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Portugal financia-se em mil milhões com juro mais baixo
O Tesouro colocou o montante máximo pretendido na emissão que se seguiu à decisão da DBRS. Juros foram os mais baixos do ano em leilões de títulos a cinco anos realizados em 2016.
O Estado deu mais um passo no financiamento pretendido para este ano, ao emitir mil milhões de euros em obrigações do Tesouro com maturidade em 2021. A taxa da operação foi a mais baixa para leilões de títulos a cinco anos realizados este ano e o montante colocado foi o máximo pretendido. O IGCP tinha sinalizado um valor de entre 750 milhões e 1.000 milhões de euros.
Para se financiar esta quarta-feira, Portugal ofereceu um juro de 1,751%, abaixo dos 1,87% verificados na última operação comparável, realizada em Agosto. Aliás, a taxa foi a mais baixa de todos os leilões realizados este ano numa maturidade semelhante. Os analistas não antecipavam dificuldades para esta emissão.
O Société Générale, por exemplo, referia antes da operação que esperava "uma boa procura agora que a DBRS manteve o ‘status quo’ na decisão sobre o "rating" de Portugal". Na passada sexta-feira, a DBRS manteve o "rating" e a perspectiva para Portugal, o que permite às obrigações nacionais continuarem a ser incluídas nos programas do BCE.
Dados da operação são positivos, segundo os analistas
Numa nota enviada às redacções, Filipe Silva, director de gestão de activos do Banco Carregosa, referiu que "Portugal beneficiou da descida de taxas das últimas semanas. Basta lembrar que a 7 de Outubro esta dívida, no mercado, tinha os juros a 2,07%. Ou seja, os juros baixaram quer desde a última emissão comparável, quer desde o pico que tivemos entretanto". E acrescenta que "é mais um passo para baixar o custo médio do financiamento do país". Também Tiago da Costa Cardoso, gestor da XTB, defende que a taxa "pode ser considerada como muito positiva".
Já Marisa Cabrita, gestora de activos da Orey Financial, observa, numa nota, que "depois de ultrapassado o factor de risco DBRS, Portugal assegurou a elegibilidade para o programa de compras do BCE, levando assim à redução do prémio de risco".
No leilão desta quarta-feira a procura excedeu em 1,93 vezes a oferta, segundo dados da Bloomberg, uma diminuição ligeira face ao leilão a cinco anos realizado em Agosto. Marisa Cabrita refere que isso pode "reflectir um menor interesse por parte dosyield hunters [investidores que procuram taxas mais generosas] no actual nível de yield".
Antes deste leilão, nas linhas de actuação para o quarto trimestre, o IGCP tinha sinalizado a realização de um a dois leilões de OT até final do ano. No entanto, David Schnautz, estratego do Commerzbank, referia, antes desta operação, que "o IGCP sinalizou cerca de dois mil milhões de euros na última apresentação a investidores. Assim, esperamos que Portugal regresse novamente ao mercado antes do final do ano. E a primeira data potencial, a 9 de Novembro, é a mais provável".
(Notícia actualizada às 11:12 com mais informação e comentários de analistas)