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Moody’s: Impacto da seca e dos incêndios pode pesar no rating de Portugal

Os incêndios e a grave seca vão intensificar a inflação e aumentar a despesa pública nos países do Sul da Europa, diz a agência.

Portugal emitiu certificados ao retalho que tinham indexado parte dos juros ao crescimento do PIB.
Pedro Nunes/Reuters
26 de Julho de 2022 às 16:55
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O aumento das temperaturas que se observa em toda a Europa deverá desencadear riscos sociais através dos seus efeitos sobre a saúde humana, adverte a Moody’s. A agência de rating sublinha o caso sensível da Península Ibérica, referindo que Portugal e Espanha já registaram mais de mil mortes relacionadas com o calor até 19 de julho, ao mesmo tempo que os incêndios em todo o Sul da Europa são uma das principais causas da poluição do ar, com graves efeitos sobre a saúde.

 

A agência diz que reflete estas vulnerabilidades como "moderadamente negativas" na pontuação dada aos perfis (IPS) ambientais dos emitentes – parâmetros esses que contribuem para a sua atribuição dos ratings – e entre "moderadamente negativas" a "altamente negativas" aos IPS sociais atribuídos a Portugal, Espanha e Grécia.

 

"As soluções mostram um amplo conjunto de elevados riscos climáticos no Sul da Europa, mas o calor, a escassez de água e os incêndios são fatores chave", aponta a Moody’s no relatório hoje divulgado.

 

Embora os custos possam ser geríveis no curto prazo, o esperado aumento no número, intensidade e duração de incêndios florestais e da seca nos próximos anos deverão ter efeitos negativos sobre a qualidade da dívida no longo prazo, adverte a Moody’s.

 

"Num estudo publicado em julho de 2022, a Comissão Europeia disse que uma intensificação dos eventos extremos, num cenário padrão de aumento das temperaturas em 1,5ºC, implicará custos orçamentais anuais acrescidos de 4,5% do PIB em Espanha, 2,1% em Portugal, 1,7% em Itália e 1,2% em França", salienta a agência de notação financeira.

 

Recorde-se que, no passado dia 20 de maio, a Moody’s optou por não se pronunciar sobre a dívida soberana de Portugal, que se manteve assim no penúltimo grau da categoria de investimento de qualidade (ou seja, dois níveis acima de "lixo"). Já o "outlook" (perspetiva para a evolução da qualidade da dívida) permaneceu estável.

 

Em setembro do ano passado, a agência elevou a classificação da República para o atual patamar, que ficou assim igual à que é atribuída pela Fitch e pela Standard & Poor’s.

 

A Moody’s tem sido mais resistente do que as suas congéneres na melhoria da nota portuguesa. Foi a primeira agência a colocar Portugal no "lixo" – categoria de investimento especulativo – e a última a retirá-lo desse nível.

(notícia em atualização)

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