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Portugal adia reembolso de 1.361 milhões de euros em dívida para 2028 e 2037

A agência que gere a dívida pública portuguesa realizou esta quarta-feira uma operação de troca de obrigações. Recomprou títulos que venciam dentro de dois e três anos e emitiu novos com maior prazo.

O instituto liderado por Cristina Casalinho vai enfrentar custos de financiamento mais elevados.
Bruno Simão
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Portugal empurrou o reembolso de 1.361 milhões de euros em dívida para daqui a sete e 16 anos. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP foi ao mercado esta quarta-feira para uma operação de troca de obrigações do Tesouro (OT), com a qual pretende continuar a estratégia de redução de custos com a gestão da dívida.

"Em ambas as emissões assistimos a uma descida das taxas", refere Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, num comentário após os resultados serem conhecidos. "Na perspetiva do investidor, este consegue trocar o investimento em dívida soberana portuguesa com yields negativas para uma rentabilidade positiva. Também prova que os investidores continuam a acreditar na recuperação da economia portuguesa, uma vez que estão a estender a maturidade dos seus investimentos".

Nesta operação de troca, o IGCP recomprou 1.080 mil milhões em OT que venciam a 25 de outubro de 2023 (e tinham sido emitidas com uma taxa de 4,95%), ao preço de 112,339, correspondendo a uma yield de -0,69%.

Além destes, foi buscar também outros 281 milhões que atingiam a maturidade a 15 de fevereiro de 2024 (com uma taxa de 5,65%). Neste caso, o preço foi de 115,832%, correspondendo a uma yield de -0,67%.

Em contrapartida, a agência liderada por Cristina Casalinho colocou o mesmo montante em títulos mais longo. Emitiu 1.025 mil milhões de euros em OT com prazo a 17 de outubro de 2028 (com uma yield de -0,23%) e mais 336 milhões que só chegam ao prazo em 15 de abril de 2037 (a uma yield de 0,47%).


"Através desta operação foi possível retirar pressão nas amortizações de mais curto prazo, passando essa responsabilidade para o longo prazo. O custo a que estas operações foram realizadas, está abaixo da média histórica de Portugal, o que permite, baixar a média dos juros pagos por todo o endividamento nacional", sublinha Silva.

As operações de troca de dívida têm feito parte da estratégia do IGCP para aproveitar o ambiente de baixas taxas de juro. Após ter adiado o pagamento de perto de mil milhões de euros em obrigações que venciam em 2024, no passado mês de abril, e de ter ido ao mercado, em julho, recomprar 1,12 mil milhões de dólares das obrigações emitidas em dólares, que venciam em outubro de 2024 e tinham uma taxa superior a 5%, o IGCP limpa agora as emissões com juros mais elevados, realizados em períodos durante os quais a República apresentava um prémio de risco bastante superior.

Portugal tem vindo a reduzir de forma expressiva o custo médio da dívida ao longo dos últimos anos, beneficiando, por um lado, do ambiente de taxas de juro reduzidas no mercado secundário, e, por outro, destas operações de recompra de títulos que permitem ao IGCP trocar linhas com custos mais caros por outras com taxas mais baixas e maturidades mais longas.

De acordo com o IGCP, o custo médio da dívida portuguesa baixou, em 2020, para 2,2%, um novo mínimo histórico. O programa de compras de dívida do Banco Central Europeu tem determinado a descida dos juros da República Portuguesa para mínimos. A taxa a 10 anos chegou a negociar em níveis negativos no final do ano passado e início de 2021, estando esta quarta-feira a transacionar em 0,137%.

Ainda que não seja expectável que as "yields" voltem a visitar valores negativos, o apoio da autoridade monetária liderada por Christine Lagarde deverá permitir que os juros da República continuem em níveis reduzidos, permitindo ao instituto continuar a trocar títulos com juros altos.

(Notícia atualizada às 12h20)

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