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Portugal coloca dívida a 10 anos com juros negativos pela primeira vez

Naquela que foi a primeira emissão de dívida de 2021, o IGCP colocou 500 milhões de euros em obrigações a dez anos com uma taxa de juro de -0,012%, a mais baixa de sempre. Também emitiu 750 milhões a 15 anos com um juro de 0,319%.

Miguel Baltazar/Negócios
13 de Janeiro de 2021 às 10:41
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O Tesouro português alcançou uma marca histórica esta quarta-feira, 13 de janeiro, tendo colocado dívida a dez anos com juros negativos pela primeira vez.

Naquela que foi a primeira emissão de dívida de 2021, o IGCP colocou 500 milhões de euros em obrigações a dez anos com uma taxa de juro de -0,012%, a mais baixa de sempre e que compara com o juro de 0,329% conseguido na última emissão comparável, em setembro do ano passado.

No duplo leilão de hoje, o instituto que gere a dívida pública colocou também 750 milhões de euros em dívida a 15 anos, tendo conseguido uma taxa de 0,319% para se financiar neste prazo.

No total, o Tesouro financiou-se em 1.250 milhões de euros, o limite superior do intervalo definido para esta emissão, com a procura a superar largamente a oferta.

Na emissão de obrigações com maturidade em outubro de 2030 a procura alcançou 1,511 mil milhões de euros, 3,02 vezes a oferta, um rácio que compara com 2,19 vezes na anterior emissão comparável. Já na emissão de obrigações a 15 anos, com maturidade em outubro de 2035, a procura excedeu em 2,55 vezes a oferta.

Portugal juntou-se assim esta quarta-feira ao grupo exclusivo de soberanos que conseguem financiar-se a dez anos com juros negativos, o que significa, na prática, que os investidores estão dispostos a pagar para emprestar dinheiro a estes países no prazo de 10 anos.

Antes desta emissão, o IGCP conseguiu o juro mais baixo na emissão de títulos no prazo de referência em setembro de 2019, colocando obrigações com uma yield de 0,264%.

Depois disso a taxa de juro no mercado secundário atingiu valores negativos no prazo de referência a 10 anos, um marco histórico para a dívida portuguesa, que tem beneficiado fortemente com o apetite dos investidores por dívida soberana devido à política monetária ultraexpansionista do Banco Central Europeu, que deverá permanecer em 2021.

"Na Europa o pacote aprovado de cerca de 1,8 triliões de euros explica bem este movimento, os países, empresas e famílias, necessitam de suporte o que significa que para já iremos continuar a ter taxas baixas, pois um movimento inverso poderia deitar por terra a recuperação desejada. Para Portugal também é bastante importante conseguir emitir dívida de longo prazo com taxas baixas e o panorama atual, tem-no permitido, mas tal não seria possível sem o devido suporte do BCE", comenta Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa. 

O IGCP divulgou este mês o plano de financiamento para 2021, onde prevê emitir 15 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro.

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