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Juros de Portugal disparam para máximos de Fevereiro

A "yield" das obrigações a 10 anos está perto dos 3,5% e o prémio de risco face à dívida alemã também atingiu um máximo desde Fevereiro. Os investidores estão a fugir da dívida soberana dos periféricos.

Miguel Baltazar
16 de Junho de 2016 às 10:49
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Os juros da dívida portuguesa estão de novo em forte alta esta quinta-feira, 16 de Junho, com os investidores a refugiarem-se nos activos de menor risco e a saírem dos títulos mais arriscados, como a dívida dos países periféricos.

 

Reflexo deste movimento, que se deve sobretudo aos receios com o resultado do referendo no Reino Unido, a dívida portuguesa está em queda acentuada nos mercados, atirando os juros para máximos de quatro meses.

 

A "yield" das obrigações do Tesouro a 10 anos avança 9 pontos base para 3,44%, tendo já tocado nos 3,46%, o que representa o nível mais elevado desde 25 de Fevereiro. Nas restantes maturidades os juros também estão em alta, com uma subida de 8 pontos base nas obrigações a cinco anos (2,56%) e de 5 pontos base a dois anos (0,845%).

 

Com os investidores a refugiarem-se na dívida alemã, o prémio de risco da dívida portuguesa está também a agravar-se, tendo já atingido um máximo de 12 de Fevereiro nos 348 pontos base. As bunds a 10 anos estão hoje de novo em terreno negativo, com a "yield" a ceder 1 ponto base para -0,02%. Já tocou num mínimo nos -0,035%, com os investidores a aceitarem perder dinheiro para comprar dívida alemã.

 

Numa altura em que as sondagens continuam a apontar para uma vitória do "leave" no referendo de 23 de Junho, os investidores estão cada vez mais nervosos com a possibilidade de o Reino Unido sair da União Europeia.

 

Daí a fuga dos activos de maior risco, como é o caso da dívida dos países periféricos do euro, e refúgio nos menos arriscados, como a dívida alemã. Os investidores estão também a sair dos mercados accionistas e a apostarem noutros activos de refúgio, como o ouro.

 

A "yield" das obrigações espanholas a 10 anos avança 4 pontos base para 1,6%, um máximo desde 19 de Maio. Em Itália avançam 5 pontos base para 1,55%.

 

Além de ser penalizado por esta fase de turbulência nos mercados, a dívida portuguesa está também menos atractiva para os investidores aos olhos dos analistas internacionais.

 

Ainda hoje o banco alemão Commerzbank enviou aos clientes uma nota pouco abonatório para Portugal, afirmando que o país está à beira de uma nova crise.  

  

"Portugal ainda é um dos países da Zona Euro à beira de uma crise. A economia está a enfraquecer desde o último Verão, o que aumenta os riscos para as metas orçamentais e adia uma descida significativa do elevado nível de dívida pública do país num futuro próximo".

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