a negociar nos 1,62%. Um bom momento que tem sido aproveitado pelo Tesouro para se financiar no mercado.
Na última semana, Portugal realizou a segunda operação sindicada do ano. Conseguiu colocar 3.000 milhões de euros em dívida a 15 anos, com uma taxa de 2,325%. As ordens a superarem os 16 mil milhões de euros, um valor que levou o instituto que gere a dívida portuguesa a aumentar o valor a emitir em 500 milhões de euros.